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Clara: Tá fazendo o quê aqui? - Me olha indignada e eu encaro ela cruzando os braços na altura do peito sem dar passagem.

- Cozinhando, uai, Ryan pediu pra eu fazer o jantar dele porque não vive sem o meu estrogonofe. - Sorrio provocativa.

Clara: Escuta aqui, garota. - Aponto o dedo na cara dela antes de a corrigir.

- Alto lá, garota não, mais respeito com a filha do dono. - Eu juro que não sou prepotente de graça, acontece que tem gente que merece esse meu lado.

Clara: Só se garante quando fala do papai, é? - Bate palma e aí eu me ligo que ela faz o tipinho baixo que não pode ver uma vergonha que já quer passar. - Eu não sei qual é a tua com o MEU macho. - Enfatiza batendo no peito. - Mas foi eu que ele apresentou pra família, é a mim que ele vai apresentar no baile como fiel, sou eu quem ele fode. - Engulo em seco. - Tá me entendendo?

- Eu não vou me rebaixar a esse ponto, desculpa. - Coloco a mão na boca, dando uma risada sinceríssima.

Clara: Eu vou te avisar uma vez só, sai do meu caminho ou eu te tiro, o Paulista tem mulher e sou eu.

- Pouco insegura, graças a Deus. - Gargalho olhando pro lado. - Eu só saio daqui se o Ryan mandar, aliás, vai ficar pra jantar com a gente?

Solto um xingamento quando ela me segura pelos cabelos, puxando pra calçada da rua, nisso uma galera já começa a parar pra olhar.

Dou vários tapas na mão dela pra que me solte mas é em vão, ela só faz apertar meu couro cabeludo, me causando até dor de cabeça.

Sigo tentando tirar a mão dela, enquanto tenho o vislumbre dos vapores se aproximando, e, cansada de ser arrastada, sem pensar duas vezes eu ergo meu pé chutando ela que rapidinho me solta caindo no chão, olho pra ela gemendo de dor com a mão na barriga.

Um dos vapores me segura e sinto vontade de chorar quando o Ryan passa por mim me lançando um olhar de decepção antes de correr até ela pegando no colo.

- Me solta, caralho! - Ordeno boladona, meu coração faltando sair pela boca de tanto que bate.

Os vapores mandam os fofoqueiros meterem o pé e eu passo a mão na lateral da cabeça sentindo ela latejar enquanto sento no meio fio da calçada e vejo o Ryan sair com ela de carro, me deixando muito frustrada.

Não sei quanto tempo eu permaneço sentada na calçada, em meio ao frio da noite, mas quando a Suellen chega eu desisto de segurar as lágrimas e choro explicando o que aconteceu.

- Ele olhou pra mim como se eu fosse a pior pessoa do mundo, você tinha que ver. - Soluço, minhas mãos trêmulas. - Sendo que eu só fiz me defender.

Suellen: Poxa, amiga. - Me abraça de lado deitando a minha cabeça em seu ombro antes de beijar ela. - Vamos entrar pra você tomar uma água e se acalmar, você tá quente pra caralho.

- Eu preciso de falar com ele, explicar que eu não fiz de graça, eu não sou maldosa até esse ponto...

Suellen: E ele sabe disso, meu amor. - Me corta. - Quem te conhece sabe que tu só é reativa.

- Eu vou esperar aqui. - Ela passa a mão pelo meu rosto, secando as minhas lágrimas.

Suellen: Tu não sabe nem a hora que ele vai voltar, Zaira, quando ele chegar tu desce e fala com ele cara. - Eu assinto, me dando por vencida, e ela entrelaça nossas mãos enquanto subimos as escadas indo pra casa dela.

Ela vai tomar banho e eu sento na janela com o copo de água na mão, só esperando a luz do farol do carro dele anunciar a chegada.

Depois de coisa de uma hora eu vejo, solto o copo na mesa e desço correndo quando vejo ele passar pelo portão com uma cara nada boa.

- Ryan. - Chamo ele enquanto desço.

Paulista: Quer o quê, Mayara? - Seu tom frio e olhar distante quebra meu coração em mil pedaços.

- Por que cê tá falando assim comigo? - Tento tocar nele que se afasta negando com a cabeça.

Paulista: Tô legal não, Zaira. - Me dá as costas abrindo a porta da casa dele antes de parar se virando pra falar. - Melhor tu meter o pé.

- Ryan ela que começou com isso, tu sabe que eu jamais... - Paro de falar tomando um susto e automaticamente recuando alguns passos quando ele grita comigo pela primeira vez na vida.

Paulista: SÓ O QUE EU SEI É QUE ELA TAVA GRÁVIDA, ZAIRA. - Engulo em seco negando com a cabeça enquanto lágrimas rolam pelo meu rosto.

- Tava? - Repito com os lábios trêmulos.

Paulista: Tava, acabou tendo um aborto. - Responde só isso. Quando eu me aproximo ele entra batendo a porta na minha cara.

- Ryan eu sinto muito. - Choro batendo na porta. - Eu não sabia. - Encosto a testa na porta chorando mais ainda quando escuto coisas sendo quebradas lá dentro. - Eu juro que eu não sabia. - Fungo caindo de bunda no chão.

Abro a boca com falta de ar, me sentindo extremamente culpada, e a Suellen desce correndo.

- Eu-eu. - Tusso sem conseguir respirar e fungo sentindo meu nariz entupido. - Eu matei seu sobrinho.

Suellen: Ela tava grávida? - Abaixa sentando do meu lado sem reação quando eu confirmo com a cabeça.

- Ele tá muito mal. - Aviso quando ouço mais coisa se quebrando. - Fica com ele que eu vou embora, sou a última pessoa que ele quer ver agora.

Suellen: Você não sabia, amiga, não se culpa não... - Entrego a chave pra ela antes de me levantar.

- Vai lá apoiar ele. - Respondo antes de sair pegando um moto-táxi que aceita descer pra pista depois de ver o meu estado.

Essa Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora