Meu rosto ardia por causa do tapa, mas eu não estava me importando, me permiti ficar "feliz" por finalmente enfrentar o Gabriel e aquela sensação de não saber o que fazer não estava tão presente assim. Não posso me afobar e muito menos achar que tudo já está sob controle, também não posso ficar tirando onda com a cara dele toda hora, caso o contrário ele me arrebenta mais ainda.
Terça-feira
O que eu fiz hoje?. Lavei roupa, varri a casa, não tomei café e muito menos almocei, Gabriel havia me deixado sem comer novamente. Agora são 14 horas da tarde e nesse momento estou revirando canto por canto atrás do bendito telefone fixo que ele escondeu, acabo o encontrando no lugar mais óbvio, dentro da caixa de sapato dele. Pego o telefone e tomo coragem para ligar para a doutora Julia, ela atende, mas eu acabo entrando em desespero e desligo a chamada.
Eu: Vamos, sua idiota, sem medo!. Disco o número novamente e novamente ela me atende.
Ligação on
Julia: Olha só, oh engraçadinho. Eu não tenho tempo para...
Eu: Ele quebrou um copo em mim e por isso fui parar na sua sala naquele dia. Gabriel me ameaça dizendo que vai matar a minha irmã gêmea caso eu faça algo contra ele, por isso eu menti dizendo que ele nunca encostaria um dedo em mim, doutora Julia, mas a verdade é que ele me espanca todos os dias. Me bate, me deixa com fome, me estupra!.
Digo tudo de uma vez interrompendo ela.
Eu: Eu sou a Carla Maraisa, a paciente que você ofereceu ajuda. O amigo dele percebeu que ele me espanca e também me ofereceu ajuda, mas estou morrendo de medo disso ser um teste contra mim e por isso estou te ligando de novo. Eu te liguei antes mas o Gabriel chegou bem na hora e tomou o telefone da minha mão. Me socorre, por favor!.
Julia: Me passa o seu endereço, Maraisa!.
Percebo que ela estava nervosa e bastante preocupada. Passo o endereço e digo a hora que ele sai para o trabalho e a hora que ele chega.
Julia: Maraisa, amanhã mesmo eu apareço por aí. Pelo amor de Deus, se tivesse me contado eu jamais deixaria você sair da minha sala!.
Ligação off
Júlia estava bem aflita e se culpava por ter me deixado sair daquele hospital, avisei que não era culpa dela e pedi obrigado por se preocupar comigo. Acabei chorando na ligação, super aliviada por ter falado com ela. Coloco o telefone no mesmo lugar em que encontrei e depois vou para a sala. Estava exausta dessa rotina que levo, é sempre a mesma coisa, da sala para o quarto e do quarto para a sala, nunca muda. Não tinha mais nada para fazer a não ser olhar para o teto, estava agoniada, me mexo pra cá e me mexo pra lá e nada.
A hora passou, Gabriel chegou reclamando da vida e por fim a noite chegou. Nada fora da ordem.
Quarta-feira
Escuto três batidas na porta da minha casa, e quando abro, dou de cara com a doutora Julia e imediatamente dou um abraço nela. Agradeci a ela por ter vindo e pela primeira vez em meses, consegui sorrir de verdade. Estava servindo um copo de água para ela quando escuto mais batidas na porta, estranho mas mesmo assim abro dando de cara com quem menos esperava.
Eu: Maiara?. Sinto os meus olhos se inundarem de lágrimas e uma felicidade imensa no meu peito........— Você tá aqui. É você mesmo!. Meu sorriso em meio às lágrimas eram inevitáveis.
Maiara: Parece, não é?. Rir nervosa.
Eu: O que faz aqui?. Ela olha para o Ricardo........— Se conhecem?.
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Salva-me
FanfictionNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.