An Act Of Altruism

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3 de Abril de 1997

Seus dedos raspavam pelas paredes de pedra, como um mapa, guiando-o em meio ao breu em direção aos sons que o acordaram. De repente ele ouviu um grito, ensurdecedor, que congelou a sua alma e o impediu de avançar. Então ele se lembrou; lembrou -se de onde estava, de quem era, e de imediato a sensação de pânico começou a se instalar em seu corpo.

"Venha, Draco" 

Uma voz sussurrou, eriçando os pelos de sua nuca. Ele conhecia aquela voz, duvidava de que algum dia pudesse se livrar do ruído bizarro que morava em sua cabeça há alguns meses. Contudo, ele não conseguiu dar um passo sequer, a voz o repelia ainda mais. 

"Tenho uma surpresa para você" 

Mais uma razão para não ir. Pela euforia na voz de Voldemort, Draco soube que a surpresa seria extremamente desagradável para ele, provavelmente dolorosa, e ele não podia lidar com aquilo logo depois de brigar com Hermione. 

"Draco?" 

Como se lesse os seus pensamentos, a voz de Hermione o chamou, assustada, como um clamor. A coragem lhe veio como um soco e ele disparou pelo corredor, correndo às cegas, esbarrando pelas estátuas caríssimas de seu pai. 

"Hermione?", Draco se ouviu berrar. 

O corredor parecia mais longo do que ele se lembrava, e ele precisou parar sua corrida pondo as mãos em sua cabeça à medida em que tentava recuperar o ritmo normal de sua respiração.  

"Parem! Por favor!", Hermione berrou aos prantos. 

"HERMIONE CADÊ VOCÊ?", Draco chamou o mais alto que conseguiu, voltando a correr desesperadamente. 

Sem enxergar, ele não pode ver que o corredor acabara. Ao contrário do que ele imaginou, Draco não deu de cara com a parede e sim caiu, simplesmente despencou. O corredor acabou em um precipício, e silenciosamente ele chocou-se em algo duro. Foi assim que ele acordou. Sentando-se em sua cama com a respiração descontrolada e encharcado de suor, Draco olhou ao redor e viu seus amigos dormindo, as luzes ainda apagadas indicavam que não ainda não amanheceu. Draco não soube se devia agradecer por ser apenas um pesadelo ou se preocupar com a possibilidade do mesmo ser um aviso. 

Aparentemente, Lord Voldemort sabia de Hermione e de seu significado para ele.

. . .

Era aula de Trato das Criaturas Mágicas, e recostado em uma árvore Draco só sabia olhar para o Lago Negro. Como era possível que as coisas mudassem demasiadamente em questão de horas?!

Zabini, ao seu lado, conversava com Nott sobre o próximo jogo de quadribol. Jogo esse em que ele abriria mão de seu título de capitão. Ele não era mais Draco Malfoy, um adolescente de dezesseis anos soberbo, agora ele era um Comensal da Morte e precisava agir como um, quer queira, quer não. 

— Ei — Zabini lhe deu uma cotovelada nas costelas, chamando sua atenção. 

Draco o olhou com as sobrancelhas unidas de impaciência, e Blásio indicou com o queixo para que ele olhasse para algo, e assim que ele o fez deparou-se com Hermione parando defronte a ele, abraçando um livro. 

— Podemos conversar? — Ela indagou. 

Draco se imaginou dizendo à ela que não era preciso conversar, pois as coisas estavam bem claras para ele, mas ele não conseguiu. Sem responder, porém, ele passou por ela, que o seguiu, e ambos rumaram para mesma pedra em que conversaram meses atrás. Ele se apoiou ali, e ela também, olhando-o com apreensão. Ninguém disse nada por alguns segundos, até que ela quebrou o silêncio: 

Escolhas Irreversíveis - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora