Assim que voltei pra casa, ainda fiquei um bom tempo pensando no que a Marilia tinha me dito. Era confuso pensar que, o amor ainda era real. Amei a pessoa errada, e sinto que tenho a maior porcentagem de culpa nisso. Talvez, nunca consiga sentir nada por ninguém, nunca mais. E, nem vejo isso como uma coisa ruim. Se eu não sentir nada, eu também não vou deixar brechas pra que me machuquem, então, não sei se deixarei alguém me amar outra vez, não quero sair tão traumatizada quanto saí agora, se é que isso é possível.
As palavras de Marilia ainda ecoavam na minha cabeça, isso, porque já fazia 3 dias que ela tinha dito aquilo. Mesmo com o relacionamento dela se esvaindo, ela ainda acredita que o amor é mágico. É genuíno, leve, e bom. E talvez seja. Mas não pra mim, sou um problema agora, e pessoas como eu, não merecem um novo amor. Maiara estava no quarto ao lado, provavelmente ainda dormindo, já que são 07:30 da manhã. Não consegui pregar os olhos essa noite. Minha irmã insistiu em dormir aqui, como todos os outros dias. Mas disse que estava bem, e que ela poderia ir descansar no quarto dela, mas, pelo jeito, ainda não consigo fazer o mínimo sozinha.
Passei a noite em claro, nem mudar de posição na cama eu consegui direito. As sessões de fisio deveriam estar me ajudando, mas acho que estão na verdade, me fazendo ter mais dores. Comentei com Marilia que tenho me sentido pior ultimamente, mas, tenho conseguido segurar as coisas na mão por mais tempo sem deixar cair, e isso significa um avanço. Então, mesmo que esteja doendo agora, sei que é uma dor pra cura. Eu precisava ir ao banheiro, e era meio claro que não conseguiria sozinha, mas resolvi tentar.
Me virei de lado na cama, com muita dificuldade, apoiei os cotovelos tentando me dar firmeza, e sentei na cama, esse era só o primeiro passo. Confesso que durante esses primeiros dias, até respirar dói, então me sentar sozinha também não foi nada agradável. Estava frio, então minha mãe sempre me deixava de meias, assim, quando eu levantasse, não teria contato direto com o chão gelado. Com muito cuidado, e dor, eu me levantei segurando na cabeceira da cama. Só tinha um problema, da cama até o banheiro, eu não teria nada pra me apoiar. E contando que não consegui ficar muito tempo em pé sem ajuda, não sei se vou chegar no banheiro inteira.
Tirei as mãos da cabeceira da cama esbarrando no copo de água que tinha perto no criado-mudo perto da cama, e derramando água no chão.
Eu: Ótimo! Agora além de andar, tenho que não pisar na água. – Falei comigo mesma
Respirei fundo olhando pra frente, e tentando pensar como não pisaria naquela poça de água. Mas, pelo jeito foi só pensar mesmo. O primeiro passo que eu dei, não teve problema; desequilibrei um pouco, mas não foi nada demais. Só não posso dizer o mesmo do segunda. Meu corpo desequilibrou quando meus pés pisaram na poça me fazendo perder o controle, e sem ter onde me segurar, meu corpo caiu no chão fazendo um barulho enorme. Não sei se era possível sentir mais dor, mas com certeza, eu prefiro as sessões de fisioterapia.
Antes que eu pensasse em chamar alguém, Maiara apareceu desesperada na porta com a carinha amassada.
Maiara: Ai meu Deus! – Disse entrando no quarto – Você tá bem? Como caiu? Machucou alguma coisa?
Eu: Respira, Maiara! – Pedi percebendo o nervosismo dela.
Maiara: Desculpa. Não sei se posso te levantar, vai que quebrou alguma coisa.
Eu: Não, não quebrou nada. – Eu disse sem ter certeza. – Só me ajuda.
Maiara: Tá — Segura minha mão.
Minha irmã estava com mais medo que eu, sua cara não negava. Ela me ajudou a levantar, me colocou de volta na cama, e quase chorou junto comigo quando reclamei das dores que agora, estavam pelo meu corpo inteiro. Acho que assim como eu, Maiara não sabia muito o que fazer, era tudo muito confuso. É difícil quando você para de conviver com alguém que te machucou muito, mas mesmo assim, você carrega a pessoa com você de alguma forma. Não demorou pra minha mãe aparecer no quarto, com a mesmo expressão que a minha irmã.
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Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.