Capítulo 25

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ANAHÍ

Depois de vomitar seis vezes em um dia, começo a perder a cabeça.

Não vou conseguir. Os hormônios da gravidez são um inferno. Estou de seis semanas, no máximo. Não vou conseguir. Minha garganta está em carne viva. Todos os músculos da barriga doem como se eu tivesse cãibras ininterruptas. E estou cansada. Muito. Muito cansada.

— Vamos ficar um pouco mais, até você melhorar, meu bem — minha avó anuncia ao me dar uma xícara de chá de gengibre.

— Obrigada. — Eu me encolho no sofá com o chá.

Meu pai me analisa, ele não tenta falar nada nem pega o quadro branco. Mas ele está com aquela cara. A mesma cara que fazia quando eu era criança e fazia alguma coisa errada. Raramente precisava falar alguma coisa. Ele sabia que se olhasse para mim "daquele jeito" por tempo suficiente, eu desmontava em uma confissão desesperada de todos os meus erros.

— Quer chá, pai?

Ele balança a cabeça.

Queria que ele parasse de me analisar.

— Amanhã é véspera de Ano Novo. Devia sair. Ser jovem. Divertir-se. — Minha avó sorri para mim.

Estou verde e meu cabelo está oleoso. Aposto que vomitei no cabelo. Tem mais de vinte centímetros de neve recente no chão, e não moro aqui há três anos. Mas... minha avó acha que posso fazer planos grandiosos para o Ano Novo.

— Acho que vou deixar a jovem divertida para o ano que vem. Mas obrigada, vó. — Bebo um pouco de chá e torço para ele ficar no estômago.

— Ontem seu avô viu o Ron. Alexander veio passar as festas em casa. Talvez eles passem aqui mais tarde.

Meu pai faz um barulho como se tentasse falar, mas tem um ataque de tosse. Quando se recupera, ele pega o quadro branco.

Ele te deve desculpas.

Com ou sem desculpas, não quero vê-lo. Não desse jeito.

— Não sei se hoje é um bom dia para receber visitas. Não estou me sentindo bem. Não quero que todo mundo fique doente. — digo para vó.

— Eles não vão demorar, querida. Se não se sente bem, é só ficar no seu quarto. Mas Alex foi seu marido. Não consigo imaginar que ele não queira te ver. E tenho certeza de que ele já te viu doente antes, não é mesmo?

Doente? Sim. Grávida? Não.

A náusea ameaça voltar. Eu deixo a xícara em cima da mesinha e corro para o banheiro no andar de cima. Ponho para fora um pouco de chá misturado com bile, mais nada. Delicioso. Depois de enxaguar a boca, vou para o meu quarto e me jogo na cama. Pego o celular e digito uma mensagem ditada, com certeza, por hormônios furiosos.

EU: Odeio você e esse demônio que pôs dentro de mim.

Alguns segundos depois, meu celular apita.

Alfonso: Como você está?

EU: Vai se foder.

Alfonso: Do que está precisando?

Dou risada. Do que estou precisando? Sério?

EU: Não estar grávida nem enjoada.

Alfonso: É sério?

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora