Escolhas Irreversíveis - Dramione

The Black Mark

27 de Agosto de 1996.

Draco estava em sua cama encarando o teto com os olhos inchados e vermelhos. Não dormia a duas semena! E nem conseguiria; cada vez que tentava o rosto do menino que ele assassinou aparecia em sua mente, exatamente como na madrugada do crime, com seus olhos pequenos e azulados arregalados de medo e confusão. Não podia fechar os olhos e vê-lo morrer de novo, de novo e de novo! O desespero em seu coração de repente deu lugar a raiva. Raiva de si mesmo por ter sido submisso a Voldemort e àqueles malditos Comensais!

Ele estava fadado a desgraça que seu sobrenome carregava. Uma família inteira adepta a arte das trevas, porque ele seria diferente em meio a uma tradição de séculos? Ele não era. Queria ser, mas não era. Cresceu assim, e não podia dizer que esse lado não o atraía. Ele era ambicioso, ter o poder de controlar qualquer coisa e qualquer um era tentador. Mas ele não era sádico. Nunca pensou que pudesse tirar a vida de outra pessoa, mesmo que essa não compartilhasse de seu sangue-puro. Bem lá no fundo, Draco era bom. Ele só não sabia disso. Ainda.

Horas mais tarde saiu de sua cama, obrigado por Narcisa. Além do assassinato ele tinha outra tarefa a cumprir que não podia mais ser adiada. Voldemort o incumbiu de reservar um armário sumidouro na Borgin & Burkes, que de acordo com ele havia outro como aquele na Sala Precisa, porém esse estava quebrado. Draco precisava arrumar o armário de Hogwarts e isso era tudo o que ele sabia. Sentiu que estava sendo observado durante todo o tempo em que permaneceu na loja.

Quando retornou a Malfoy Manor imediatamente foi convocado a ir para o salão, onde Voldemort passava a maior parte de seu tempo. Draco cruzou os braços nas costas, ergueu seu queixo minimamente e encheu os pulmões de ar. Seus olhos estavam na enorme cobra que se enrolava ao redor das pernas da cadeira em que Voldemort estava. Nagini lhe causava calafrios, mesmo sendo fascinado por cobras. Haviam seis Comensais no cômodo, quatro deles Draco conhecia: Rodolphus, Bellatrix, Snape e Dolohov. A mesa desaparecera, deixando a impressão de que o salão era dez vezes maior do que realmente era. No chão haviam algumas palavras rabiscadas em runas, que Draco até tentou decifrar mas estava nervoso de mais com o cenário e os olhares que eram lançados a ele. Embora fosse dia o salão estava encoberto pela escuridão.

- Vamos começar o ritual. - Voldemort anunciou. - Dolohov!

A menção de seu nome o homem aquiesceu e ergueu sua varinha para o teto murmurando alguma coisa que Draco não podia ouvir. Uma névoa escura começou a surgir, pairando acima da cabeça de Draco, que no mesmo intante teve seus braços enganchados por Rodolphus e mais um que ele não conhecia. Os dois o arrastaram até o centro do circulo de runas, se afastando rapidamente em seguida. Draco no mesmo momentou ficou tenso, seu coração disparou e as palmas de suas mãos começaram a suar. Todos - exceto Voldemort - ergueram suas varinhas para a névoa murmurando em uníssono:

- Umbra eius est, pertinent. Quod non spectentur. Ubique comitabitur cum eo. Ad fidem faciendam. Non cogitat occidere. Unquestioningly parere. Notatis voluntatis. Semper meminisse, qui tabernaculo deserviunt!

Depois abaixaram suas varinhas guiando a névoa para Draco, direto para seu tórax. A névoa atravessou Draco com violência, suas vestes e seu cabelo sendo lançados para trás com o vento do impacto. Não conseguia mais enxergar. Tentou se mover em desespero pela cegueira e não conseguiu. Tentou berrar e implorar para que tirassem aquilo de dentro dele e também não conseguiu. Nem mesmo sua respiração que devia estar descontrolada ele conseguia ouvir. Ele estava cego, paralisado, mudo e surdo. Sentia-se como se tivesse sido enterrado dentro de seu próprio corpo. Nunca havia experimentado tamanha angústia, era desesperador. Sem aviso algo lhe rasgou o braço, uma dor lancinante percorreu todo o seu corpo.