Marília narrando •
Minha cabeça estava doendo mais do que eu sabia que era possível. Eu sentia um peso enorme em todo meu corpo. Não esperava aquela reação de Maraisa, sei que ela é uma pessoa incrível, mas também sei que é uma situação difícil pra ela. Não consigo imaginar isso, namorar alguém que do nada a ex aparece grávida. Sei que isso é conflitante pra ela também. Sei que Maraisa deve estar tão confusa quanto eu, mas ela deixou os sentimentos dela de lado pra me acalmar, e isso foi o que me surpreendeu.
Antes de levantar totalmente da cama, olhei pro lado a procura de Maraisa, mas não encontrei nada. Olhei pra porta do banheiro e estava aberta, e a sala, não parecia ter barulho algum. Me levantei rápido quase me sentindo tonta, e saí pela casa a procura de Maraisa.
Eu: Amor? – Chamei descendo as escadas – Amor, onde você tá?
Recebi o silêncio em troca. Senti meu coração desparar ao imaginar que Maraisa tivesse ido embora. Cheguei na garagem vendo que meu carro não estava ali, e só senti mais medo. Voltei pro quarto pra pegar o celular e mandar mensagem pra Maraisa, mas me acalmei vendo um bilhete ali.
"Meu amor, eu volto logo. Precisei sair um pouco pra pensar, digerir o que aconteceu, foi um baque pra mim. Eu não vou deixar você, tá? Vou pra casa conversar um pouco com Maiara, mas voltou antes do almoço. Passarei no seu restaurante preferido, tá bom? Te amo!"
Gostava do jeito que ela me tratava bem, mesmo estando um verdadeiro caos. Voltei pra cama, ainda confusa com tudo que aconteceu em tão pouco tempo, e tentei voltar a dormir, mas nada funcionava. Eu sentia um verdadeiro caos dentro de mim. Gosto de crianças, gosto do jeito que elas trazem cor pro mundo, do jeito que fazem a gente se sentir bem, e quero ter filhos. Mas odeio a ideia de ter meus filhos com alguém que não vai se casar comigo.
Fui criada por pais separados, e nunca quero que meus filhos passem pelo que passei. Fins de semana com um pai, depois com o outro. Dividir dias comemorativos, quando vê, ou disse de viajar, isso é um caos pra um bebê. Nos primeiros meses, principalmente. Nunca deixaria que o nenê fique longe de Lívia por muito tempo. Afinal, ele ainda vai estar vivendo da amamentação dela; não posso fazê-la quebrar esse vínculo com o bebê, é único.
Como vou ajudá-la? E Maraisa? Como entra nessa história? Sei que isso aconteceu sem meu consentimento, justo com algo tão importante, mas agora, não posso mais mudar isso. Preciso lutar pelo meu filho, independente de quem seja a mãe dele. Sei que agora terei que enfrentar uma nova fase, provavelmente difícil, principalmente em aturar Lívia, mas mesmo com tudo que sinto por ela, não vou deixar o bebê. Nunca abandonaria o meu filho.
E nesse momento, ele está com Lívia. Então, preciso me esforçar. Ouvi o barulho do portão, e cogitei ser Maraisa, já que ela tinha saído com o carro. Me levantei rápido, fazendo um rabo de cavalo em meus fios loiros, e desci até a cozinha, onde tinha uma porta com acesso a garagem. Maraisa estacionou o carro, sorrindo pra mim ainda dentro do veículo, mas assim que saiu, pude ver seu rosto vermelho.
Não consigo imaginar o turbilhão que se passa em sua cabeça. Ela pegou algumas sacolas no carro, do restaurante que disse, e eu dei espaço pra ela entrar. Antes que ela falasse algo, me aproximei beijando sua testa, e lhe abracei. Não consigo imaginar o turbilhão de coisas que se passa na cabeça dela agora. Mas sei como posso minimizar o que ela vai sentir.
Eu: Acho que a gente precisa conversar. – Ela assentiu, ainda dentro do meu abraço – já ta com fome?
Maraisa: Não. – Disse baixinho.
Eu: Então vamo pro quarto, depois a gente almoça.
Ainda faltam mais de 15 minutos pra 12 horas, então poderíamos conversar antes de almoçar. Sei que ela saiu pra falar com a irmã, compreendo que no meio de um furacão, Maiara é a calmaria dela. E admiro isso. Sentamos na cama, nossos olhares se encontrando em meio a uma aura carregada de emoções. As dúvidas pairavam no ar, e parecia que nossos sentimentos se entrelaçavam em um emaranhado confuso. Eu queria decifrar cada pensamento que passava por sua mente, como sempre fiz, mas agora, tudo parecia turvo e inalcançável.
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Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.