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91. UMA LEMBRANÇA DISTANTE
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Com cuidado para não acordá-lo, Atsumu limpou o sangue do rosto de Sua Alteza. Ele havia chorado tanto que não haviam mais lágrimas para escorrer, seus olhos tão machucados que o sangue não parava de escorrer. Ao redor deles, milhares de pedrinhas roxas afundavam na neve.

Mesmo adormecido, aquela dor ainda estava perpetuando nos ossos de Atsumu, um reflexo pequeno se comparado ao que Sua Alteza devia estar sentindo.

Mas por que estava doendo tanto?

Instintivamente, Atsumu sabia que não era por causa de Saki. Houve mais arrependimento do que dor vindas de Sua Alteza quando pensava em Saki. Então não era por ela.

Seria possível que Sua Alteza tivesse outra filha? Ou um filho?

Não era impossível. Claro, não poderia ser biológica, já que Sua Alteza era estéril. Durante setecentos anos, era provável que pudesse ter adotado outra criança. Parecia algo que gostava de fazer desde sempre.

E o que havia dito antes…

“Eu sei o que é perder uma filha.”

Ela provavelmente havia morrido.

Atsumu olhou para a face de seu namorado novamente, perguntando-se quanta dor ela realmente guardava dentro de si. Ainda havia tanto a descobrir sobre ela. Tanto para curar.

A raposa estaria com ele a cada passo. Mas por agora, era hora de voltar para casa. Porém…

— Como vamos voltar? — murmurou baixinho.

Nem sequer sabia onde estavam. Olhou ao redor. Só haviam montanhas à vista, e lá embaixo havia apenas branco de neve. Estavam quase acima das nuvens. O céu estava escuro também, sem Aurora a vista. E estava tão frio.

Testando suas pernas, Atsumu se levantou, embalando Sua Alteza junto ao peito. Segurou-o forte enquanto olhava ao redor. Na montanha oposta à deles, havia uma pequena luz acesa. Quem viveria em um lugar tão distante?

A ideia de ir até lá pedir ajuda desapareceu tão rápido quanto surgiu. Atsumu mataria os dois com uma longa queda antes de conseguir chegar lá. Além de que… sentia alguma coisa estranha vindo daquela luz. Era como se sua magia estivesse lhe dizendo para manter distância.

Ou melhor, para fugir.

Deveria acordar Sua Alteza? Ou talvez…

Atsumu olhou para cima, para o céu.

— Aurora, por favor, se não por mim que não sou daqui, faça por ele. Eu imploro, leve-nos para casa — rezou com todo seu coração.

Como se estivesse esperando, a Aurora surgiu ao redor deles; azul, roxo e violeta enchendo a visão de Atsumu. Ele estendeu uma mão para ela, que os envolveu em dourado.

Viajar através da Aurora era completamente diferente de viajar através da escuridão, era mais acolhedor para si. E também… Atsumu viu um lugar. Foi apenas um vislumbre, porém ficaria gravado em sua memória para sempre.

Haviam árvores, elas eram de cor cinza, suas raízes se levantavam do chão em um emaranhado, como veias sob a pele. De seus galhos, floresciam flores. Aquelas flores. As que Atsumu invocou ao tocar o Oceano. Névoa serpenteava pelo chão e, ao longe, conseguia vislumbrar um enorme lago feito de estrelas.

Eles estavam de volta ao palácio assim que a raposa piscou. Reconhecia as paredes de gelo erguidas ao redor deles, os detalhes. Mas o local era um jardim.

O primeiro instinto de Atsumu foi envolver seu namorado, já planejando como tirá-lo dali antes que sua alergia atacasse. Mas então sentiu… havia alguma coisa diferente naquele jardim. E de alguma forma sabia que aquelas flores não iriam fazer mal para Sua Alteza. Pelo contrário, o lugar estava pulsando com vida.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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O Reinado do Corvo (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora