Eu me encontrava diante de Marilia, ainda paralisada pelo que ela acaba de confessar. Minha cabeça inundada por um turbilhão de emoções, fazendo elas lutarem por um espaço dentro de mim. Era difícil acreditar que alguém pudesse me amar e me aceitar após tudo que vivi. Meu interior estava confuso, eu ouvia muitas vozes. E quase nenhuma, me dizia que esse sentimento era bom.
Alguém me amar é, completamente perturbador. Não pelo próximo, e sim por mim. Sinto que não sou digna de tudo isso. Acho que não mereço todo esse amor, esse cuidado. Marilia acaba de dizer que sou sua pessoa favorita; me sinto estranha em relação a isso. Não fiz nada pra que ela me amasse tanto, e talvez, isso que me deixa mais confuso. Diferente do Gabriel, ela não precisou me beijar ou me levar pra cama pra começar a sentir algo. Marilia sente desde que só conversávamos, eu sinto isso, e talvez, eu também sentia algo por ela.
Mas corremos esse risco. Corremos o risco de perder a pessoa certa, por estarmos muito machucados.Com a voz trêmula, eu finalmente encontrei coragem para responder:
Eu: Marilia, eu... – neguei – Não sei o que dizer. – Suspirei – Sinto alguma coisa diferente por você. Mas tenho tanto medo. Medo de me entregar novamente e ser ferida. Medo de confiar e acabar sendo traída mais uma vez.
Marilia segurou minhas mãos delicadamente, transmitindo um calor reconfortante. Seus olhos transbordavam compreensão e paciência.
Marilia: E eu entendo. Todas as suas inseguranças! Sei que suas feridas estão cicatrizando e que os traumas que enfrentou, deixaram marcas. – Marilia tocou meu rosto, fazendo um carinho leve. – Mas quero estar ao seu lado, quero ajudar você a se curar. A encontrar confiança de novo. Se você permitir, podemos enfrentar juntas.
Senti uma pitada de esperança se acender dentro de mim. Talvez, com Marilia ao meu lado, eu pudesse superar meus medos e dar uma chance ao amor verdadeiro. Eu sabia que seria um caminho árduo, mas acreditava que valeria a pena. Ou melhor, queria acreditar que valia a pena. Tinha medo de se machucar de novo, medo de passar por toda aquela dor outra vez. Mas eu queria dar uma chance, ao menos uma vez.
Eu: Olha só, eu quero tentar, quero muito. Mas preciso que saiba, que vai precisar de paciência. Todos os meus limites e... – Marilia tocou meus lábios.
Marilia: Eu tô aqui com você, e por você. Eu prometo estar ao seu lado. Vamos fazer isso juntas. – Sorriu fraco – E, acima de tudo, vou proteger você e amá-la incondicionalmente.
Eu: Não serei um peso? – Perguntei confusa – As crises, o Gabriel aparecendo, minhas noites sem dormir, ou pesadelos eu tô quebrada. Você não vai querer...
Marilia tocou meu rosto outra vez, acariciando fraco, me trazendo um certo conforto, e sorriu fraco.
Marilia: Para! – Disse – Nada vai me fazer mudar de ideia. Ok?
Eu: Obrigada por isso. Por ter paciência.
Marilia não disse mais nada. Ela só juntou nossos lábios em um beijo calmo, senti quase uma corrente de energia correr pelo meu corpo. A loira segurou meu rosto, intensificando mais o nosso beijo. Não sei exatamente como aquilo aconteceu, não sei quando eu comecei a sentir algo por Marilia, mas talvez tenha sido a melhor decisão da minha vida. A gente teria continuando, se Maiara não tivesse batido na porta, e entrando no quarto em seguida. Ela já sabia sobre aquilo, e não tinha vergonha da minha irmã, mas Maiara ficou com a bochechas completamente coradas.
Maiara: Me desculpa! Me desculpa, eu não...
Eu sorri negando, enquanto me levantava da cama após alguns resmungos. Embora tenha melhorado, ainda sinto algumas fisgadas ao me levantar, ou pegar algo que caiu no chão.
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Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.