Ciclo vicioso

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Falam que quando você está perto de morrer, um filme passa pela sua cabeça. Você vê tudo que já passou, as coisas boas que viveu, as ruins, vê tudo em questão de segundos. Mas ninguém fala como é horrível ver um filme sobre alguém que você quase viu morrer. Quase vi Maraisa morrer uma vez. Chegando naquela casa que tinha um ar pesado, e vendo minha irmã completamente desmaiada naquela piscina fria. E aqui, e agora, sinto que estou revivendo tudo outra vez.

Estávamos em um clima bom depois das revelações de ontem. Não passava pela minha cabeça, que Maraisa era sócia de boa parte desse lugar. Confesso ter me assustado, afinal, minha irmã nunca me contou sobre nada disso. Maraisa ainda estava um pouco insegura com relação a piscina, entendo que é realmente algo difícil de se superar. Foi um trauma, e todos respeitariam o tempo dela; mas isso foi arrancado da minha irmã.

Vi uma moça de longe nos observando, mas achei que talvez fosse só impressão minha. Alguns minutos depois, quando Maraisa finalmente estava falando sobre criar coragem de entrar na piscina, a mesma moça que eu tinha visto antes, a empurrou pra piscina infantil. O lugar não estava muito cheio, ainda era cedo, não tinha muita gente ali. Não tive tempo de reagir, mas observei a moça se aproximar de minha irmã, e a jogar na piscina.

Maraisa não conseguiu se defender. Seu corpo caiu dentro da água em milésimos de segundos. Ainda não tinha visto quem era a mulher, ela usava um chapéu e um óculos escuro. Mas assim que olhei o reflexo enquanto ela jogava Maraisa na piscina, soube que era a Anna.

Marilia: Amor!

Eu: Maraisa! – Gritei me levantando rápido.

Marilia também viu toda a cena, assim como Matheus, e os outros que estavam com a gente. Sem pensar, corri na direção da minha irmã. Queria tira-la de lá. Maraisa não se mexia, e isso me assustava. A piscina era rasa, ela poderia simplesmente levantar, mas isso não aconteceu. Me aproximando vi que ela estava desacordada, tinha uma leve mancha de sangue no chão da piscina, Maraisa tinha os lábios roxos, e pele pálida.

Eu: Ela tá muito fria. – Falei assim que toquei na minha irmã.

Matheus: Amor, calma, vem aqui.

Matheus me puxou, me tirando dali pra que pudesse pegá-la, e deixei que Ricardo e Bruno pegassem Maraisa. Senti meu coração parar de bater quando vi o rosto dela outra vez. Minha irmã estava completamente apagada, fria, frágil, e completamente machucada. O medo que senti quando a vi amarrada naquela piscina, me invadiu com força. Revivi todo aquele momento de dor outra vez. Marilia passou do meu lado como um furacão, e foi até Anna.

A loira tinha seu rosto completamente vermelho. Marilia estava fora de si. Com toda força que tinha, ela agarrou os braços de Anna, a sacudindo fazendo a mulher arregalar os olhos.

Marilia: Sua desgraçada! – Gritou – Filha da puta! – Sua voz estava completamente alterada – Eu juro, que se algo acontecer com ela, eu acabo com você.

Bruno: Marilia, para, por favor.

Marilia: Você vai pagar por isso! – Gritou ainda olhando pra mulher.

Bruno puxou a mulher, tentando segurá-la, e um segurança que estava ali levou Anna. Marilia se aproximou, abaixando do lado de Maraisa tentando examiná-la. Suas mãos visivelmente trêmulas, seus olhos lacrimejando, e sua respiração ofegante mostrava o quão aflita Marilia estava. Julia tocou o rosto de Maraisa, descendo a mão pro pescoço dela em seguida, tentando procurar seus batimentos.

Julia: Ela não tá respirando! – Informou me fazendo entrar em um choque de realidade.

Marilia: Liguem já pra uma ambulância! Agora! – Marilia gritou como se precisasse daquilo pra estar viva.

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