Capítulo 4

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Anahí

Calma. Ele está aqui, em algum lugar. 

Não importa se passei a última hora revirando o prédio atrás do Mozart. Não importa se há um zilhão de lugares onde ele pode ter se escondido. Não pense em ratoeiras ou veneno. Ele vai aparecer. Calma.

— Mozart? — Chamo de novo no saguão depois que uma última pessoa deixa o edifício me olhando com desgosto e desejando "boa sorte" sem muita sinceridade. As pessoas são esquisitas em relação a ratos de estimação... essas criaturas incompreendidas.

Calma. Não chora.

Meu celular toca.

— Oi, é a Anahí. — Finjo alegria, apesar das lágrimas que já fazem meus olhos arderem.

Srta. Portilla.

Afasto o celular e olho para o número desconhecido, antes de aproximá-lo novamente da orelha.

— Sim.

Onde você está?

Que coisa mais sinistra. A voz é familiar... mas sinistra.

— Quem é?

Sr. Herrera.

Suspiro apesar do tom frio dele, apesar de como ele me faz querer sorrir ao se apresentar como Sr. Herrera, e apesar de estar à beira de um colapso, porque meu bebê sumiu.

— Alfonso, posso te ligar mais tarde? Estou... no meio de uma coisa importante.

Ah, é claro, Srta. Portilla, termine sua coisa importante, enquanto eu fico andando por aí de carro e cuidando do seu rato, já que não tenho nada importante para fazer.

— Mozart! Você está com o Mozart? — Meu disfarce já era. Um grande "0" para o esforço de manter a calma. Fecho os olhos e balanço a cabeça.

Vamos tentar de novo, porque não tenho a noite inteira. Onde você está?

— No meu prédio... ah... seu prédio — respondo.

Chego aí em cinco minutos. Não vou descer. Não vou nem estacionar o carro. Espero que tenha mãos rápidas, Srta. Portilla.

— Não se atreva...

Olho para a tela do telefone. Ele desligou. O filho da mãe desligou na minha cara depois de ameaçar jogar o Mozart pela janela do carro.

Subo a escada correndo, pego minha bolsa e a caixa de transporte do Mozart, tranco a porta do consultório e desço a escada correndo de novo. O ar frio da noite me impede de respirar por um instante quando passo pela porta da frente do edifício, desesperada para estar ali quando Alfonso entrar no estacionamento.

Segundos depois, a SUV chique aparece na esquina. Corro para ela porque, como prometeu, ele abre a janela e segura uma sacola de papel pardo do lado de fora.

Ele não pôs meu bebê em uma sacola.

Como faria qualquer boa mãe, corro para a frente do veículo sacudindo os braços.

— Para!

Ele para três centímetros antes de me atropelar.

— Ficou maluca? — Alfonso desce do carro e inspeciona o espaço de menos de três centímetros entre minhas pernas e o para-choque do carro.

Arranco a sacola da mão dele e resgato Mozart, afagando seu pelo macio com a ponta do meu nariz.

Alfonso balança a cabeça.

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora