19.

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Maratona
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Paulista.

Olho pro alto vendo o sol brilhante pra caralho, pela aba do meu boné, e quando eu vou pegar meu radinho suspenso na cintura a minha regata acaba escorregando do ombro pro chão.

Me inclino pra baixo pegando a regata e jogo no ombro pegando o radinho, pressiono o botão na lateral e ele para de chiar pegando a frequência.

- Fala comigo. - Falo depois de engolir o acúmulo de saliva e aproximar o radinho à boca.

Jogador: Patrão nós tá aqui na primeira rua da nove. - Ouço ele falar em meio aos gritos perto dele, uma voz masculina e outra feminina. - Nós veio separar briga de casal, eles tava se pegando no meio da rua.

- Traz pra cá. - Nego com a cabeça e saio da frequência.

Aviador: Nego crescido e criado ficar se pegando na rua, qual o exemplo que as criança daqui vai ter? - Ajeita o fuzil atravessado no peito, coçando a frente da garganta.

- Papo, nem com cobrança essas porra de caso para. - Olho pro meu celular vendo que chega uma mensagem da Mayara, bloqueio ignorando.

Melhor assim.

Morenão: Breno me falou que tu tava pela Maré com ele ontem.

Morenão: O que foi que eu fiz pra ti, hein?

Morenão: Fala pra mim, tchuco.

Morenão: Eu tô querendo tirar as tranças amanhã.

Tocou no meu ponto fraco, desde as primeiras tranças que ela colocou na vida, a partir dos quatorze anos, eu que ajudo ela a tirar porque mexer na jubinha dela é terapêutico pro vagabundo.

Morenão: Talvez eu peça pro carinha que tô ficando me ajudar, visto que tu só tem ignorando a minha existência.

Paulista: Não inventa, Mayara.

Paulista: Tu devia usar o cara que cortou o teu cabelo na Maré de exemplo, quem toca nele termina sem mão.

Paulista: Broto aí amanhã ou hoje de noite.

Morenão: Saindo do cursinho eu vou aí pra minha casa do Alemão, tô de tpm e ninguém mais aqui em casa me suporta.

Paulista: Jaé.

Bloqueio o celular e o Jogador chega com mais dois vapores, um segurando a mulher preta de cabelo liso e o outro segurando o homem branco de cabelo platinado, os dois aparentando ter entre vinte e cinco à trinta anos.

- Pra salinha. - Falo virando de costas, subindo o pequeno lance de escadas e entrando com eles vindo atrás.

Os vapores colocam eles sentados nas cadeiras e eu paro numa distância que me permite olhar pra cara dos dois.

- Quem vai começar a explicar o que caralhos rolou? - Pergunto enquanto pego um beck no bolso da minha bermuda. - Não já deixei claro que se quiserem se pegar na porrada vocês têm que fazer isso longe da minha quebrada? - Acendo o beck jogando o isqueiro na mesa secretária e trago.

- Ele me bateu primeiro, eu só me defendi! - A mulher com sangue concentrado em volta do olho, formando um nódulo negro, e um corte no canto da boca fala.

- Porque tu fez macumba pra mim! - O homem berra e eu aperto os olhos encarando ele.

- Fala baixo que tu não tá na tua casa, filho da puta, dá uma segurada ou eu faço por tu. - Mando abanando a mão no ar fazendo a fumaça, do baseado queimando na minha mão, se dissipar.

- Tu me traiu e ninguém brinca com filha de Maria Navalha, achou errado se pensou fosse que vai sair impune. - Bate no chão dando risada antes de voltar apontando o dedo na direção dele com a cabeça erguida. - Foi confirmado e tu me paga!

- Bom. - Resolvo falar quando ele tá prestes a responder. - Até te cobraria por bater em mulher estando errado ainda, mas visto que ela já tá sendo a justiceira da própria história. - Olho pro homem. - Eu libero vocês, se tu voltar a encostar um dedo nela é comigo que tu vai ter que lidar. - Bato no meu peito deixando explícito. - Estamos entendidos? - Eles assente. - Podem ir.

- Por favor, minha vida, desfaz aquela macumba. - Ouço ele pedir saindo atrás dela que ri alto gritando "você me paga."

Jogador: É malucão mermo pra brincar com macumbeira. - Ri e eu jogo o resto do baseado no chão, pisando.

Silveira: Nu, uma vez eu fui inventar de brincar com o coração de uma... - Nega com a cabeça e fecha o olho como se tivesse lembrando. - Assim eu acabei entrando pro crime, tava achando emprego digno nenhum.

- Bem feito, safadeza pô.

Silveira: Pô, patrão, aquele Juan lá até hoje não veio pagar pela branquinha que pegou. - Eu respiro fundo passando a mão no rosto, é problema que não acaba. - Playba viciou e perdeu o rumo.

- Por muito que eu curta ver esses político pagando a língua através dos filho que consome do nosso, esse moleque já tá passando do limite. - Falo puto. - Cês caça ele até no inferno se for preciso, ninguém mandou se emocionar e mergulhar de cabeça nas droga sendo que os órgão de príncipe refinado não tá acostumado. - Passo a língua no lábio encarando ele. - Quero meu dinheiro até semana que vem ou então quem paga é vocês que vendeu.

Silveira: Quem que ia achar que playba também dá perdido em dinheiro, pô chefia...

- Falei o que eu tinha pra falar, Silveira.

Essa Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora