Real Nightmare

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Sem pressa para não levantar suspeitas, Draco pegou seu casaco escuro e deixou o dormitório. Precisava ver com os seus próprios olhos se os boatos eram verdadeiros. Não sabia quem era mais estúpido, ele ou o professor Slughorn. Agora que - com certeza - sabiam que alguém estava tentando assassinar Dumbledore, sua ideia de envenenar a bebida preferida do velho parecia cada vez mais ridícula.

Quando alcançou o corredor do Terceiro Andar, onde localizava-se a Ala Hospitalar, ele ouviu vozes conhecidas e detestáveis. Seguia caminhando quando Lilá Brown sai do lugar correndo e soluçando, passando por ele com um esbarrão sem realmente vê-lo. Draco parou por um segundo e a olhou por sobre ombro, unindo as sobrancelhas de confusão. Então retomou sua caminhada, dando poucos passo até a parede, onde recostou-se próximo a porta para que pudesse espionar sem ser visto. 

Primeiro ele viu Dumbledore, de costas, conversando com Madame Pomfrey e Snape, depois viu Ginny Weasley, Potter e Hermione velando a cama de um Ronald Weasley desacordado. 

A princípio passou despercebido, só quando voltou seus olhos para Hermione, para apreciar o que perdeu - uma vez que era o mais próximo que havia chegado desde o fatídico dia - é que ele viu as mãos dela embalando as de Weasel. 

Seu estômago embrulhou e ele se arrependeu amargamente de ter ido até lá. 

Poderia parecer algo inocente para quem não os conhecesse, eram amigos de infância, afinal. Mas ele os conhecia, sabia da história de Granger com o seu romance não correspondido e assim que viu a ceninha vexatória ele se lembrou das conversas na Torre de Astronomia. 

Draco deu um murro na parede, extravasando nas pedras o que queria fazer na cara do Weasel. Flexionando os dedos que doeram como o inferno, ele chacoalhou a mão e saiu andando, sem se preocupar se o viram ou não. 

. . . 

Não importava o que acontecesse, ele sempre regressava para lá, para a Torre de Astronomia. Havia algo naquele lugar que lhe deixava a sensação de ser extremamente acolhido. Abraçado e compreendido, de algum modo. Draco se apoiou a grade, abaixou a cabeça e comprimiu os lábios, segurando o choro. 

"Eu quero ir pra casa", ele pensou. 

A dor dilacerava sua caixa torácica e devorava o seu coração. Era demasiada. Era pior do que ele imaginou que seria quando decidiu que ia deixá-la. A dor de ser marcado, não era nada, a dor de ser corrompido pelas maldições imperdoáveis não era nada, não conseguia pensar em nada que chegasse próximo a dor que o corroía. Ele só queria que a dor parasse.

11 de Maio de 1997


Já era madrugada quando Draco resolveu voltar para o dormitório, e chegando lá se deparou com o Salão Comunal aglomerado por seus colegas de casa. Parou com a mão na maçaneta e cada par de olhos se virou para olhá-lo.

— Malfoy! — A voz de Severus Snape lhe deu as boas vindas mais ácida de sua vida, e engolindo a seco Draco avançou a medida em que o padrinho prosseguia: — andando por aí e arriscando perder pontos para a Sonserina, espero que tenha uma ótima razão para não estar em sua cama. 

— Acho que é a mesma que a de qualquer um aqui — Draco debochou, parando ao lado de seus amigos, que ocupavam a primeira linha de bruxos. 

— Sua insolência é inaceitável, Malfoy — Snape ergueu a cabeça se superiorizando — Menos 50 menos para a Sonserina. 

Protestos e resmungos inundaram o Salão, e Draco revirou os olhos, sem paciência. 

— O que tá rolando? — Ele indagou a Nott quando Snape se virou para mandar um grupo de alunos do sétimo ano calarem a boca. 

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora