Teenagers

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28 de Março de 1997

Draco observava o cigarro aceso em meio aos seus dedos, adiando o inevitável, pensando em como Hermione reagiria - provavelmente com violência- caso soubesse que ele havia cedido ao vício. Uma risadinha escapou por seus lábios com a visão que o apossou.  Sentado em meio à claridade incomum da Torre de Astronomia, ainda que refém das circunstâncias, uma aura de bom humor pairava ao seu redor. As lembranças do corpo de Hermione sob o seu ainda eram vívidas em seu cérebro, "Draco, eu … também tô apaixonada por você", a voz de Hermione dizendo que era recíproco ainda ressoava em cada pedaço de si.

Resolveu que, uma vez que aquelas poderiam ser as últimas 12 horas em que poderia agir como se nada de errado houvesse, assim seria. Apagou o cigarro em sua marca negra com um esgar de dor mesclado à prazer - alucinando que a ardência seria dividida com o seu odioso malfeitor -, e logo em seguida usou de magia para apagar os vestígios de sua pele e o odor de cigarro do lugar, lançando o mesmo Torre abaixo. 

— Caiu da cama, Draco? — A voz de Granger encheu seus ouvidos, pegando-o desprevenido e quase levando-o à uma parada cardíaca.

— Droga, Granger! 

Hermione riu baixinho aproximando -se dele com sua bola de pelos enroscada em seus braços, e logo acomodou-se ao seu lado.

— Quando é que você vai parar de andar por aí como um fantasma perdido de Hogwarts? — Draco caçoou.

— Se quer saber, li em um livro uma vez que pessoas com uma consciência pesada são mais fáceis de se assustar, talvez se aplique a você, ou quem sabe é apenas uma coincidência — Granger replicou, arqueando uma sobrancelha como quem cinspira. 

Por um segundo passou por sua cabeça se de algum modo, mesmo com as suas precauções, ela soubera do cigarro. Até que ela riu pelo nariz, provavelmente  de sua expressão culposa e ridícula, e ele pôde descartar a possibilidade. 

— Precisa parar de ler absurdos, e a propósito, mencionando absurdos, quem disse que podia trazer esse pulguento? 

Hermione abriu a boca, ofendida, e se apressou em colocar as mãos sobre as orelhas peludas do bichano, como se  ele pudesse compreender que não era bem vindo por Draco e aquilo o magoasse. Draco riu, balançando a cabeça em negação. 

— Não  se preocupe, a aparência depressiva do Crookshanks é de anos, não surgiu agora— Draco disse com sarcasmo — Acho que ele precisa namorar um pouco, cheirar uns rabos por aí, sabe o que quero dizer?

— Você é ridículo, Draco Malfoy — Hermione revirou os olhos com um sorriso pequeno querendo se abrir. 

— Falo sério, olhe só para ele — Draco gesticulou para o felino mimado —, era para ser um macho! Primeiro esse nome, que honestamente é bem ridículo.

— Cala a boca, ele pode ouvir você, sabia? 

— Ótimo, ele deveria mesmo ouvir e seguir os meus conselhos, sair um pouco da sua saia. 

Hermione deu uma cotovelada bem em suas costelas, arrancando um gemido mesclado a riso do rapaz ao seu lado. Logo em seguida ela ergueu Crookshanks  para abraçá-lo como se o mesmo fosse uma criança indefesa.

— Não ligue para o que ele diz, meu amor — Hermione sussurrou para a bola de pêlos.

Draco revirou  suas orbes cinzas e riu mais uma vez, deslizando para o lado de Hermione e acabando com os poucos centímetros que os separavam. Hermione desceu Crookshanks para o chão e logo em seguida dirigiu seus olhos para os de Draco, que a observava com os vestígios de sua risada fácil ainda em seus lábios. A proximidade trouxe lembranças de um armário com a sensação térmica de um incêndio - a mesma memória que fez morada em Draco -, e logo as bochechas de Hermione adquiriram uma coloração avermelhada. O loiro ergueu sua mão  esquerda para prender atrás da orelha de Hermione um cacho que encobria suas íris âmbar, e logo em seguida selou seus lábios aos dela com suavidade. 

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora