Se decepcionar com uma pessoa por quem você colocava as mãos no fogo, sem dúvidas é uma das dez piores dores do mundo. É até engraçado ver que de fato tem gente que não foram feitas para estar com a gente, não é?, achei que terminaríamos de forma amigável, que iríamos sentar no meu sofá e dar risadas dos momentos que vivemos, mas ao invés disso, estamos acabando como rivais.
Lívia: Tem certeza de que é isso mesmo que você quer, meu amor?. As malas com as coisas dela já estavam na sala.......— Podemos sentar para conversar, nós podemos nos entender!. Nego.......— Marília, você nem conhece ela. Está me trocando por uma menina!.
Eu: Uma menina que me parece ter muito mais maturidade que você. E eu não estou trocando você por ela, eu já ia terminar com você antes porque nos tornamos duas estranhas!.
Lívia: Duas estranhas?, somos perfeitas juntas. Só estávamos passando por uma fase difícil, aí chegou essa garota e você se atirou nos braços dela!.
Eu: Não diz o que você não sabe, Lívia. Aliás, não diz mais nada!. Pego uma das malas........— Chamei um uber pra você, agora some da minha vida e não volte nunca mais!. A feição dela era de ódio e frustração.
Lívia: Isso não vai ficar assim, Marília, ah mas não vai mesmo. Ninguém me dá um pé na bunda desse jeito, eu não perdi cinco anos da minha vida ao seu lado atoa não, pra agora chegar uma vagabunda qualquer e te tirar de mim!.
Eu: Isso aí, meu amor, mostra a verdadeira filha da puta que você é!. Altero o meu tom de voz.
Lívia: Você não vai ficar com essa garota, Marília, não vai!.
Eu: Sai da minha casa!. Pego ela pelo o braço.......— SAI DA MINHA CASA AGORA!. Coloco ela pra fora e logo em seguida coloco as malas pra fora também.
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Carla Maraisa narrandoSinto falta da Marília, tratar ela com indiferença me magoa por dentro. Queria poder beija-lá de novo, sentir o sabor dos lábios dela de novo. Hoje eu estive com ela na fisioterapia, ela estava estranha comigo, mas sei que a culpa é toda minha.
A tarde já estava indo embora dando lugar para a bela noite, eu já estava de banho tomado e de barriga cheia, estava deitada na minha cama olhando para o teto quando ela invade a minha mente. Pensar na Marília aquece o meu coração, faz nascer sorrisos bobos no meu rosto, não consigo entender direito o que me fez gostar dela assim, a única coisa que eu entendi de verdade é que gosto dela e gosto muito. A risada dela, o olhar dela, o tom de voz doce que ela usa para falar comigo, o cheirinho dela, o toque dela....
É estranho gostar de alguém de novo, estranho porquê não faz muito tempo que me livrei do Gabriel e talvez seja isso que torna estranho. Tenho medo de que esse sentimento não seja real, e se eu estiver me enganando?, existe a possibilidade de que eu esteja me "apaixonando" na Marília só para tentar mostrar ao meu cérebro de que posso amar de novo, quando na verdade não posso. São tantas coisas que rondam a minha mente e que ativam inseguranças que acabam comigo, que me sufoca e me tira o ar.
Sinto meu peito apertar e minha respiração falhar com tantas dúvidas, penso em chamar a minha mãe, mas quando me sento na cama e olho para frente, vejo Gabriel parado rindo do meu desespero.
Eu: O que faz aqui?. Chego para trás e me encosto na cabeceira.......— Vai embora da minha casa, seu mostro!.
Gabriel: Xiiiu. Não precisa ficar nervosa, meu amor!. Jogo um travesseiro nele e ele rir.
Eu: Para de atentar a minha vida, você está morto!. Choro.
Gabriel: Morto?, não, pra você eu estou bem vivo!. Escondo o meu rosto entre as minhas pernas e coloco as mãos no ouvido.
Eu: Não tem ninguém aqui. Não tem ninguém aqui. Não tem ninguém aqui!.
Gabriel: Não sente a minha falta?, vai dizer que não sente falta dos meus carinhos?.
Eu: Não tem ninguém aqui. Não tem ninguém aqui. Não tem!.
Gabriel: Que não sente falta dos meus toques!. Escuto os passos dele se aproximando........— Que não sente falta dos meus beijos nesse seu corpinho!.
