Kebabs

153 11 0
                                    

Capítulo 19

Fui atrás do médico e dirigi-me para o quarto onde ele está.
O médico esclareceu-me que ele estava inconsciente, mas que já era capaz de reagir. É melhor não o pressionar assim que o vir, pois ele pode não se lembrar de mim, aliás é o mais provável.
Entro no quarto.
Eu: Zack! - corro na direção dele e abro os braços para o abraçar. O médico não deixa.
Eu: desculpe.
O Zack olha para mim com um ar meio confuso.
Eu: ainda bem que estás bem.
O Zack continua a fazer-me aquele olhar. Sei que é o normal nesta situação, mas magoou-me um bocado.
Eu: mas...tu estás bem, não estás?
O Zack abre a boca para me responder, mas não consegue falar. Passa-se algo de estranho.
Médico: qual é o teu nome?
Ele faz o mesmo olhar confuso ao médico.
Médico: sabes como te chamas?
O Zack não respondeu. Abria a boca, mas as palavras não saíam.
Médico: parece que o cérebro dele ainda está em estado de choque, assim digamos.
Eu: okay, eu percebo. - lembro-me da carta de Harry.
Médico: é melhor ele passar cá a noite. Beatrice, por acaso não tem o contacto dos pais?
Eu: lamento, mas não. Pode ficar com o meu contacto. Amanhã eu volto e dou-lhe o número, se eu o encontrar.
Médico: muito bem.
Dei-lhe o meu contacto e fui-me embora.

                                              **

Decido fazer uma chamada. Já é quase hora de jantar.

Eu: estou?
Harry: sim?
Eu: achas que ainda é tarde para nos encontrarmos perto do Tate? Jantamos no Mac ao lado do London Dangeon.
Harry: estou aí dentro de 20 minutos.

Desligo o telemóvel.
Vou jantar com o Harry.

Só agora é que caí em mim...vou mesmo jantar com o Harry.
O que é que eu devo vestir? Será que ele também se vai aprontar muito?
Vou ter de passar por casa para mudar de roupa, por isso mando-lhe uma sms.

Eu: olha, combinamos daqui a 1 hora.
Harry: sim, pdms almoçar aí em Paddington?
Eu: yh, pd ser...mas onde?
Harry: gsts de kebabs?
Eu: nnc provei
Harry: ent vms, encontramo-nos em Norfolk Square okay?
Eu: okay.

Passei rápido por casa e vesti uns calções pretos, com uma daquelas meias transparentes. Uma camisa a condizer com os calções (em tons de preto e outras cores) e um casaco. Calcei as minhas converse clássicas.
Espero não estar a levar isto demasiado a sério, o Harry pode não estar tão preocupado como eu.
Penteei o cabelo e fui.
Não gosto de me ver maquilhada. Gosto da minha cara assim mesmo e como não percebo nada dessas cenas, tenho medo de estragar a cara ahah.
Apanhei o metro diretamente para a estação em Paddington. Combinei encontrar-me com ele ali perto, fica a dois minutos da estação.

Avistei o Harry sentado num banco, a olhar para o chão e com uma flor na mão.
Ele está muito bem vestido...muito formal, na minha opinião.
Afinal quem se aprontou demasiado foi ele...estou a sentir-me um bocado mal ahah.

O Harry assim que me vê sorri.
Harry: Tris!
Levanta-se de um pulo e vem ter comigo.
Eu: Harry, seu grande galã...- foi o que o Niall disse no dia em que nos conhecemos, mas eu estava-me a referir à roupa.
Harry: tem de ser, Tris. - ele tem a flor escondida atrás das costas e eu finjo que não a vejo.
Eu: estás muito bem, Harry.
Harry: tu também estás, Beatrice. - sorri-me e fica a olhar para mim. Só depois é que se lembra: - Ah! Tenho uma coisa para ti.
Estende-me a flor.
Harry: não sei se é bem o teu género, ou se é muito paneleiro para ti, mas sabes como é que eu sou...
Eu: ahahah... - pego nela - é linda, Harry, obrigada.
Era uma rosa branca.
Harry: vamos?
Eu: sim.
Harry: há um restaurante de kebabs a caminho de Oxford Street, ou então podemos comer já aqui.
O Harry aponta para um restaurante de comida libanesa e depois, para o de comida italiana.
Eu: é como quiseres.
Harry: por mim, ficava já aqui...não te importas?
Eu: não, pode ser.
Entramos no restaurante e fomos logo atendidos.
Empregado: Harry!
Harry: olá Scott!
Scott: andas desaparecido?
Harry: ando de dieta ahah.
Scot: estou a ver, estou. - olha para mim - Harry, não me vais apresentar a tua amiga?
Eu: sou a Beatrice, muito prazer.
Scott: o prazer é meu Beatrice. Chamo-me Scott e trabalho ali na cozinha. Hoje sou eu que vos faço o jantar.
Eu: oh, não se incomode por nossa causa.
Scott: não, eu faço questão. Também vos venho servir.
Harry: Tris, o Scott é só o melhor cozinheiro de sempreee.
Scott: oh, eu não diria isso.
Harry: é verdade!
Eu olhava para o Harry. Ele é sempre tão simpático para as pessoas, tão extrovertido. Todos gostam dele. Ele é bondoso, compreende as pessoas e consegue sempre usar as palavras certas.
Entretanto, Scott vai-se embora e Harry despede-se com um sorriso.
Harry: ele é muito porreiro.
Eu: és tu.
Harry: eu o quê?
Eu: és tu o porreiro.
Ele sorri, embaraçado.
Harry: eu já pedi para os dois, acho que vais gostar...mas se não gostares não te preocupes, eu peço para...
Eu: Harry, eu não sou esquisita. Eu vou gostar. - coloco as minhas mãos em cima das dele. Noto que ele está mais nervoso do que o costume. - Calma Harry.
Harry: desculpa, estou meio nervoso.
Eu: não é preciso.
Harry: eu tenho medo de que tu não gostes, o sítio não é perfeito e a comida...bom, a comida é boa, e-eu gosto e o pessoal...
Eu: Harry não importa. Estamos juntos e estamos bem...Não importa o resto. Além disso, este sítio é muito confortável.
Harry: sim, desculpa. Eu só quero que tudo corra bem esta noite.
Eu: eu também... Tenho saudades disto.
Harry: do quê?
Eu: tu e eu juntos, sem ninguém entre nós. Sem medos e sem pressas.
Estávamos frente a frente. Ele olha-me com aqueles olhos verdes.
Harry: pois, Tris. Eu também.
Eu: mas é sem pressões agora Harry. Não te preocupes, sou a mesma Tris de sempre.
O Scott aproxima-se.
Scott: a comida está quase pronta.
Eu e Harry: obrigada.
Scott: com licença.
Eu: ele é simpático. De onde o conheces?
Harry: ele era da minha escola primária, chumbou muitas vezes...Não tem curso, não tem nada. Mas é muito boa pessoa.
Eu: tu...?
Harry: vi-o a pedir dinheiro aqui perto, em condições degradantes e ajudei-o. Trazia-lhe roupa, acolhia-o e ajudei a arranjar emprego.
Eu: é por isso que ele te estima tanto.
Harry: sim...é.
Eu: não imaginei.
Harry: o quê?
Eu: nada, nada - tinha medo de o ofender.
Ele foi mesmo um muito bom amigo.

• | T R I S | • {hs - pt}Onde histórias criam vida. Descubra agora