Desculpa?

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O dia amanheceu, Maiara dormia toda torta naquela poltrona de hospital e eu?, bom, eu ainda estava toda lascada. Nada disso foi um sonho, é tudo real, eu realmente consegui me livrar do Gabriel.

Por mais que eu esteja em uma cama de um hospital. Machucada e com dores. Eu não durmo tão bem assim em meses, sem me preocupar em acordar na madrugada com medo de ser violentada ou espancada, sabe?, é bom me sentir segura um pouquinho, é bom estar longe do Gabriel. Falando em Gabriel, ele se matou. Ainda não consigo digerir essa informação muito bem, sei que agora ele nunca mais vai encostar um dedo em mim e eu realmente estou aliviada por isso, mas não consigo deixar de não sentir uma tristeza dentro de mim.

Eu amei ele, amei pra valer. Em geral a convivência ao lado dele foi horrorosa, mas teve momentos em que ele fez eu me sentir como se fosse única, tinha vezes que ele me fazia ver estrelas (não só de um jeito malicioso) sabe?, ele cuidava de mim, me paparicava, eram poucos esses momentos mas eram espetaculares. Não queria que ele morresse, queria que tivesse pagado em vida, iria valer muito mais a pena pra mim.

Eu: Ser a vítima é uma droga!. Vejo Maiara resmungar e acabo sorrindo ao olhar para ela.......- Obrigado por me salvar, Balala. No final de tudo é sempre você a minha heroína, não é?. Seco a lágrima que insistia em molhar o meu rosto........- Maiara?. Chamo por ela.......- Maiara, acorda!.

Maiara: Uhm!. Ela abre os olhos e assim que fixa eles em mim, a preocupação tomou conta do rostinho amassado dela.......- Tá tudo bem?, precisa de algo?, o que sente?. Ela vem até mim.

Eu: Eu estou bem, relaxa. Falhei na missão, lembra?. Digo me referindo ao episódio da piscina e ela nada diz........- Só te acordei porquê quero conversar, não me deixou dizer nada quando foi lá em casa!.

Maiara: Óbvio, né irmã. Eu fui lá para te tirar das aulas de luta e não fazer terapia em equipe!. Desvio o olhar........- Me desculpa, sabe que faço piadas quando fico nervosa ou em situações que me deixam com medo!.

Eu: É eu sei, e eu amo isso em você. É o seu jeitinho, por mais que as vezes me deixa estressada, eu nunca tiraria isso de você!. Ela sorrir........- Mas enfim. Você já me tirou das aulas de luta, podemos enfim começar uma terapia em equipe?. Ela solta uma risadinha gostosa.

Maiara: Podemos sim, sua tonta!.

Eu: Sei que errei feio em não escutar você, agora pode ver como me arrependo em ter brigado com você quando tentou me impedir. Maiara, você é a pessoa número um da minha vida e eu não devia ter feito pouco caso da sua preocupação. Você sempre tentou me alertar sobre o ser humano horrível que o Gabriel era e eu virei as costas para tudo que você dizia, eu estava cega. Cega e apaixonada!.

Por incrível que pareça, eu não chorava enquanto falava. Eu só sabia sentir desgosto pelas minhas atitudes e culpa, uma culpa gigantesca.

Eu: Te magoei com palavras e te magoei com atitudes que tomei, te prometi que nunca te abandonaria e eu te abandonei. Maiara, tirar você da minha vida foi escolha minha. Te expulsei da minha vida a partir do momento em que parei de ouvir os seus conselhos e juro por tudo que é mais valioso para nós, que, eu nunca vou deixar de me desculpar por isso. Se não fosse pela a minha desobediência, eu não estaria nessa cama de hospital sobrevivendo só pela misericórdia!.

Maiara: Irmã!. Diferente de mim, ela chorava.

Eu: Eu não queria estar aqui agora, sendo muito sincera com você, eu estou triste porque não consegui ir direto para o inferno ou para o céu. Caso Deus me concedesse a chance de conhecer a paz. Posso estar sendo egoísta ou uma desgraçada por parecer que estou fazendo pouco caso da ajuda de vocês, mas não, eu nunca vou poder agradecer o suficiente por tudo o que fizeram por mim. Mas Balala, se eu pudesse me afogar naquela piscina de novo, eu me afogaria!.

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