Capítulo 26

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ALFONSO

— Acho que escovar os dentes três vezes é suficiente.

Apoiado no batente da porta do banheiro, vejo Anahí cuspir espuma e ameaçar vomitar. Alguma coisa me diz que posso esquecer sexo oral por um bom tempo. É patético pensar nisso agora, mas, eu penso.

— Nunca subestime o poder de dentes limpos. — Ela deixa a escova de dentes na pia e olha para mim. — Estou fraca, mas não sinto mais vontade de vomitar. Isso é bom, não é?

Sorrio e a abraço.

— Nunca subestime o poder das ervas. Mas você precisa se alimentar. Vamos começar com um caldo.

Ela segura minha gravata quando ameaço me mover. Senti falta disso.

— E o Anthony?

— Em Nova York com meus pais. Eles vão ver a bola cair hoje à noite.

Ela se anima, ainda pálida como um fantasma, mas vejo um brilho em seus olhos.

— Eles sabem?

— Não. Ainda não consegui pensar na logística disso tudo. Estou tentando entender como encaixar outro filho em minha vida sem sacrificar o relacionamento com o filho que já tenho.

Ela fica séria, como se a culpa da gravidez fosse dela.

— E está tentando pensar em como eliminar a distância de quase dois mil e quinhentos quilômetros entre seus dois filhos.

Seguro seu rosto e beijo sua boca de leve, inalando o hálito de menta.

— Estou tentando achar um jeito de diminuir essa distância entre nós.

— Falando em nós... como foi lá embaixo?

— Eles gostam de mim. Todos eles. Seu avô disse que é raro encontrar médicos que façam consultas domiciliares hoje em dia, e seu pai sorriu. Acho que causei boa impressão, não só pelo terno, mas pelo comportamento de cavalheiro.

— Cavalheiro? Você me mandou uma embalagem de lubrificante. Meu pai acha que é um relógio. Ele ficou furioso por não ter mandado gravar o relógio!

Eu rio. Meu Deus, amo essa mulher! E aí está, a verdade. Amo essa mulher e dói muito não saber como permanecer com ela. Sorrio para disfarçar a preocupação.

— Que desperdício foi essa compra. Quando exploramos esse território, você estava mais que lubrificada por conta própria.

O queixo dela cai.

Belisco suas bochechas.

— Essa é minha menina. Finalmente, um pouco de cor nesse rosto. Vamos comer?

Como eu esperava, a vovó olha para mim desconfiada. O clima mudou. Não sou mais o médico herói que faz consulta domiciliar. Agora me sinto como o professor que foi pego com a mão embaixo da saia da aluna.

— Como foi a hidroterapia, meu bem? — A avó de Anahí põe uma tigela de caldo na mesa e senta ao lado dela.

Anahí sorri e lança um olhar rápido em minha direção.

— Vó, o Dr. Herrera não é médico. O nome dele é Alfonso. Eu contei sobre ele e o filho, o Tony, lembra?

Vovó olha para mim. Sentado diante de Anahí, pisco para ela.

— Por que disse que era médico?

— Eu não disse. Falei que vim para cuidar da Anahí. Vocês inferiram que eu era médico. Eu, apenas, não desmenti.

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora