18.

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Zaira Mayara.

Termino de passar o esmalte vermelho na unha natural da tia Cecília e ela assopra abanando as mãos pra ver se elas secam mais rápido.

Cecília: Obrigada, meu amor. - Sorri pra mim e eu tampo o esmalte saindo da cama antes de ir pro banheiro dela e do tio Dan guardar a lixa, o algodão, o esmalte e a acetona no armário.

Volto a deitar no meio deles e o tio Danilo pega o controle da tv pausando o programa que ele tá assistindo.

Danilo: Eu e a Cecília até tem motivo pra não tá no furdunço lá embaixo cheio de jovem adulto, mas tu tá aqui no quarto presa com a gente por que mesmo? - Encaro seus olhos claros pensando em como formular a minha resposta.

- Sabe aquele ditado "quando cê sai da favela, mas a favela não sai de você." - Faço aspas com os dedos e o meu tio assente. - Então, sou mais um bailinho...

Danilo: Tua avó toda, cara. - Ri e eu franzo as sobrancelhas chocada.

- Biólogica? - Ele assente antes de explicar.

Danilo: Na época que ela cuidava de mim e do Bil ela era novinha, tinha vinte e poucos anos e amava contar pra gente sobre os bailes que ela ia. - Sorri passando a mão na cabeça como se tivesse lembrando. - Dizia que quando a gente completasse a maioridade ela ia levar a gente num. - Fala mudando o semblante pra cabisbaixo. - Pena que não viveu o suficiente pra cumprir com esse combinado.

- Eu amo quando o senhor e o meu dindo falam dela, sinto que de alguma forma estamos próximas.

Danilo: Mas hoje tu não veio ouvir história dela e sim curtir o aniversário do teu primo, então desce e vai curtir com gente da tua idade.

- Da minha idade mas com a mentalidade bem diferente, né? - Faço bico. - A favelada vai ser motivo de chacota no meio de tanto playba e paty, vai vendo.

Cecília: Por isso tu não quer descer? - Maneio a cabeça pros lados, respondendo que mais ou menos isso.

Danilo: Coisa da sua cabeça, princesa do tio, maioria dos amigos do Joel sabe da história da Cecília e acha foda a volta que ela deu por cima. - Tia Cecília assente reforçando e ele continua. - Jamais ia permitir que gente preconceituosa e desrespeitosa pisasse o pé na minha casa independente de ser amigo dos seus primos.

- Tá né, eu vou lá. - Me dou por derrotada saindo da cama antes de calçar minhas havaianas branquinhas com a bandeira.

Cecília: Quando o Alok brotar tu vai agradecer a gente por te forçar a descer lá. - Arregalo o olho, nem sabia que ele vinha. - Vai lá, gostosa. - Dá um tapa na minha bunda e eu saio do quarto deles caminhando pelo corredor imenso, branco numa pegada futurista.

Vou pro quarto da Júlia, onde tá as minhas coisas, e me troco vestindo um biquíni azul bebê colocando por baixo a saída de saia de praia da mesma cor.

Pego o meu celular entrando no whats pra ver se o Paulista me respondeu e nada, tá me ignorando bonito desde o dia que eu esqueci o celular no carro dele e ele foi atrás de mim no meu quarto pra entregar.

Olho pra vista da sacada daqui do quarto da Júlia e faço um vídeo curto das ondas do mar se quebrando nas rochas.

A gente tá na casa de praia dos meus tios, que meta.

Faço um coque nas minhas tranças, depois de passar protetor, e calço a minha kenner preta vendo a tela do meu celular ligar na cama, eu pego na expectativa de ser o Ryan e decepcionada respondo as mensagens da minha irmã antes de descer indo atrás dos meus primos.

Quando eu acho eu fico curtindo com eles, a galera me tratou super bem e a partir dali foi só ladeira acima, me animei mais ainda quando o Breno chegou junto por mais que nem fosse ficar tanto tempo.

- Tem falado com o Paulista? - Pergunto pegando uma lata de guaraná no freezer.

Breno: Ahram. - Tira o boné voltando a colocar com a aba virada pra trás. - Ontem nós foi pra uma resenha na Maré junto.

Então ele tá me evitando mesmo, chamei ele pra lanchar e assistir alguma série lá em casa, ele disse que tava atolado de coisa pra resolver.

- Resenha na Maré? - Repito chocada e ele assente dando um gole na garrafa de Macallan.

Breno: A convite do frente de lá, gente boa pra caralho ele, a visão do cara bate com as nossa legal.

- Hm. - Murmuro só isso.

Olho pro lado vendo um cara querendo chegar em mim, porém desiste quando o Breno tira os óculos escuros e dá só uma encarada nele.

- Porra, veio me brecar nessa merda tu? - Abro os braços bolada.

Breno: Na minha presença cara nenhum chega em tu, nem na Kira e nem na Júlia. - Fecha a cara parecendo o meu padrinho e eu dou risada.

O ceular dele chama e quando ele atende é o tempo de eu dar perdido sumindo com o loirinho tatuado com pinta de surfista que chega em mim quando eu vou atrás do Joel.

Essa Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora