Por amor

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Marilia narrando

Saí da casa das meninas, completamente destruída. Lívia e eu, realmente iríamos fazer uma fertilização. Queríamos filhos, então fomos atrás de todo o processo médico, pra conseguirmos adiantar tudo. Mas nosso namoro começou a ter muitas instabilidades, então, mesmo com todo o processo em andamento, preferimos esperar mais um pouco. Mas desde então, não falamos mais nisso. Lívia estava estranha, vivia fora ou no trabalho. Isso quando não mentia pra mim sobre onde estava. Ela pode realmente estar grávida, mas tenho certeza que não foi porque fez fertilização.

Lívia sempre foi conhecida por ficar com todo mundo, por onde passava. Ela sempre disse que mudou depois que começamos a namorar, e eu acreditei. Mas de um ano pra cá, as coisas mudaram muito. A frieza dela começou a me machucar, mas eu aprendi a lidar com aquilo e me acomodei. Mas agora, me apaixonei por alguém completamente improvável. Não por ela, e sim por mim. Nunca me apaixonei por pacientes, sempre soube diferenciar bem os dois, mas com ela foi tudo tão diferente.

A dor do afastamento ainda latejava em meu peito enquanto eu observava Maraisa soluçar em meio ao caos emocional que tomava conta de nós. As palavras lançadas com fúria e o rompimento abrupto de nosso relacionamento, me feriam profundamente, trazendo à tona a sensação de perda e a incerteza do que estava por vir. Sentia-me devastada, mas, ao mesmo tempo, decidida a encontrar uma solução para aquela situação.

O turbilhão de pensamentos me atormentava, mas eu sabia que precisava lutar pela verdade, pela chance de esclarecer tudo e mostrar a Maraisa que nosso amor era genuíno. Assim que saí da casa delas, fui até o apartamento de Lívia, sabia que ela estaria lá. Ela não trabalha nas sextas, então sabia que ela não sairia de casa hoje. Sem ao menos avisar na recepção, eu subi até o oitavo andar, e toquei a campainha de Lívia, impacientemente.

Ela não estava sozinha, eu sabia que não. Estava ouvindo risadas, vozes animadas dela e de um homem. Assim que Lívia apareceu na porta, eu olhei pra dentro do apartamento confirmando minhas suspeitas. Ela estava com um Hobby branco, parecia não usar nada por baixo; e o homem estava sem camisa. Isso não me deixou surpresa. Lívia sempre deixou claro, antes de termos algo sério, que ela era BI. Já tinha ficado com muitos homens, e muitas mulheres; sempre disse que ambos atraem ela.

Eu: Esse foi o idiota que te engravidou? – Lívia ficou completamente vermelha.

Lívia: Querida...– gaguejou – não, ele é só meu amigo. – Sorri negando.

Eu: Conta outra! – Bufei – Você não usou os meus óvulos congelados. Não faria isso sem meu consentimento, nem pode. – Ela negou.

Lívia: Claro que posso, amor. Somos um casal.

Neguei, sentindo o ódio cada vez mais forte.

Eu: Não me chama de amor! – Gritei assustando ela – E não somos um casal. Você é uma idiota, destruiu a mulher que amo com mentiras. – A encarei – Sério Lívia?? Sério?

Seu rosto vermelho enquanto ainda me encarava, só me fazia ter mais raiva dela. Não sabia que ela seria capaz de fazer essas coisas, não consigo. Se dizia me amar tanto, porque me fez sentir isso? Não consigo entender porque o amor machuca tanto antes de ser o certo. Acreditei em Lívia, quando ninguém acreditava. Mas percebi que quando muitas pessoas falam a mesma coisa sobre uma determinada pessoa, ela realmente pode ser o que dizem.

Lívia: Marilia, vamos ter um filho! – Disse sorrindo – Amor, a gente queria um bebezinho.

Eu: Cala a porra da boca! – Gritei – Cala a boca! Você vai fazer um teste de DNA! Eu pago, mas você vai fazer.

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