Capítulo 17

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ALFONSO

— Minhas costas doem só de olhar para você. — Martin Hamilton ri apoiado na cerca entre meu quintal e o dele.

Quando voltei do encontro desastroso, troquei de roupa e fui trabalhar na poda das plantas para o inverno. Qualquer coisa para evitar as perguntas que sabia que Anthony faria, assim que ele desviasse os olhos do celular por tempo suficiente para perceber que eu estava em casa. Eu não tinha passado nem uma hora fora. Devia ser um novo recorde de encontro mais rápido.

— Ainda não me incomodo com isso. Talvez incomode em alguns anos. — respondo.

— Não, você ainda é jovem. Tenho certeza de que ainda vai passar muitos anos trabalhando duro sem arrebentar as costas. —ele ri.

Martin? — Abigail grita enquanto corre em direção à cerca.

— Ai, céus... — ele lamenta. — Devo estar encrencado por algum motivo.

— Martin, você precisa me levar até o prédio do escritório do Alfonso.

Sento sobre os calcanhares e limpo a terra das pernas.

— Não tem ninguém lá aos domingos — aviso, sem esconder que estou um pouco confuso.

Ela balança a cabeça.

— Anahí está lá. Não quero que ela volte para casa dirigindo. O pai dela foi para o hospital. Preciso tentar colocá-la em um avião.

— Comprar a passagem? Eu cuido disso, tenho... — Martin começa.

— Não. — Abigail balança a cabeça, e uma ruga sofrida surge em seu rosto. — A mãe dela morreu em um desastre de avião. Vou ter que receitar alguma coisa bem forte para ela conseguir embarcar.

Porra.

Tiro as luvas.

— Abby, não pode sedar ela e colocá-la em um voo comercial. Você vai com ela? — Martin pergunta.

— Estou de plantão. Vou pensar em alguma coisa, por enquanto, só preciso ir encontrá-la,vamos..

— Eu cuido disso. — Fico em pé.

— Você cuida do quê? — Abigail pergunta.

— De tudo. — Viro para entrar em casa.

Eles não falam nada, porque sabem que, quando digo que vou resolver alguma coisa, eu resolvo. Sem perguntas. Sem hesitação.

Chefe. — Dalila atende o celular no primeiro toque.

— Preciso de dois dias. E você precisa vir buscar o Tony. Vou falar para ele arrumar a mochila.

O que...?

— E não faça perguntas.

Chego em uns minutos.

A caminho da escada, arranco o celular da mão de Tony.

— Ei! — Ele corre atrás de mim escada acima.

— Preciso de sessenta segundos de sua total atenção. — Continuo andando para o quarto para jogar algumas roupas na mala.

— Tudo bem. O que é? — Ele se joga na minha cama.

— O pai da Anahí está no hospital. Vou levá-la para vê-lo. Vou passar dois dias fora. Dalila vem te buscar. Pegue suas coisas para dois dias. Não esquece de pegar cuecas limpas.

Ele sabe como agir. Já passamos por isso antes, quando tive outras emergências.

— Ele vai morrer?

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora