O término

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Marília Mendonça narrando

Maraisa ficou em completo silêncio, e analisando a feição dela, pude perceber o medo no olhar dela. Medo que me soa estranho. Se fosse só pelo o trauma dela, eu entenderia. Mas sinto que vai muito além disso, ela não se comportaria desse jeito, ela me diria a verdade na minha cara.

Tenho que descobrir o que está acontecendo, não posso deixar ela escapar sem ao menos tentar, conheço ela a tão pouco tempo mas já consegui me apaixonar em segundos. Maraisa tem um jeitinho tão único, mesmo coberta de traumas, ela chama a minha atenção de uma maneira que nem eu mesma compreendo. No olhar dela falta brilho, falta cor e vida, tudo o que ela faz ou fala é de deixar qualquer um aos prantos, me sinto na obrigação de cuidar dela, amar e proteger ela.

Não sei explicar, mas amo quando estou com ela, amo tocar nela na hora de fazer os exercícios. Amo ficar perto dela porque assim posso sentir o cheirinho gostoso do cabelo dela, amo o bico que ela faz quando eu entrego um chocolate pra ela, é engraçado e fofo. Eu só amo. O amor não se trata do tempo em que você conhece a pessoa, o amor se trata da própria pessoa, só basta achar a certa.

Maraisa: No que tanto pensa, Marília?. Pergunta me tirando do transe.

Eu: Em nada, só em tanto que eu estou gostando de uma pessoinha aí!. Ela desvia o olhar........— Ela é teimosa e não quer me dizer o porquê do medo em se envolver comigo!.

Maraisa: Já pensou no fato de que o trauma dela a impede e de que você tem uma namorada?. Dou de ombros.

Eu: A namorada é fácil de se resolver. Essa pessoinha me disse uma vez que quando o relacionamento não está bom, é só terminar!. Pego um chocolate........— Enquanto o trauma dela, sei bem que não é só isso. Tem alguma coisa a mais nessa história, se não tivesse, ela me olharia nos meus olhos e me diria, e ela não faz isso. Sei quando estão mentindo pra mim, Maraisa, você não me engana!.

Maraisa: Eu já posso ir embora?. Ela abaixa a cabeça e eu entrego o chocolate para ela.

Eu: Até a próxima sessão, Maraisa!. Ela assente e sai andando.

De longe consigo ver a Maiara pegando um café, a Maraisa passou direto, creio eu indo para o carro. Se tem alguém que deve saber de tudo sobre a vida dela, é a irmã, então ao mais depressa fui até ela.

Maiara: Olá Marílinha, tudo bem?. Maiara é uma fofa.

Eu: Mais o menos, Maiara!. Ela franze o cenho.......— Aconteceu alguma coisa com a sua irmã que eu deveria saber?. Ela franze o cenho.

Maiara: Se aconteceu ou não, por quê não pergunte a ela?.

Eu: Já perguntei, mas ela não me diz absolutamente nada!. Maiara solta uma lufada de ar.......— Olha, eu sei que você já percebeu que está rolando uma tensão carnal entre ela e eu, não sou idiota e sei que você também não é!.

Maiara: Pois é, eu sou uma pessoa falante como também sou uma pessoa bem observadora!. Concordo com a cabeça.

Eu: Sim, eu notei. Fiz uma proposta a ela e senti que ela iria ceder, senti que já tinha ela pra mim. Mas aí do nada ela começa a me tratar frio, ela se afasta de mim e eu fico sem entender, sabe?, eu fico perdida sem saber o que fiz de errado ou o quê aconteceu de errado com ela!.

Maiara: Olha Marílinha, eu não devia te dizer nada. Maraisa me pediu para ficar de bico calado, mas como eu não gosto nada nada de coisas erradas e como também não sou nenhum baú, eu vou te dizer!.

Eu: Pois digas!. Digo ansiosa.

