Largada as traças

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Quebra de tempo

Mais uma semana se passou e o céu, para mim, não deixou de ser cinzento. Mesmo me vendo com dor, Gabriel não deixou de relar a mão em mim e me fez de escrava o tempo todo, é sempre a mesma coisa, ele se enche de cachaça, me espanca e depois tenta me "socorrer".

Não sei o que deu em mim para acreditar que ele realmente podia mudar, é sempre assim que uma vítima se comporta?, acredita nas ladainhas que seu agressor diz porque sabe que é a única opção no momento?.

Com um pico de coragem liguei para Julia, a médica que me ofereceu ajuda, estava disposta a gritar por socorro porque a dor que eu sentia era insuportável e Gabriel não dava uma trégua, mas assim que ela falou "alô", Gabriel chegou me assustando e arrancando o telefone da minha mão.

Gabriel: Eu só vou perguntar uma vez!. Ele coloca a chamada no mudo........— Quem está do outro lado da linha?. Minha respiração acelera.........— Maraisa, com quem eu vou falar?. Ele me segura pelo cabelo........— Alô?, com quem falo?.

Eu: JULIA, SOCORRO. ME AJUDA, POR FAVOR!. Ele desliga o telefone sem dar tempo da doutora responder alguma coisa.

Gabriel: Sua cachorra!. Ele me joga no sofá........— Quem é Julia, Maraisa?.

Eu: Ninguém que você mereça saber!. Naquele momento eu estava em um misto de sentimentos. Medo, frustração, raiva, angústia e tristeza, uma grande tristeza.

Gabriel: Maraisa, quem é JULIA?. Ele grita e vem para cima de mim me segurando pelo pescoço.

Tento me debater e empurrar ele de cima de mim, mas era impossível por ele ser mais forte que eu. Gabriel colocava todo o peso dele em mim e com isso a dor na minha coluna só aumentava dificultando mais ainda.

Gabriel: Agora você vai aprender de uma vez por todas de que comigo não se brinca, sua vadia!.

Eu: SOCORROOOO!. Grito por ajuda mesmo sabendo que era impossível ser ouvida.

Gabriel: CALA A PORRA DA BOCA!. Larga o meu pescoço e segura o meu rosto com força.

Eu: Você está me machucando!. Digo chorando desistindo de lutar contra ele.

Gabriel sorrir diabólico e desce as mãos pelo o meu corpo dizendo que era hora dele "brincar" um pouco, isso só fez com que eu chorasse mais ainda. Com brutalidade, ele arranca o meu short de mim, rasga a minha calcinha e abre as minhas pernas já enfiando dois dedos em mim. Eu estava completamente seca e isso só fez com que doesse mais.

Gabriel: Geme, sua puta!. Com a mão livre ele desabotoava a própria bermuda.

Eu: Para com isso!. Eu suplicava e ele não me dava ouvidos.

Gabriel enfiava os dedos dele em mim com brutalidade e quando se cansou das mãos, enfiou o membro dele me fazendo gritar de dor, é horrível transar a força, é horrível ter as mãos dele passeando com propriedade pelo o meu corpo. Toda vez que ele abusa de mim, eu sempre digo a mim mesma que tudo vai ficar bem, que se eu obedecer tudo vai acabar bem rapidinho. Então eu sempre fico quietinha, fecho os meus olhos e deixo ele fazer o que tem que fazer.

Não adianta eu tentar gritar, lutar, xingar, não adianta, a única saída é sentir ele dentro de mim sem dar um pio.

Dessa vez não foi diferente, Gabriel me "comeu" sem o meu consentimento e quando terminou, me largou de qualquer jeito naquele sofá. Mais uma vez me vejo nua e sem forças para levantar, minha parte íntima doía e sangrava por causa da força e da falta de cuidado que ele havia usado para me penetrar.

Gabriel comunicou que os amigos dele iriam vir aqui, hoje por ser domingo, ele quer se reunir para assistir um jogo qualquer na tv. Dessa vez eu não teria a sua ajuda para levantar, teria que fazer isso sozinha. Então com todo o cuidado, me coloquei de pé e fui para o quarto me apoiando em qualquer canto e assim que chego lá, me olho no espelho e imediatamente começo a chorar de soluçar.

É torturante ver o meu reflexo, ver a pessoa que me tornei, passei pela fase da metamorfose e achei que enfim encontraria a minha identidade, mas ao invés de me encontrar, eu me perdi ainda mais. Não faz nem um ano que moro com ele e já sofri por demais, imagino que daqui a dois anos eu estarei morta.

Eu: Isso tudo é culpa sua!. Digo com muita raiva.......— Por que não escutou sua irmã?, por quê?. Toco o espelho tentando tocar o meu reflexo.

Escuto passos e imediatamente vou para o banheiro me trancando lá, ligo o chuveiro e segundos depois escuto batidas na porta do banheiro me fazendo estremecer de medo.

Gabriel: Você tem sete minutos para sair desse banheiro e ir preparar alguma coisa para servir aos meus amigos!.

Eu: Não tenho condições de preparar nada, Gabriel, estou cheia de dor!.

Gabriel: Tome um Dorflex que melhora já já. Não vou falar de novo com você. Sete minutos, Carla Maraisa!. Escuto ele sair.

Tomo um banho na velocidade da luz, lavo a minha intimidade com cuidado chegando a chorar de dor e quando acabo, me visto com uma roupa qualquer, prendo o meu cabelo e desço antes que ele venha me buscar pelo cabelo. Assim que chego na cozinha, já pego a panela para preparar uma sopa de ervilha que ele me pediu, corto tudo o que tem que cortar e em menos de uma hora já estava praticamente pronto.

Os amigos do Gabriel chegaram, todos me cumprimentaram e eu fui obrigada a sorrir para eles, não é nada confortável ter que fingir que somos um casal perfeito. Servi a sopa para eles e não me faltou elogios da parte deles, amaram a minha sopa de ervilha, menos o Gabriel que para variar, havia reclamado dizendo que estava faltando sal. Isso só fez com que eu revirasse os olhos e ele me lançar um olhar ameaçador, um dos amigos dele viu o olhar de morte dele sendo direcionado a mim mas não disse uma só palavra.

Conversa vai, conversa vem, o jogo começou e com ele veio a euforia desses homens, acabei tendo que fazer um tira gosto para eles acompanhado das cervejas e isso só me deu certeza de uma coisa. Gabriel + bebida alcoólica = porradas na Maraisa.

Quando o jogo terminou, Gabriel ligou o som em um volume baixo e ficou trocando papo furado com eles, tudo o que eu queria era ir para o quarto descansar a minha coluna que estava me matando, mas não podia, tinha que fingir ser a esposa perfeita. Estava quase pedindo permissão a ele para ir me deitar, quando escuto o mesmo amigo que havia percebido o olhar dele falar:

Xx: Mas então, o que levou uma menina de dezoito anos a se envolver com esse velho?. Diz em tom de brincadeira e eu me calo.

Gabriel: Ah eu sou bonito né, não tem quem não se apaixone!. Diz se gabando.

Eu: Pois é!. Forço um sorriso e acabo abaixando a minha cabeça, pois o amigo dele me encarava de um jeito desconfiado.

Xx: Nunca entendi o que você viu de tão belo nesse cara!. Ele rir.........— Mas então, Maraisa. Ainda estuda ou já terminou?.

Eu: Termino esse ano, nunca repeti!. A verdade é que o Gabriel me obrigou a abandonar os estudos, então não, eu não terminei o meu estudo.

Xx: Pretende fazer faculdade?, e emprego?, conheço um lugar que é a sua cara!.

Gabriel: Faculdade pra quê?, Maraisa não quer isso pra vida dela não, rapaz!. Ele me encara e eu desvio o olhar..........— E emprego pra quê?, ela tem a mim, posso bancar ela muito bem!.

Xx: Gabriel, ela é nova ainda, provavelmente vai querer fazer algo que a agrade!. Escuto Gabriel puxar o ar.........— Me diz, querida, pretende se formar?.

Eu: É..eu...

Gabriel: Que papinho chato, hein, vamos falar de algo que preste?. Escuto o outro amigo dele pedir para aumentar a música e assim o assunto sobre a minha vida escolar se encerrou.

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