Capítulo 1

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Um lugar especial no inferno: 10 anos mais tarde.

ALFONSO

Pessoas felizes deviam vir com um aviso.

- Alô, escritório de advocacia de Alfonso Herrera. Dalila falando... Sim... Certo... Eu digo a ele. Obrigada por ligar. Tenha um dia fantástico.

Quem fala fantástico? A origem dessa palavra é fantasia, o que significa que não é real. Minha secretária, que não veio com um aviso conveniente, deseja a todos que telefonam para cá um dia "que não é real".

Ela devia trabalhar no Disney World.

O interfone toca na minha sala.

Suspiro.

- Dalila, minha porta está aberta e não tem ninguém aqui. Não precisa usar o interfone. Dá para ouvir bem daqui.

- Como posso saber se está no telefone?

- É só virar e olhar para cá.

Ela se vira na cadeira. Levanto os olhos da tela do computador e a encaro.

- Não gosto de ser invasiva. Quando acontece, você me olha de um jeito que me dá arrepios.

Coço o queixo.

- Eu olho?

Ela ajeita o cabelo loiro atrás orelhas e me encara com uma expressão azeda.

- Sim. Você nunca sorri. É de arrepiar.

- Nunca? - Inclino a cabeça para um lado.

- Bom, só quando Anthony aparece depois da aula. Os cantos da sua boca se erguem tipo... - Os lábios dela tremem - ...meio milímetro. E muita gente nem percebe, se não estiver prestando atenção nisso.

Sorrir é uma coisa superestimada. E ela está certa, meu filho tem o melhor de mim. O pouco que resta.

- Quem ligou?

- Quê?

- Antes de me informar sobre como sou carrancudo, você me chamou pelo interfone.

- Ah, é. Anahí Portilla vai se atrasar uns quinze minutos. Ela ficou presa no trabalho.

- Atrasada. Não é um bom sinal. Provavelmente, significa que ela vai atrasar o aluguel todo mês.

- Sim, Alfonso. Provavelmente. Ela ficou presa no hospital, um lugar aonde vai para ganhar dinheiro. Definitivamente, isso é um sinal de que ela vai atrasar o aluguel.

Dalila se vira de frente para sua mesa.

- Está revirando os olhos para mim. - Falo e volto a me concentrar na tela do computador.

- Eu nunca faria isso, Chefe.

Vinte e cinco minutos mais tarde, ouço vozes na sala de espera. Continuo atento ao computador. Não há motivo para dar à Srta. Portilla a impressão de que não tenho nada melhor para fazer do que esperar por ela.

Meu celular vibra em cima da mesa.

Dalila: Anahí Portilla chegou. Imagino que saiba. Ela não é cliente, não sei se uso o interfone para anunciar sua chegada ou se posso só avisar verbalmente, já que sua porta está aberta. Como quer que eu lide com essa situação delicada?

EU: Está demitida.

Dalila: Fala sério!!! Caramba, tenho muita roupa suja para lavar em casa. Obrigada!

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora