Escola

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Capítulo 24

Este foi sem dúvida o fim-de-semana mais longo de sempre.
Claro que foram apenas dois dias e a tarde livre de sexta, mas aconteceram tantas coisas...
Eu agora namoro com o Harry, a pessoa de quem eu mais gosto desde que cheguei.
O Zack morreu, mas voltou para junto de mim...e finalmente damo-nos todos bem. Essa é talvez a melhor cena de todas.
As aulas recomeçaram, como é óbvio e as coisas mudaram. Faltam apenas duas semanas para o fim deste período e estamos a começar a última volta dos testes.
Como era de esperar, eu, a Sarah, o Harry, o Niall e o Zack não estudámos, nem revemos nada.
O Zack ainda tem desculpa. Ele não pode ir a estes três primeiros dias de aulas (desta semana).
Mas agora a nossa história é outra. Vou fazer agora o teste de inglês. Não tenho muita dificuldade nesta matéria, mas não sou nenhum Às.
Eu e o meu grupo temos uma estratégia para o teste. Cada um de nós senta-se aos pares, mas com uma ou duas mesas de distância. Depois, sempre que tivermos dificuldade nas perguntas ou não soubermos as respostas, fazemos o sinal. Agrupar as folhas e bater três vezes consecutivas com elas em cima da mesa. De seguida, há o contacto visual. Olhamos para o nosso porta-voz, neste caso o Niall, para perguntar à professora se pode ir ao seu lugar ou fazer-lhe perguntas parvas à cerca do teste (ou de outra coisa qualquer ahah). Agora, enquanto a professora se ocupa do Niall, a pessoa que sabe a resposta escreve-a num papel pequeno e fá-la circular entre nós.
Niall: pode ir, obrigada professora.
O Niall recebe o papel, escreve a resposta (caso não a souber), rasga-o e coloca-o no caixote do lixo.
Temos lugares estratégicos para cada um de nós ao longo da sala. Copiar não é difícil. Difícil é copiar sem se ser descoberto.
Tirar boas notas copiando é uma arte ahaha. O nosso método é demasiado complexo para os professores desta escola.
Tenho reparado muito em Kim. Ela tem andado sozinha, triste e no outro dia chegou à escola com a cara vermelha e olhos inchados. Calculo que ela tenha estado a chorar.
Decidi ir falar com ela na hora do almoço. Ela estava sentada a um canto sozinha, a olhar fixamente para o nada.
Eu caminhei com os outros, mas quando eles se sentaram, eu continuei a andar, o que causou algum desconforto ao Harry quando me viu a andar em direção à Kim.
Eu: olá...posso sentar-me?
Kim: até podias, mas não sei se sou boa companhia agora.
Eu: oh, não te preocupes com isso.
Ela olha-me de cima a baixo, sem expressão.
Kim: vá, senta-te aí.
Eu sentei-me e sorri-lhe.
Ofereço sorrisos quando quero que as pessoas sorriam.
Eu: correu-te bem o teste?
Kim: não. - respondeu secamente.
Eu: estudaste?
Kim: não muito. Apenas revi. - ela não está bem. Não é capaz de me olhar nos olhos, mas eu não vou desistir dela, digam o que disserem.
Eu: eu não estudei um crlhinho ahah. - dou a mais genuína e convincente gargalhada falsa.
A Kim olha-me de relance e sorri.
Eu: um sorrisoo!
Kim: o quê?
Eu: tu sorriste, vês? - levanto-me da cadeira com um pulo e bato palmas.
Kim: o que estás a fazer? Senta-te. - ela está ligeiramente embaraçada, mas com uma enorme vontade de se rir.
Eu: ELA SORRIU! OH MEU DEUS!, ELA SORRIU! SARAH, NIALL, ELA SORRIU! - faço um sinal à Sarah.
Vou buscar a Sarah, aos pulinhos pela cantina fora. Depois, enrolo o braço dela no meu e vamos os três aos pulos em direção à Kim.
Eu: Harry, não vês?
O Harry lança-me um olhar frio: Não. - levanta-se e vai embora.
Chegamos ao pé de Kim e ela sorri-nos.
Kim: por favor, parem com isso, eu peço-vos. - dá uma pequena gargalhada.
Niall: tu ouviste-a, Tris. Já posso ir acabar de comer. - desenrola o braço do meu e corre para o seu lugar.
Sarah: ele é um gordo, não ligues.
Ficamos as três a conversar, para ver se a animávamos um bocado.
Kim: vocês sabem que não têm de estar aqui.
Eu: não temos, mas queremos estar. - sorri-lhe e ela retribui. Já percebeu...
Sarah: já está na hora, temos de ir andando.
Eu: ainda bem que é a última aula do dia, se não eu morria.
Sarah: olha que é mesmo.
Kim: eu até gosto de história.
Eu: a sério?
Kim: sim...quer dizer, não morro de amores pela história dos americanos, mas aqui, neste país, é tudo muito diferente. - depois olha para mim. - Gosto imenso do teu país, Tris, tem uma história como nenhum outro. É dos países de que eu mais gostava de visitar.
Eu: eu também adorava a disciplina quando era mais nova.
Sarah: aii, eu não! Aprender sobre calhaus e gajos que se puseram a inventar religiões, olha, eu passo na boa.
Rimo-nos com o comentário dela.
Fomos para a aula.

