29.

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Dia na praia tá sendo top, Treva foi embora pedindo meu número, eu dei por motivos óbvios, né? Está eu, Joel, Júlia e alguns colegas deles da Universidade.

Joel passa a bola pra mim e eu impulsiono minha perna pra cima pegando a bola com o joelho antes de fazer ela quicar várias vezes na minha perna, a Júlia filmando antes de eu passar a bola pra um dos amigos deles que não para de me secar na cara dura.

Sinto a areia quentinha debaixo dos meus pés e passo a mão na testa limpando o suor, sol hoje veio com força. Parece até que o inferno desceu pra terra.

- Ô gente, esse calor não tá dando. - Refaço meu coque pela milésima vez avisando pra eles. - Vou pegar uma água no calçadão.

Eles faz joinha continuando a saga da altinha, observo a Ivy pegando a bola e viro de costas me distanciando, ando sentindo a temperatura do meu corpo quente pra caralho.

Chego na barraca e peço uma água de coco pra moça que tá atendendo, sento no banquinho de madeira depois de ajeitar meu biquíni e recebo pagando.

Pego o canudo levanto até a boca e sugo o líquido suspirando de alívio por tá saciando essa sede.

- Tava na sede mermo, hein. - Olho pro lado dando de cara com o surfista loirinho do olho azul, amigo dos meus primos.

- Papo reto, a ponto de morrer desidratada. - Respondo vendo alguns fios soltos dos seus cabelos loiros, preso no rabo, voarem contra a direção do vento.

- Igor, prazer. - Estende a mão pra mim e eu pego respondendo.

- Zaira, satisfação. - Sorrio soltando a sua mão e volto a pegar o canudo.

Igor: Me vê uma garrafa de água aí, moça. - Pede pra atendente antes de sentar do meu lado. - Tem quantos anos, Zaira?

- Dezoito e você?

Igor: Um neném. - Passo a língua no lábio seco. - Vinte e três.

- Eu sou né. - Sorrio vendo ele receber a garrafinha dele.

Igor: Namora? - Nego com a cabeça sentindo seu olhar sobre a minha boca. - Eu posso? - Se aproxima colocando os fios soltos do meu cabelo por trás da orelha.

Eu assinto e ele avança apertando a minha nuca com firmeza no selinho antes de aprofundar a língua na minha boca, ele chupa meu lábio inferior, seu dedão acariciando a minha mandíbula enquanto as nossas línguas exploram a boca um do outro.

Ele morde de leve meu lábio inferior e eu dou um selinho quando o ar começa a faltar, grudo as mãos no peito dele, afastando antes de respirar fundo me abanando.

Depois desse beijo o calor chega triplicou.

Ele vem de novo na minha reta, dando um selinho e quando eu fecho o olho pra prosseguir ouço gritos histéricos perto de nós, abro o olho vendo uma morena praticamente fumegando enquanto caminha na nossa reta, o ódio nítido nos olhos dela.

- VADIA, SE AFASTA DO MEU NAMORADO! - Grita possessa enquanto aponta o dedo na minha direção, se ele não segurasse ela eu ia bem dar um chute nessa mão.

- Eu lá sabia que ele namorava. - Encaro ele com nojo vendo ele respirar fundo desviando o olhar.

- Vocês faveladas tão acostumadas a ficar com homens comprometidos. - Força uma risada. - É marmita que falam, né? Não vejo porque você seria diferente.

Pego o coco jogando na direção dela, só não pega porque ele puxa ela desviando. Eu me aproximo parando bem na sua frente pra que ela escute bem o que eu vou falar.

- No meio de tanta merda que você falou, uma é certa. - Faço o número um com o dedo, sendo bem explícita. - Sou favelada, orgulhosa de ser, e inclusive se eu estalar um dedo. - Sorrio olhando bem no olho dela. - Cada bandido de lá deita vocês na porrada!

Igor: Pô, nem precisa disso. - Nega com a cabeça. - Foi mal mermo, ela não quis te ofender.

Ela fica calada sem argumentos e a moça da barraca chama a nossa atenção com um pigarreio.

- Moço você não pagou pela garrafinha de água ainda.

Ele tateia o bolso do short apressado e pega a carteira tirando dez notas de cem reais antes de jogar na cara da moça e no chão também.

Abro a boca em choque com essa atitude.

Igor: Né uma garrafa de água que eu vou sair sem pagar, como você vê dinheiro não é problema, agora pegue. - Ordena apontando pras notas no chão e quando ela vai se abaixar eu fico revoltada.

- NÃO OUSE. - Falo pra ela. - Meu Deus, vocês se merecem, um mais podre que o outro. - Balanço a cabeça em negação e pago com o meu dinheiro, entregando na mão dela que agradece.

Saio do calçadão voltando pra areia e corro até o mar sendo recebida por uma onda que me cobre inteira.

Respiro fundo emergindo na água e passo a mão no rosto retirando o excesso de água dele, me sentindo bem mais leve.

- Odoyá Iemanjá! - Sorrio saudando a mamãe das águas.

Me sinto tão em casa aqui, quando eu entro no mar parece que é automático, viro a minha versão mais leve.

Não sou do axé mas também não sou do amém, creio em tudo um pouco mas não sigo uma religião em específico. Creio muito na umbanda, em Deus e também no universo, não me obrigo a seguir algo em específico e me sinto bem assim!

Essa Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora