Useless Discussion

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11 de Maio de 1997


Draco mal conseguiu dormir, pensando sobre todas as maldições que poderiam achar em sua varinha ao decorrer da inspeção. Seu corpo parecia dez vezes mais pesado, ou talvez fosse apenas a sua consciência. De qualquer modo a sensação era horrenda. 

Parecia que havia piscado por um longo período em sua tentativa de manter-se acordado, quando a ordem de irem para o Salão Comunal ressoou pelo dormitório com a voz de Severus Snape. Draco se levantou devagar, e ainda assim, a vertigem veio. Provavelmente pelas horas sem comer ou beber. Pressionando os dedos sobre a sua têmpora, ele caminhou com um Blás sonolento ao seu lado, seguido por Theodore Nott em seus calcanhares, para o Salão Comunal de sua casa, onde alguns alunos já aguardavam e outros, como eles, surgiam aos poucos. Foi quando Draco o viu, próximo a saída,  como se a bloqueasse, encarando-o com os seus olhos azuis por trás de seus óculos meia lua. 

Alvo Dumbledore. 

"Ele sabe".

Foi a primeira coisa que veio à cabeça de Draco.

— Como sabem, houve uma inspeção minuciosa em cada varinha — Dumbledore começou, arrancando Draco de seu devaneio — Foram horas analisando-as cuidadosamente e assim chegamos a conclusão de que não há provas de crime em nenhuma delas — Ao dizer as duas últimas palavras, Dumbledore olhou diretamente para Draco. 

"Ele sabe!"

. . . 


Os trovões que ecoavam pelos corredores eram como repreensão aos seus ouvidos, a luz dos raios sempre o pegava desprevenido, parando-o em sua caminhada por alguns segundos até que ele conseguisse assimilar que aquilo era só uma tempestade, não um ataque. O ar parecia pesado, e ele mal podia respirar, a culpa era de seus passos rápidos somados à ansiedade que devorava cada molécula de seu corpo.

Somente quando chegou ao sétimo andar, mais precisamente defronte a parede onde se materializava a Sala Precisa ‐ é que ele conseguiu encher seus pulmões. A obrigação de concluir sua missão se transformou em necessidade em razão da sua paranóia - ou não. Fechou os olhos e buscou em sua cabeça por imagens da Sala à qual por várias vezes se refugiou, visualizou cada pedaço do lugar unindo sua memória a sua vontade esmagadora de se livrar do peso que carregava há meses! 

— Malfoy?

A voz dela veio como um Crucio, acompanhada pelo eco de um trovão. Draco abriu os olhos, olhou para a sua esquerda e deparou-se com Hermione aproximando-se dele com uma velocidade ofensiva. 

— Como você… ? — Draco queria saber como ela o achou, mas a voz lhe escapou quando ela parou em sua frente e cruzou os braços. 

— Não importa — Hermione replicou. 

Ter a hostilidade de antes era doloroso, porém, previsível. 

— Então… ? — Draco desviou os olhos para a parede às costas dela, à espera, escondendo-se do par de olhos âmbar. 

— Foi você? — Sua voz soou como exigência. 

— Do que está me culpando agora? — Draco e seus subterfúgios. 

Hermione olhou para os lados, como se para se assegurar de que não eram observados. Então, exatamente onde Draco prendeu o olhar começou a surgir uma porta familiar. Era o lugar que imaginou para que pudesse acolher-los, onde segredos permaneceram e uma amizade cresceu. Malfoy se viu sendo puxado pelo braço e empurrado cômodo adentro.

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