                                               **

Quando as aulas acabaram (finalmente), o Harry saiu disparado da sala, sem dizer nada a ninguém.
Não percebi a sua reacção, mas como vamos os dois juntos para casa, corri atrás dele.
Eu: espera!
Ele continuou a andar. Não deve ter percebido que era eu.
Eu: espera Harry, é a Tris.
Aí ele para.
Chegou ao pé dele, ponho-me em bicos de pés (pois ele é ligeiramente mais alto do que eu) e dou-lhe um beijo na bochecha.
Eu: ias sem mim?
O Harry coloca as mãos dele à volta das minhas ancas: Sim, mas já vi que é impossível livrar-me de ti.
Eu: Ah.Ah.Ah. Que engraçadinho, tu.
Harry: eu estava a brincar. - dá-me um beijo.
Seguimos caminho, de mãos dadas.
Estava um silêncio ensurdecedor, ninguém se falava.
Eu: estás bem?
Harry: sim, estou ótimo. - sorri-me. É óbvio que está a fingir, para eu não me preocupar, talvez.
Eu: Harry, eu conheço-te. Conta lá o que se passou.
Harry: não é nada, a sério.
Eu: não brinques comigo...sei muito bem que a Kim ainda te afeta. - acho que escolhi as palavras erradas.
O Harry para.
Harry: Tris, nem tudo o que parece é.
Eu: então explica-me porque é que ela te deixa assim! - admito que estava a começar a sentir um pingo de ciúmes. - A menos que tenhas medo de me explicar.
O Harry ri-se.
Harry: isso são tudo ciúmes?
Eu: não. Não mesmo.
Harry: Tris, eu admiro o teu esforço. A capacidade que tu tens para não desistir das pessoas, a tua preocupação e o dever que tu achas que tens de as ajudar...mas não podes ajudar toda a gente, okay?
Eu: nunca disse isso. Ajudo os que posso.
Harry: acontece que a Kim é diferente.
Eu: não me interessa. Ela estava triste e precisava de alguém que a animasse. Ela é a tua ex, também não te custava ir lá connosco. Até o Niall foi e ela a ele não lhe é nada.
Harry: tu hás-de perceber. Tem cuidado apenas. - ele estava a fazer um esforço por manter a calma.
Eu: mas perceber o quê?! Se queres dizer alguma coisa, diz agora.
Harry: hás-de perceber que percebeste tarde.
Eu: tu e essas frases de pita.
Harry: mas é a verdade. Eu percebi tarde. Só não quero que te magoes.
Eu: ah, tass bem. É mesmo com essa frase que me vais ajudar.
Harry: desculpa...
Eu: não, não. É na boa...a Tris leva com tudo, escondam tudo da Tris... É na boa, a sério.
Acelerei o passo.
Harry: olha, a pequena amuou. - corre atrás de mim. - Promete-me uma coisa, então.
Eu: diz...- reviro os olhos. Ele coloca as suas mãos nos meus ombros.
Harry: se precisares de alguma cena em relação a a ela, se achares algo estranho ou suspeito acerca da Kim, fala comigo.
Eu: tudo bem. - desprezo-o.
O Harry faz-me uma festa e beija-me na testa.
Eu: Harry?
Harry: diz, Tris.
Estico-me e dou-lhe um beijo, de surpresa.
O Harry fica quieto, de olhos fechados, como se estivesse à espera de mais. Eu deixo-o pendurado.
Harry: ai é assim?
Eu não lhe respondo e faço-lhe um sorriso.
Harry: sua marotaa... - e corre atrás de mim.

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