Maiara: Desculpa a palavra, mas a ordinária da sua namorada teve a cara de pau de ir até ao hospital para ameaçar a minha irmã!.

Eu: Como é que é?. Ela cruza os braços.

Maiara: Ela chegou lá com o nariz empinado se achando a própria Taylor Swift, mandou a Maraisa ficar longe de você ou caso o contrário, tchau tchau Maraisa!. Me espanto pelo o que ela quis dizer........— Com outras palavras, sua namoradinha iria acabar com a vida da minha irmã!.

Eu: Ai meu Deus, isso explica tudo!. Sinto os meus olhos lacrimejar........— Não acredito que ela teve a coragem de fazer isso, ela nem me ama mais!.

Maiara: Pelo visto você está enganada. Enfim, eu vou indo antes que a Maraisa venha me buscar pelo cabelo!. Eu estava tão avoada que nem dei importância para a fala dela........— Até logo, Marília!. E ela vai.

O que eu estou sentindo agora?, decepção.

Estou completamente decepcionada com a Lívia, nunca imaginei que ela desceria tão baixo. Sinto que nesses anos todos que estou com ela, não conheci a verdadeira Lívia e isso torna tudo em vão.

Pensei que a nossa história já tinha acabado, mas agora vejo que nunca nem começou, pois não tem como ter uma história com quem você não conhece. Ela sempre se mostrou ser um anjo, uma mocinha que tem medo da própria sombra e que ajuda os mais necessitados, mas hoje vejo que ela é mais falsa que os apliques que usa. Saber que ela ameaçou a Maraisa foi demais pra mim, então rapidamente fui para a minha casa onde sabia que iria encontrar ela e assim que me viu, ela sorriu, mas o sorriso foi desfeito por notar a minha cara de ódio.

Eu: Você tem uma hora para pegar as suas coisas e sumir da minha casa!. Digo entre os dentes possessa de raiva.

Lívia: Que isso, meu amor. Está ficando louca?. Ela me encara assustada.

Eu: Louca?, você ainda não me viu louca!. Pego ela pela mão e arrasto ela até o closet........— Comece a juntar as suas tralhas e vai embora da minha vida!. Digo firme.........— O que você está esperando?.

Lívia: Você me dizer o que está acontecendo, Marília. Estávamos bem!. Sonsa.

Eu: NÃO, NÃO ESTÁVAMOS BEM!. Grito e ela se assusta........— NUNCA ESTIVEMOS BEM. NUNCA EXISTIU NÓS DUAS PORQUE VOCÊ NUNCA FOI DE VERDADE!.

Lívia: Mas do que você está falando, meu amor?.

Eu: Aah Lívia, por Deus, não seja sonsa. Ameaçou a minha paciente!. Ela arregala os olhos........— Quando pretendia me contar que a boa samaritana que você se mostrava ser não existe?, me diz, QUANDO PRETENDIA ME CONTAR QUE VOCÊ É UMA PUTA ARROGANTEZINHA DE MERDA?.

Lívia: Não acredito que você vai acreditar em uma pessoa que nem conhece direito. Amor, pelo amor de Deus, você me conhece!.

Eu: Não, eu não te conheço. Eu conhecia uma garota apaixonada em ajudar o próximo, com medo de tudo e com uma inocência invejável. Agora o que está na minha frente é uma patricinha sebosa e mentirosa, com um rei imenso na barriga e que distribui ameaças de morte caso alguém mexa no que ela acha que é dela!.

Lívia: Não, eu não sou assim!. Ela chora e tenta encostar em mim, mas eu me afasto.

Eu: Você tem uma hora, se apresse!. Pego uma mala e jogo em cima da cama........— Pegue outra mala se precisar. E nunca mais chegue perto da Maraisa se não quiser ver o sol nascer quadrado!.

Lívia: Marília?, meu amor, não faz isso!. Ignoro e saio dali.

Uma relação de anos, agora jogada no lixo.

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