Capítulo 16

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ANAHÍ

O despertador estraga minha manhã às sete horas, seguindo a programação que eu mesma fiz. Gosto de dormir até tarde, mas o novo homem em minha vida me inspira a ser uma mulher típica: preocupada com minha imagem corporal.

Todo homem deveria ser forçado a voltar em outra vida como mulher.

Abro meu aplicativo de ginástica em quatorze minutos e faço um circuito de séries que envolvem pular corda, polichinelos, agachamentos, flexões e flexões de tríceps e tudo mais. Depois tomo um banho e para variar, continuo pensando em Alfonso Herrera.

Meu celular começa a tocar. Quem está ligando para mim antes das sete horas? Enrolo uma toalha na cabeça e visto o roupão enquanto atendo ao telefone no quarto.

— Oi, pai. É domingo. Não estamos no mesmo fuso horário. Esqueceu?

Eu te acordei?

Suspiro.

— Não, mas...

Então para de fazer seu velho se sentir mal.

— Desculpa. Como você está?

Velho.

Dou risada e sento na cama.

— Envelheceu como um bom vinho.

Encontrou um bom homem?

— Bom... — Sorrio. — Ele é homem, com certeza.

Um bom homem?

Alfonso é um bom homem?

— Acho que sim. Ele tem um filho também.

Divorciado?

— Viúvo.

Ah...

— Sim. É um pouco complicado. O nome dele é Alfonso. Na verdade, ele é o dono do imóvel onde instalei meu consultório.

Ele trabalha no mercado de imóveis?

— É advogado.

Dos bons?

Eu rio.

— Não sei bem. Não precisei dos serviços dele. Isso importa?

É claro que importa. Você vai querer estar com um cara que escolheu o lado certo.

— Um republicano?

Tanto faz se é republicano ou democrata.

Rio em silêncio e reviro os olhos.

O que me interessa é se é um homem de boa moral. Ele defende as pessoas certas? — ele continua.

— Acho que ele é da área de família. Imagino que pode ir para os dois lados.

A campainha toca. Sério, as pessoas não respeitam a sacralidade de dormir aos domingos?

Saio da cama e vou ver quem é.

Se acha que ele vale a pena, deve valer — meu pai diz enquanto vejo um rapaz segurando um pacote na frente da porta.

— Ele é um bom homem. Eu acredito nisso, de verdade. Só um segundo... — Guardo o celular no bolso do roupão. — Oi.

— Srta. Portilla?

— Sim.

— Entrega.

— No domingo?

Razões & Emoções -Adapt AyA [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora