Tudo de novo

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A familiar sensação de estar presa naquela sala de espera novamente, era um tormento que parecia não ter fim. A imagem de Anna empurrando Maraisa na piscina continuava a se repetir em minha mente, como um filme aterrorizante que não podia ser desligado. As cenas ecoavam como um eco insistente, uma lembrança que eu não conseguia ignorar. Antes, eu era apenas uma amiga preocupada na sala de espera, e agora, estava à beira de perder a pessoa que mais amo no mundo.

Minha bagagem de conhecimento na área de saúde só amplificava a angústia. Os sinais vitais que Maraisa exibiu na ambulância, não me deixaram com esperança. Não sou uma leiga no assunto e, honestamente, temo que ela não desperte tão cedo. Chegar ao hospital não foi um alívio instantâneo. Na verdade, me senti impotente e vazia quando ela teve uma parada na minha frente. A equipe de paramédicos trabalhava com urgência, apitos estridentes preenchiam o ar, e tudo o que eu podia fazer era observar enquanto eles tentavam trazê-la de volta.

A maca, outrora um sinal de esperança, tornou-se um foco de agonia. E então ela foi levada para a sala de atendimento, as portas se fecharam atrás dela, e um silêncio esmagador tomou conta do ambiente. Eu me vi sozinha, em meio àquele vazio e ao silêncio ensurdecedor. Parecia que a noite perfeita que compartilhamos ontem tinha sido apagada abruptamente, substituída pela dor avassaladora. Os sentimentos positivos se dissiparam, como nuvens escuras encobrindo um céu ensolarado.

Minha mente não cessava sua ininterrupta narrativa, uma cacofonia de pensamentos e preocupações que me deixava à beira do colapso emocional. Após um longo período de relativa estabilidade, me vi mais vulnerável do que jamais estivera. Minha fundação emocional estava abalada, e cada pensamento trazia consigo um turbilhão de emoções. Era como estar em um mar tempestuoso, incapaz de encontrar um porto seguro para ancorar.

Admito que sentia que algo estava pra acontecer, avisei Maraisa assim que acordamos. Ela estava vestindo o biquíni, enquanto eu penteava meu cabelo quando eu suspirei e ela tocou meu ombro. Eu sentia meu coração apertado, um arrepio estranho como um aviso de que algo estava por vir.

   Maraisa: O que foi, amor? Não quer descer?"

    Eu neguei deixando a escova ali me virando pra ela.

    Eu: Não, não é isso. – Eu disse – Sinto algo estranho. Uma sensação estranha.

    Maraisa: Como assim?

     Eu: Não sei. Talvez seja só cansaço. – Dei de ombros. – Fazia tempo que eu não saía assim. – Beijei o rosto dela – Tá tudo bem. Vamos descer. Já tô pronta.

Mesmo tentando fazer aquilo sumir, eu continuei carregando aquele sentimento em silêncio. Tentei ignorar na intenção de fazer sumir, mas não funcionou. Confesso que se não fosse por Bruno, eu teria matado Anna ali mesmo. Não gostei dela desde o primeiro dia que a vi, mas nunca imaginei que ela tivesse coragem pra fazer o que fez. Sua expressão vitoriosa ao ver Maraisa completamente frágil naquela piscina, me fez enlouquecer. Nunca tive tanta raiva de alguém, como agora.

Minhas mãos tremem como se tivessem vidas próprias, meu corpo inteiro está em choque. Os ponteiros do relógio pareciam não andar, jurei estar parada no tempo, até finalmente olhar pra porta, e ver Maiara, Matheus, Julia, Bruno e Ricardo entrarem. A ruiva estava completamente vermelha, seus olhinhos haviam pedido o brilho, e ela parecia ainda, um pouco confusa. Todos vieram rápido em minha direção, mas a única coisa que saiu da minha boca, foi um soluço desesperador.

Bruno: Ei, ela vai ficar bem! – Disse baixinho. – Logo sairemos daqui prontos pra outra.

Eu: Eu nunca senti tanto medo na vida.

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