Medo

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Depois que a Maiara deitou comigo, posso dizer que dormi bem melhor. Ela e a mamãe me deixaram dormir até 11:30, eu realmente estava muito cansada, precisava dormir. Admito que antes de realmente pegar no sono, fiquei um bom tempo pensando no que Maiara me disse. Aquilo, e as palavras de Marilia, ecoavam na minha cabeça em uma altura inimaginável. Ficavam se repetindo como um disco ralado, sem opção de pular pra próxima faixa, ou mudar o disco. Mas no fundo as duas tinham razão. O amor não pode machucar.

Talvez eu seja o grande problema nessa situação toda. Quem sabe, eu que não sabia amar, e por isso tenho tantos problemas com isso. Toda ação tem uma reação. E talvez, a minha insuficiência fez Gabriel tomar raiva, ao ponto de ter que me machucar fisicamente pra ver se eu realmente sentia alguma coisa. Assim que acordei, Maiara disse que todos estavam na mesa, me esperando pra almoçar. Mas além de não sentir fome, eu não estava com, disposição o suficiente pra sair da cama.

Aquela queda de ontem conseguiu piorar minha situação. Cada pedacinho meu dói, o que parece estranho, já que antes também estava doendo. Nem eu sabia que tinha como piorar. Minha metade me ajudou no banho, quase chorando junto comigo, e depois, descemos pra cozinha. Tentei disfarçar tudo que sentia quando cheguei lá, sei o quão preocupados estão, mas não era isso que queria, não queria que se preocupassem tanto comigo. Fora que Cesar estava na mesa, e ele mal sabia o que tinha acontecido comigo.

Marco: Conseguiu dormir, princesa? – Ele perguntou beijando entre meus cabelos.

Eu: Consegui sim, pai.

Almira: Alguma dor? – Neguei, obviamente era uma bela mentira, e Maiara sabia, já que me lançou um olhar de repreensão.

Não queria que eles estivessem passando por todo esse caos por minha culpa, me sinto horrível por isso. Quando pensei em voltar pra casa dos meus pais, pensei que viria bem, traria todos os nossos momentos juntos de novo, mas parece que só trouxe desordem e preocupações. E esse nunca foi meu objetivo.

Eu: Não se preocupa. – Forcei um sorriso, estava incomodada, queria ir pro quarto – Eu posso ir pro quarto?

O olhar de todo mundo foi o mesmo; surpresa. Eu mal tinha tocado na comida, ou bebido o suco que tinha em meu copo, mas queria voltar pro quarto. Não quero atrapalhar o almoço deles, estão sempre tão animados e, sorridentes, tenho medo que minha energia contagie eles. Papai me olhou franzindo o cenho, mas seu olhar tinha um pouco de calma.

Marco: Mas você nem comeu ainda, meu amor. Tá tudo bem?

Eu: Eu só quero ir pro meu quarto. – Respondi baixo, não queria dizer que na verdade, estou segurando o choro pela intensidade da dor em toda a área das minhas costelas.

Era uma dor aguda, persistente. Parecia que não ia passar por tão cedo, não se eu não mantivesse meu corpo estático. Meus pais me olharam forçando um sorriso, e eu conseguia ver o, quão cansado eles dois estavam. Cansados de tudo isso, das dores, das minhas crises, cansados de ver eu me isolando, ou chorando; cansados de mim. Aquilo me destruía. Maiara bebeu um pouco de sua água, se levantou, e estendeu o braço pra mim.

Maiara: Vamos. Eu levo você. – Ela disse – Mas volto pra buscar seu almoço, não comeu nada ainda.

Eu: Tanto faz. Só me leva pro quarto. Por favor. – Pedi sussurrando, ela sabia porque eu queria ir pro quarto, mas entedia que se eu não disse o motivo, é porque não quero que saibam, e ela respeita isso.

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