No dia seguinte fui a primeira a acordar.
Eram 6 da manhã quando eu acordei. Tenho a manhã livre.
Ainda tentei adormecer, mas não consegui. Reparo que tenho uma mensagem do Harry.Desculpa aquilo de ontem, amo-te.
Eu respondo:
Eu não estou chateada. Eu sei que me amas.
Na verdade não sei se sei, mas eu gosto dele e estou feliz assim.
Estou bem.
Esta manhã vou dar uma volta com a Sarah, ela diz que tem algo para me contar.
Ouço alguém a meter a chave na fechadura. Não sei quem possa ser. Os meus pais estão a dormir e mais ninguém tem a chave, penso.
Decido levantar-me e ir espreitar.
Vou em bicos de pés e sinto um arrepio. Não faço mesmo a mínima ideia de quem poderá ser.
Espreito por aquele buraco pequenino que se encontra na porta.
Vejo do outro lado uma senhora a tentar, desesperadamente, abrir a porta.
É loira de olhos castanhos, está a usar uma camisinha amarela com os botões do colarinho (e alguns a baixo) despertados.
Ela não é gorda, mas tem umas partes...bom, bem mais salientes do que as outras.
Ocorreu-me que esta pudesse ser a dita Linda que mandou a mensagem ao meu pai.
Eu: quem é? - pergunto baixinho.
xxx: a Linda, querida. - para com a chave.
Eu sabia.
Eu: quem lhe deu a chave?
Linda: o teu pai. - pausa. - Ele não te falou de mim?
Eu não sabia o que havia de responder.
Eu: não sei, às tantas falou, não sei.
Linda: oh.
Eu: sim?
Linda: ele não falou, pois não?
Eu: não me lembro.
Ouço passos.
Eu: por favor, vá-se embora.
Linda: não. Eu não saio daqui enquanto não falar com o teu pai.
Eu: por favor, eu falo com ele e deixo-lhe recado. Vá, rápido, por favor!
Linda cedeu e foi embora.
Reencosto-me na porta, estou super aliviada.
O meu pai chega.
Vou confrontá-lo. Ele anda a esconder algo de nós, quero que ele a revele, pelo menos, a mim.
P: bom dia, querida. - dá-me um beijo na testa. - Acordada já tão cedo?
Eu: sim, tenho a manhã livre. Acordo quando me apetecer. - sorrio.
P: tens sorte, eu tenho de ir logo trabalhar.
Eu: olha, pai, pediram-me para te dar um recado.
P: já?
Eu: sim.
P: diz.
Eu: uma tal Linda passou por cá agora mesmo.
P: Linda?! - o meu pai ficou super surpreendido, mas recompôs-se. - Não conheço ninguém.
Eu: não me mintas, pai. Não me mintas mais. - aproximo-me da janela. Não sou capaz de ter esta conversa cara a cara com ele. - Ela garantiu-me que te conhecia. Ela ontem mandou-te uma mensagem.
P: não conheço.
Eu: CONHECES! - Grito e bato no vidro. - EU SEI QUE CONHECES!
O meu pai levanta-se rápido e agarra-me pelas ancas. Aperta-me contra ele e tapa a minha boca com a mão dele. Está a fazer imensa força.
Eu: larga-me. - mal conseguia respirar ou falar. Tudo o que consegui fazer agora foi apenas um ruído.
P: não fales de nada disto à tua mãe, okay?
Estou a chorar e a tentar morder a mão do meu pai. Esperneio-me ao máximo. Quero sair daqui.
P: promete-me que não lhe dizes nada.
Eu não respondo, continuo na minha.
P: responde.
Não respondo.
P: RESPONDE!! - grita e dá-me uma estalada.
Dou um gemido de dor. Depois, grito, grito e grito.
Nem sei como a minha mãe não acorda. Só quero que alguém me ajude, algum vizinho.
P: ESTÁ CALADA! SUA VACA INÚTIL! - ele continua a gritar e a raiva está a apoderar-se dele. Bate-me outra vez.
Eu: HARRYYYYYYYYY!!! - grito com todas as minhas forças. Espero que neste momento ele me tenha ouvido e se esteja a levantar para me vir ajudar, porque eu já não aguento mais. O meu pai está-me a bater e eu não consigo esforçar mais a voz. A minha garganta está tão seca e estou a gastar os meus pulmões para nada.
Isto é tudo inútil. Vou parar.
O meu pai que me bata.
"Coscuvilhar é feio, cuscar as coisas dos outros também! Abrir a porta aos estranhos é perigoso, podes nunca mais voltar a ver a tua família ou estar perto dela!" Ia repetindo estas palavras e a cada delas ia batendo-me mais uma vez.
Chega rápido, Harry, por favor.
De repente, o telemóvel do meu pai toca.
P: ah, o que é que foi agora! - larga-me e eu caio no chão, incapaz de me mexer.
De repente ouço um "BUM" e vejo que alguém arrombou a porta.
Aqueles caracóis não deixam ninguém passar despercebido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
• | T R I S | • {hs - pt}
FanfictionOlá, o meu nome é Beatrice. Nasci em Portugal, mas mudei-me recentemente para o Reino Unido e ainda bem. Aqui os meus pais estão felizes, eu sou feliz. Honestamente, aproveito esta oportunidade para me livrar do meu passado. Aquele que, infelizmemte...