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Zaira Mayara.

Me mexo na cama, vendo a Kira roncar do meu lado, e abro o olho escutando o meu celular chamar.

Franzo as sobrancelhas, ao ver que é o Paulista, e atendo grudando o aparelho na minha orelha.

📞

Oi?

Falo depois que os dois lados da linha ficam silenciosos.

Preciso te ver,
eu não tô bem...

Pela sua voz eu pude constatar, são poucas as vezes que ele sai do eixo, de si, porém quando ele sai é um caso sério.

Fica parecendo vampiro que desligou a humanidade.

Não quero fazer merda.

Onde você tá?

No morro.

Manda alguém vim me buscar.

Jaé.

Eu vou te encontrar,
até lá não faz nada e
só me espera.

📞

Desligo a ligação e respiro fundo fazendo um coque no meu cabelo enquanto caço um moletom pra vestir por conta do frio.

A tela do meu celular liga com a chegada de uma mensagem dele, falando que mandou o Silveira vim, e eu só visualizo.

Quando o Silveira me liga falando que chegou eu acordo a minha mãe pra informar ela que provavelmente vou dormir no Alemão.

Kaira: No Alemão ou no Paulis... - Tampo a boca dela puxando pra afastar da porta do quarto deles.

- Tá querendo insinuar o quê, dona Kaira? - Ela dá de ombros negando com a cabeça. - Ele tá mal.

Kaira: Tá bom, amor, vai lá. - Abaixa minha cabeça beijando e eu abraço ela. - Te amo.

- Te amo mais. - Beijo seu rosto e ela volta pro quarto fechando a porta.

Passo pelo corredor e desço as escadas saindo pela porta de correr que dá pra área da piscina.

Caminho olhando tudo escuro, o quintal sendo iluminado apenas pelas luzes do jardim e da piscina, e rapidinho eu tô fora de casa subindo na garupa do Silveira que pilota rumo ao Alemão.

{...}

- Eu genuinamente pensei que fosse ser a última pessoa que tu quer ver na face da terra num momento como esse... - Tiro meu moletom sentando do lado dele no sofá.

Paulista: Tu devia era ter batido mais, muito mais. - Olho pra ele com um ponto de interrogação mais que estampado no rosto. - Ela sofreu um aborto espontâneo muito antes, se pá caçou briga contigo pra te fazer parecer culpada.

- Se pá? - Repito rindo indignada. - Se pá nada! - Falo bolada. - Foi isso mesmo que rolou, ai que raiva daquela biscate.

Paulista: Tu não tá bolada comigo? - Pergunta depois de um tempinho calado.

Zaira: Por que? - Apoio meu braço na perna e inclino a cabeça pro lado, olhando pra ele. - Você tava no seu direito de tá puto, afinal de contas aparentemente eu tinha causado o aborto do seu bebê. - Respiro fundo dando uma breve pausa. - Porém não vou negar que tô com ranço e bastante ódio de ti por além de trazer ela pro nosso meio, depois de me beijar loucamente, ainda ter permitido que ela falasse daquela forma comigo. - Concluo.

Paulista: Vamo combinar que tu agiu que nem criança fazendo birra mermo naquele dia. - Seguro a vontade de dar o dedo pra ele e respondo.

Zaira: Ou então tu agiu que nem um pau no cu me mandando entrar como se tivesse alguma moral comigo depois de fazer o que fez. - Finalizo com um sorriso irônico.

Paulista: Valeu por ter brotado sem pensar duas vezes apesar do mal que te causei, morenão. - Estica o braço, me alcançando, e coloca meus cachos por trás da orelha antes de acariciar meu rosto de olho fechado, como se isso fosse a calmaria dele.

Sinto sua respiração bem perto de mim e abro o olho constatando que agora ele tá bem do meu lado, volto a fechar quando sua mão sobe acariciando o lóbulo da minha orelha, e passo a língua no lábio sentindo nossos narizes e testas grudados.

Seguro seu braço, sentindo ele depositar um beijo no canto da minha boca, e abro o olho me afastando antes que ele faça o que eu tenho certeza que ele ia fazer.

- Já comeu?

Paulista: Como que come com essa parada toda me corroendo? - Estala a língua no céu da boca e passa a mão no rosto.

- Ah não, Ryan. - Levanto e puxo ele, obrigando a levantar também. - Eu não cozinhei pra tu me fazer essa desfeita, bora. - Puxo ele pela camiseta sabendo que se eu tô conseguindo puxar ele, é graças à sua cooperação, pois com certeza se dependesse da pouca força que eu tenho junto da má vontade dele, ele não viria.

Eu coloco ele sentado em uma das cadeiras de madeira que ficam na frente da bancada rústica aqui na cozinha, indo montar o prato dele em seguida.

- Aqui. - Coloco na frente dele com um copo de água, guardanapo e talheres. - Adianta fazer essa cara não, tu vai comer ou vai comer. - Falo séria vendo seu semblante de deboche.

Paro do lado direito dele com os braços cruzados na altura do peito e um pé na frente do outro enquanto observo ele comendo todo bonitinho, minha bunda apoiando na bancada enquanto eu mexo no meu celular respondendo as mensagens do Treva no zap e de um tal de Ezequiel no insta.

Eu e o Treva sempre agita uma saída mas é tanto desencontro nas nossas rotinas que só deixando pra acontecer naturalmente mesmo, ele tá se mostrando um cara bem legal e mesmo que não render uma ficada a amizade dele eu vou querer.

Paulista: Eu seria a pior pessoa do mundo por ter uma parte de mim sentindo alívio? - Sua voz grave me faz bloquear o celular, dirigindo minha atenção pra ele.

- Como assim? - Franzo as sobrancelhas.

Paulista: Não queria ser pai e muito menos assumir um relacionamento sem amar.

- Ué, eu achei que tu realmente tivesse gostando dela pra tal, nunca pensei que tu fosse daqueles que empurra relacionamento goela abaixo por causa de filho.

Paulista: Ela era responsa e uma hora ou outra eu ia ter que firmar com alguém, mas foi um erro, livramento talvez. - Fala deixando os talheres no prato depois que termina.

- Não precisa forçar, quando for a hora tudo vai acontecer naturalmente com a pessoa certa. - Falo e ele passa o braço por trás da minha cintura, eu olho seus movimentos e ele pega o copo de água bebendo enquanto sorri de canto, me olhando com uma cara de "Que foi? Achou que eu fosse fazer algo a mais?"

Essa Noite.Onde histórias criam vida. Descubra agora