Eu: Não tem ninguém, isso é só coisa da minha cabeça. Você tá morto, tá morto. Morto, mortinho. Viram você pendurado lá!.
Gabriel: Olha pra mim, meu amor. Olha só como estou vivinho só pra você!. Escuto a risada nojenta dele.
Eu: Não, não. Tá morto. Morto. Morto. Morto. Morto!. Fico repetindo para mim mesma na intenção de me convencer, já estava a ponto de gritar quando escuto a porta se abrindo.......— Morto. Você tá morto, morto. Tá morto!.
Xx: Ei, quem está morto?. Escuto a voz da Marília, mas continuo com a minha cabeça entre as pernas e repetindo a mesma coisa.......— Maraisa?, sou eu, a Marília!.
Eu: Tá morto. Você está morto!.
Marília: Levanta a cabeça, sou eu aqui!. Sinto ela sentar na cama........— Meu bem, olha aqui pra mim!. Sinto o toque dela na minha cabeça e automaticamente olho para ela.......— O que foi?, por que está assim?. Ela tenta enxugar as minhas lágrimas.
Eu: O Gabriel veio infernizar a minha cabeça. Ele está aqui me perturbando, Marília!. Olho para o Gabriel e ela acompanha o meu olhar.......— Eu não aguento mais!. Abaixo a minha cabeça novamente.
Marília: Não não. Olha pra mim, por favor!. Ela ergue a minha cabeça novamente........— Não abaixe a sua cabeça para este idiota nunca mais, entendeu!. Ela se levanta e depois se senta ao meu lado na cabeceira........— Onde ele está agora?.
Eu: Está aqui na nossa frente!. Olho para baixo........— Ele falou que você é bonita, está olhando pra gente com malícia. Eu não quero olhar pra ele, Marília!. Ameaço a chorar novamente e ela me abraça de lado.
Marília: Você precisa olhar pra ele, precisa enfrentar ele de uma vez por todas!. Digo que não consigo.......— Você consegue sim, mostra pra ele que você consegue se defender. Mostra que as ameaças dele ou tudo o que ele diz não pode te ferir mais, mostra que está mais forte do que nunca. Olha pra ele, rir da cara dele, mostre quem é a verdadeira dona do circo. Manda esse bundão ir pra casa do caralho, seja forte e enfrente ele, não deixe ele te dominar de novo!.
Eu: E se não funcionar?.
Marília: Você faz a mesma coisa todas as vezes em que ele aparecer, isso vai desarmar ele, ele vai desaparecer assim que o seu medo for embora. E isso só vai acontecer quando você enfrentar!.
Eu: Tá bem!. Passo a mão no meu rosto e depois olho para ele com raiva........— Seu imbecil do caralho, some daqui agora. Eu estou bem, estou a salvo e muito bem protegida, e você, você não passa de um cadáver que a essa altura, já está só o osso!. Olho para a Marília e ela faz um sinal com a cabeça para continuar........— Você não pode me assustar mais, então vaza daqui!.
Gabriel: Até mais, meu amor!.
Eu: Até nunca mais!. E ele desaparece........— Funcionou. Ai meu Deus, isso funcionou mesmo!. Fecho os olhos aliviada e depois dou um abraço apertado na Marília........— Obrigada, Marília!.
Marília: Disponha!. Ela sorrir........— Não chore mais, chega de derramar lágrimas por causa de um fantasma!. Forço um sorriso.
Passo a admirar o rosto dela e percebo que ela é ainda mais linda olhando assim de perto, mas o olhar dela estava triste e parecia ter chorado horas antes. Ela estava em silêncio apenas me vendo olhar para ela.
Eu: Você chorou?, o que aconteceu?. Ela desvia o olhar........— Me conta, Marília!.
Marília: Terminei com a Lívia!. Me espanto........— Ela conseguiu me decepcionar de verdade, destruiu todos os pensamentos bons que eu tinha sobre ela!.
Eu: Como assim?, o que ela fez?. Ela leva a mão até o meu rosto, onde inicia uma carícia.
Marília: Ela mexeu com a minha pessoa favorita!. Ela aproxima a boca da minha........— Você!. Dito isso, ela encosta os lábios nos meus.
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Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.