Capítulo 28

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ANAHÍ

Vejo Alfonso fazer a mala. Por que ele tem que ir embora? Conheço a resposta, mas meu coração insiste na pergunta.

— Tomara que o Tony tenha amado Nova York. — comento.

— Meu pai mandou uma foto dele na Times Square. — Ele me mostra o celular.

— Que sorrisão.

— É. — Alfonso olha para a foto por mais alguns segundos.

— Está com saudade dele.

— Sim. Tem dias em que fico aflito para sair de perto dele, mas depois de um tempo, sinto falta da provocação constante e da conversa interminável sobre coisas aleatórias.

E é por isso que ele deve ir embora. Posso querer que ele fique, mas só um filho precisa dele agora, e não é o que está no meu útero.

— É estranho não termos falado sobre um plano. Pensou em alguma coisa? — pergunto.

Ele fecha o zíper da valise e veste o casaco.

— Estou seguindo sua indicação de esperar para ver. Acho que vamos esperar alguns meses para ver se você continua grávida.

Sinto o golpe.

— Essa foi direta.

— Não mais que seus comentários.

— Que comentários?

— Sobre a possibilidade de um aborto espontâneo. Sobre "muito esforço por nada". Tenho a impressão de que dependemos totalmente da vinda dessa criança ao mundo.

— Bom... não dependemos? Eu vim embora. Você nunca tentou entrar em contato comigo, até que Tony e eu fizemos uma chamada de vídeo no Natal, mais de um mês depois de eu ter deixado Minneapolis. Depois você telefonou porque se sentiu culpado por alguma coisa que disse ao seu pai. E só apareceu aqui porque achou que eu não queria o bebê. O que mudou?

— Tudo! — Ele olha para o teto com as mãos na cintura. — Você não entende? Não vou mover céus e terra para fazer isso dar certo, para depois desistir de tudo se você perder nosso filho. Para mim, isso não é mais pelo bebê Anahí.

Tudo dentro de mim desperta com a emoção. Quero essa vida.

— Vai mover céus e terra por mim?

Ele deixa escapar uma risada cínica.

— É tão difícil de acreditar?

Sim. Homens me amam quando é conveniente. Quando a vida é boa. Quando eles têm duas mãos inteiras. Não tem nada de conveniente em nós. Quando Tony souber, a vida vai ficar complicada. E Alfonso não perdeu as mãos, ele perdeu uma coisa, alguém, muito maior.

Mas, ele ainda está aqui, para mim.

— Faça isso — sussurro. — Mova céus e terra.

Um sorriso sofrido distende seus lábios. Eu o abraço, lutando contra as emoções que acompanham uma despedida, que acompanham amar alguém tão completamente e precisa deixar ir.

— Céus e terra — ele responde, e beija o topo da minha cabeça.

•••

Alfonso agradece à minha família e dá um abraço demorado em minha avó. Não tenho certeza, mas acho que ela deu um tapinha na bunda dele.

— Não precisam me acompanhar. Fiquem aqui dentro, no quentinho.

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora