Quando for os nossos

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Carla Maraisa narrando

Marilia estava radiante com a ideia de ter um bebê, e isso me deixava feliz, muito feliz. Mas eu me sinto completamente confusa ainda, essa ideia me sufoca. Odeio essa aproximação dela com a Lívia, e isso tem me deixado louca. Hoje seria a primeira consulta que iríamos, na verdade, só Marilia vai. Mas ela ainda não sabe. Hoje acordei completamente acabada. Tive pesadelos horríveis a noite inteira, fora os flashs do Gabriel comigo o tempo todo.

Levantei primeiro que Marilia, e fui pro banheiro. Escovei os dentes, depois lavei o rosto, passei protetor como de costume, e fui pra varanda em seguida. Ainda era 05 horas da manhã, mas eu não conseguia sentir sono. Minha cabeça estava a mil, um turbilhão de coisas ao mesmo tempo, eu sentia que estava desmoronando. Odeio o jeito que meu corpo reage quando não estou bem. Me sinto enjoada, e minha cabeça doe tanto, que me faz vomitar.

Abaixei a cabeça para tentar respirar fundo, e assim que levantei, vi o Gabriel na minha frente. Ele estava diferente das últimas vezes. Tinha uma expressão triste, seus olhos molhados denunciavam que ele tinha acabado de chorar, e seu suspiro pesado me assustou. Ele se aproximou, parando na minha frente, e sorriu fraco.

Gabriel: Fui um marido ruim – começou – fui um marido muito ruim. – Suspirou tentando se aproximar, mas me levantei me afastando dele. – Eu fiz coisas horríveis com você, merecia mesmo morrer. –

Eu: Você foi péssimo. Muito ruim. Foi quase o próprio inferno na minha vida! – Falei controlando as lágrimas – Você me fez morrer aos pouquinhos.

Gabriel: Eu sei, eu sei. – Ele disse – E eu sinto tanto. De verdade, sinto muito. – Seus olhos molhados me encararam com remorso – Só agora consegui ver como te machuquei. Consegui ver o quanto você sofreu, e de verdade, sinto muito por isso.

Eu: Cala boca! – Meu rosto agora molhado, minhas bochechas pareciam pegar fogo – Vai embora, Gabriel. Agora. Não quero suas desculpas.

Gabriel: Mas eu...

Eu: Não! Quero que você vá embora agora!

Sentia minha garganta se fechar aos poucos. Gabriel desapareceu como o vento, assim como quando chegou. Sentindo aquele enjôo aumentar, eu corri pro banheiro antes que vomitasse no carpete da varanda ou do quarto, e segurei meus cabelos curtos. A falta de ar estava me consumindo, eu me sentia sufocada a cada minuto que vomitava mais um pouco. E assim que levantei a cabeça, vi Gabriel outra vez. Ele estava no canto do box, com o braços cruzados me observando.

Senti meus corpo inteiro se arrepiar por medo, queria ele longe. A cada minuto eu respirava menos, já nem tinha o que vomitar além de água.

Eu: Marilia! – Gritei assim que percebi aquilo ficar pior, Gabriel já tinha sumido, espero que dessa vez pra sempre. – MARILIA!

Minha voz estava sumindo aos poucos, assim como minha consciência. Em minutos senti as mãos quentes de Marilia segurarem minha cintura, e minha testa, tentando impedir que eu batesse a mesma no vaso. Meu estômago doía pelo tanto que eu forçava pra vomitar o que nem tinha mais no meu estômago. Marilia assustada, ainda me segurando, me pegou no colo quando percebeu que eu não tinha mais o que colocar pra fora, e me levou pro quarto.

Marilia: O que você tomou? Comeu, não sei!

Eu neguei, não tinha fôlego pra falar. E ela percebeu, já que foi até o frigobar buscar uma água, e segurou meu rosto em seguida, me fazendo encarar ela.

Eu: O Gabriel...

Marilia: Respira! Depois você explica, só respira! – pediu ainda segurando meu rosto.

Salva-meOnde histórias criam vida. Descubra agora