Capítulo 15

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ALFONSO

— Vamos comer fora? Duas vezes no mês? — Anthony me encara com os olhos arregalados.

— Sim. Por que não?

— Porque posso morrer de overdose de conservantes. Você mesmo disse. Está tentando me matar?

— Hoje, não.

Chegamos ao único restaurante mexicano da cidade com opções decentes de pratos sem glúten no cardápio. Anthony pede quase tudo. O garoto é insaciável, e não move um músculo, exceto para ir do ponto A ao ponto B. Não sei como ele consegue andar por aí com a calça caindo, sem barriga e sem bunda.

— Fiquei impressionado com o que você tocou agora há pouco. — comento, quando nos acomodamos na mesa.

— Como assim? — Ele bebe um pouco de água.

— Você é muito talentoso. Se quiser fazer aulas, entrar para uma banda ou... sei lá, alguma coisa assim, conte comigo para fazer o que for preciso para isso acontecer.

Ele sacode os ombros.

— Só gosto de tocar. Anahí diz que não preciso de um professor.

— Gosta da Anahí?

O mesmo gesto.

— Gosto.

— Eu também.

Ele concorda com um movimento de cabeça.

— O que vai achar se eu sair com ela?

— Sexo? — Ele levanta a cabeça de repente, e as pessoas próximas de nós no restaurante olham na nossa direção por alguns segundos.

Olho em volto como se me desculpasse.

Sair, Anthony.

— As pessoas saem para fazer sexo. Quer fazer sexo com a Anahí?

— Shhh... — Fecho os olhos e suspiro. — As pessoas também saem para jantar, talvez para ir ao cinema.

— Ah, sem sexo?

— Anthony...

Ele balança a cabeça.

— Promete que não vai fazer sexo com a Anahí nem com as minhas professoras. Nesse momento, estou com nota máxima em todas as matérias.

— Anahí não é sua professora.

— Ela é minha amiga, minha amiga. Por que tem que fazer sexo com ela? Não pode ir procurar os próprios amigos?

O garçom traz chips e salsa. Se Anthony pudesse parar de repetir a palavra sexo, a noite seria muito melhor.

— Jantar, Anthony. Você me ouviu falar em jantar? Talvez um cinema.

— E... — Anthony se inclina para mim de olhos arregalados.

— E depois eu a levo para casa.

— Sem sexo?

Oh, merdinha. Estou quase estrangulando o garoto. Mesmo que ele seja um gênio da música.

— Sem sexo.

Vou para o inferno mesmo. Que diferença faz uma mentirinha?

— Vai beijar a Anahí?

Afrouxo a gravata e coço o pescoço. Estou ficando alérgico ao Anthony também.

— Talvez.

— Então não. — Ele balança a cabeça várias vezes. — Beijar acaba em sexo. A gente aprendeu isso na escola no ano passado.

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora