A pergunta de Marília me fez refletir um pouco, quando eu pretendia dizer para a minha psicóloga tudo isso?, talvez se eu contasse, a situação em que me encontro mudaria. Sei que ela é capacitada e posso confiar nela, mas o meu bloqueio emocional me impede de dizer algo.
Eu: Quando eu me sentir pronta, talvez. Você já sofreu algum tipo de violência doméstica, Marília?. Ela diz que não........— Não queira passar por isso nunca. Uma mulher agredida é uma mulher sem vida. Olha pra mim, o que você vê?.
Marília: Vejo uma linda mulher com traumas deixado por um filho da puta, uma linda mulher com medo de pedir ajuda. Vejo uma mulher que tem tudo nas mãos para voltar a ser o que era antes, mas se prende no seu passado sombrio. Vejo uma mulher forte, com um puta potencial para vencer qualquer obstáculo!.
Eu: É isso que você vê?.
Marília: Sim, é isso que eu vejo!. Solto uma lufada de ar.
Eu: Sabe como eu me vejo, Marília?. Ela nega........— Me vejo como uma ferrada. Vejo uma garota burra e sofrida, uma garota que não aproveitou metade da vida e que não tem a menor ideia de como seguir adiante. Vejo uma garota que clama por ajuda mas que ao mesmo tempo, quer superar seus medos sozinha por achar que precisa agir sozinha para ser mais forte. Me vejo como uma perdedora. Eu olho pra mim e sinto nojo do que me tornei. Vejo que não existe a menor possibilidade de alguém sentir interesse amoroso em mim de novo porque não sou mais desejável, e mesmo se sentissem, eu nunca mais poderei transar com alguém de novo porque morro de vergonha do jeito em que aquele miserável deixou o meu corpo!.
Marília: E como você acha que ele deixou o seu corpo?.
Eu: Fodido, literalmente!. Seco a lágrima teimosa que caiu sem que eu percebesse........— Tem namorado, Marília?.
Marília: Gosta de dizer o meu nome, não é?. Ela sorrir, sorriso lindo aliás........— Diz ele no final de cada frase que diz!.
Eu: É o seu nome, não?. Ela diz que sim........— Então. Tem namorado, Marília?.
Marília: Tenho namorada!. Ergo a sobrancelha.......— Por que a pergunta?.
Eu: Sua namorada te trata bem?.
Marília: Sim, ela me trata muito bem!.
Eu: Pois valorize isso, nem todos tem a sorte de encontrar alguém que te trate com tanto cuidado. Como é a sua namorada?.
Marília: Por que você quer saber, Maraisa?. Ela estranha.
Eu: Não te chamei aqui para falar só da desgraça que é a minha vida, não quero entediar você. É que eu fiquei naquela casa trancada sem poder conversar com ninguém, antes de ir para lá, eu adorava ouvir histórias de casal sempre que podia, achava o máximo. Quero me sentir feliz ouvindo sobre o seu relacionamento!.
Marília: Que fofa, estranho, mas fofo!. Acabo sorrindo.......— Minha namorada é parecida com você na verdade. Ela é morena, baixinha, tem vinte e sete anos!.
Eu: Você tem quantos anos?. Diz que tem 25.
Marília: Ah Maraisa, eu não tenho muito o que falar. Para ser bem sincera, o meu relacionamento está sobrevivendo só pela misericórdia. Ela me trata bem e tudo mais, mas sei lá, sinto que nos tornamos uma espécie de melhores amigas sem interesse amoroso!. Pude perceber ela ficar um pouco triste.........— Não é mais como antes, sabe?, não tem mais aquele fogo. Sinto falta de um bom sexo, uma coisa mais calorosa e interessante!.
Eu: Uai se não está bom termina, simples!. Ela nega........— Estou brincando. Já tentou conversar com ela?, diz pra ela o que quer, o que pode melhorar no relacionamento de vocês e se nada der jeito, aí sim você termina!.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.