A manhã mais longa

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Capítulo 27

Estamos os 3 sentados na mesa da sala a comer, em silêncio.

O Harry decide quebrar o silêncio.

Harry: este pequeno almoço está-me a saber muito bem, srª... - nota-se que ele não tem mais nada para dizer, mas a minha mãe interrompe-o.

M: chama-me Edith, Harry. - coloca a mão dela suavemente no ombro de Harry. - Obrigada por estares aqui connosco, neste momento tão complicado. Fico-te grata.

O Harry sorri.

Harry: poderão contar comigo e com os meus pais para o que precisarem. Agora somos mais do que vizinhos.

Agora somos mais do que vizinhos.

M: agradeço-vos imenso e obrigada, principalmente por cuidares da nossa menina e vires ajudá-la quando ela mais precisou.

Eu não preciso que cuidem de mim, não preciso de nenhum babysitter ou assim. Eu cuido de mim sozinha e odeio o facto de a minha mãe achar que eu ainda preciso de alguém para olhar por mim. Neste caso um homem. Como se eu não conseguisse aguentar-me sozinha.

Eu: eu não preciso que cuidem de mim, mãe.

M: pois. - olha para mim. - Desculpa, querida.

Sorrio-lhe.

Cada um de nós carrega um peso neste momento, uma responsabilidade.

E sinto que as responsabilidades da minha mãe e de Harry se focam em mim.

M: ele bateu-te, Tris? - tira um dos meus cabelos da cara.

Eu estou toda negra, não vale a pena negar.

Eu: sim, bateu.

M: não queres ir fazer gelo?

Eu: não penso que seja preciso, mãe.

O Harry lança-me um olhar reprovador como quem diz 'Vai meter o gelo, só te vai fazer bem.'. Depois agita a cabeça, o que confirma o significado do olhar.

Eu: se calhar até é melhor.

A minha mãe dirige-se para a cozinha e eu fico com Harry.

O Harry levanta-se e trás o seu prato consigo.

Harry: eu levo o teu prato.

Eu: deixa estar, eu levo.

Harry: deixa-te estar aí sentada!

Eu: Harry, eu não preciso de ninguém que cuide de mim ou que me diga o que fazer. Eu estou bem, okay? - digo suavemente, para não iniciar nenhuma discussão.

Harry: tu é que sabes. - responde secamente.

Levanto-me e não nego que me dói um bocado as costas, mas enfim.

A minha mãe encontra-se sentada num dos bancos da cozinha a sangrar de um dos pulsos.

Ela cortou-se e a faca que utilizou está em cima da bancada.

O Harry está ao lado dela, a tentar consolá-la.

Eu: mãe...

M: se-se eu ti-ve-ve-sse si... - dizia a chorar.

Eu: não tinhas de ser nada. Deste-nos o melhor de ti.

Harry: é verdade, Edith. É sempre amável e justa para todos.

Eu: vamos para o teu quarto, mãe. Hoje eu e o Harry ficamos a teu serviço.

M: então e a escola?

• | T R I S | • {hs - pt}Onde histórias criam vida. Descubra agora