ANAHÍ
Nos é atribuída uma espera de vinte minutos por uma mesa, na pizzaria favorita do Tony, no centro de Minneapolis. Esperamos no bar. Tony pede uma limonada, eu peço uma taça de vinho e Alfonso escolhe água.
— Nem uma cerveja? — pergunto.
Ele bebe um gole de água e balança a cabeça.
— Estou dirigindo.
— Deve ser peso-leve. — sorrio. — Mas isso é legal.
— Ele não bebe — Tony comenta olhando para uma televisão no canto.
Olho para minha taça de vinho e me sinto culpada.
Alfonso não fala nada.
Quando levanto a cabeça, seus olhos verdes me desafiam a fazer algum comentário. Ele mantém o filho em uma dieta severa por causa dos sintomas de autismo. Planta tudo que se pode imaginar. E não bebe. Talvez tenha sido alcoólatra?, mas não sinto necessariamente esse clima. Acho que ele só se preocupa com a saúde.
Acho.
Giro a banqueta para olhar para Alfonso. Meus joelhos tocam a parte interna de sua coxa. Ele olha para onde nossos corpos se tocam. Meu coração bate um pouco mais depressa.
Adoro tocá-lo.
O corpo dele enrijece, e ele se vira para ver se Tony continua atento à TV.
— Tudo bem. — Olho para o garçom e empurro a taça na direção dele. — Pode trocar por água com limão, por favor?
— Não. — Alfonso puxa a taça de volta para mim.
Não é só preocupação com a saúde. O jeito como ele olha para mim sugere mais que isso. E isso me entristece ainda mais.
— Não quero.
— Bebeu um gole.
— Não quero.
— Eu paguei por isso.
Aperto um pouco os olhos ao virar para ele.
— A mesa está pronta — uma garçonete morena animada avisa segurando cardápios junto ao peito.
Tony pula da banqueta e segue a garçonete, enquanto Alfonso e eu ficamos frente a frente. A ruga na testa dele fica mais funda. Reviro os olhos, abro a bolsa pego uma nota de dez dólares. Ele fica ainda mais tenso quando ponho o dinheiro no bolso de sua calça.
— Leva o vinho. — ele insiste.
— Não quero. — Viro e sigo Tony. — Quer sentar perto de mim ou do seu pai? — pergunto antes de escorregar pelo banco fixo.
— De você. — Ele responde.
— Boa escolha. — Pisco e sento ao lado dele, enquanto Alfonso põe a taça de vinho na mesa e tira o paletó, antes de sentar à nossa frente.
Ele resmunga, olhando feio para mim quando cruzo as pernas e chuto sua canela na passagem.
— E aí, o que tem de bom aqui? — pergunto.
— O que é aquilo que a gente come, pai?
Alfonso se esconde atrás do cardápio.
— Pizza de frango e vegetais.
— Parece bom. — Dou um sorriso. — Pede a grande, a gente divide.
— A massa é sem glúten — Alfonso avisa.
— Tudo bem.
— E o queijo é sem lactose.
Mordo a boca e assinto.
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Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]
RomantikAlfonso é um advogado sério e metódico, que vive amargurado por um passado trágico e dedica seus dias ao seu filho de 12 anos que tem um leve caso de Síndrome de Asperger. Atualmente, Alfonso está precisando de um novo inquilino para seu prédio come...