Não sei se foi o cansaço, ou o álcool, mas Marilia e eu apagamos. Foi difícil dormir no começo, com aquele barulho todo vindo do outro quarto, mas, mesmo assim, quando pegamos no sono nem pedra caindo acordaria nós duas. Marilia ainda dormia do meu lado, e por um minuto fiquei ao seu lado, apenas admirando seu rosto sereno. Amava o jeito que aquela mulher me transmitia paz, não sei como quase a deixei escapar. Fui burra, como poderia deixá-la ir embora?
Deixei um beijo em seu rosto, e me levantei com cuidado pra não acordar ela. Acho que os efeitos do álcool e remédios que ainda tomo, fizeram meu corpo reagir, já que sentia um leve enjôo, mas ignorei isso. Fui ao banheiro, fiz minha higiene matinal, e desci pra cozinha em seguida. A casa de Marilia era, enorme. Eu poderia facilmente me perder ali dentro. Pra minha surpresa, Maiara já estava acordada. Ela estava fazendo café, então me candidatei pra ajudar ela.
Maiara: Bom dia, metade! – Ela disse vindo na minha direção.
Maraisa: Bom dia, irmã. – Beijei seu rosto – A noite foi boa em?
Óbvio que eu não perderia a oportunidade de fazer graça com a cara dela. Maiara bateu em meu braço, ficando com o rosto corado em seguida.
Maiara: Besta! – Respondeu sorrindo – Dormiu bem? Fiquei preocupada depois que lembrei que você ainda tá tomando remédio, e bebeu ontem.
Dei de ombros, eu não exagerei na bebida, então posso considerar que estou bem.
Maraisa: Tá tudo bem, irmã. Só tô um pouco enjoada, mas pode ser fome. – A ruiva assentiu.
A mesa ja estava pronta, e estava linda. Maiara subiu pra chamar Matheus, enquanto eu, fiquei ali lavando a louça que estava suja. Não sei exatamente quando, mas me perdi pensando no Gabriel, e em como aguentei por tanto tempo. Desde muito nova, ouço as pessoas falarem sobre relacionamentos abusivos. Eu me perguntava porque as mulheres se deixavam viver naquela situação. Pra mim era simples, só terminar o relacionamento e pronto.
Mas é bem mais difícil que isso. Quando você vive em um relacionamento abusivo, você se sente totalmente presa a espera de uma mudança. Você se apaixonou por aquela pessoa, alguma vez na vida sentiu algo além de medo. Por isso se casou com ela. Mas quando tudo começa a dar errado, você tem o medo constante dentro de você, mas ainda assim, espera uma mudança. Eu esperava uma mudança, mesmo com tudo sempre me dizendo que não haveria. Eu esperava porque o amava apesar de tudo.
Percebi que expressar sentimentos e pensamentos em palavras, é uma tarefa relativamente simples. Mas também compreendi que a verdadeira dificuldade, está em enfrentar e suportar as dores e desafios que a vida nos apresenta. Perdida em minhas lembranças, senti um leve toque em minha cintura, e por um minuto me assustei. Mas tentei disfarçar quando senti o cheiro adocicado de Marilia.
Marilia: Tá tudo bem, desculpa assustar você. – Ela disse com os olhinhos preocupados.
Eu: Tudo bem, eu só estava pensando e me assustei! – Disse lhe dando um selinho – Como se sente?
Marilia: Com dor de cabeça! – Afirmou se sentando na mesa – Acho que bebi muito.
Eu: Só um pouquinho. – Sorri olhando pra loira, gostava do jeito que ela me olhava quando estava distraída – Come um pouco, depois toma um remédio.
Marilia assentiu, pegando um copo e se servindo. Eu fiz o mesmo, e logo Maiara e Matheus chegaram na cozinha se sentando um do lado do outro. Gostava de ver o jeito que minha irmã estava feliz com Matheus. Seus olhinhos brilhavam, adorava vê-la tão radiante. Matheus precisava sair pra trabalhar, e Maiara acabou indo com ele, disse que tinha algumas coisas pra resolver, então, voltou pra casa. Eu e Marilia acabamos de arrumarmos a cozinha, e assim que chegamos na sala, resolvemos procurar algo pra assistir. Eu me deitei entre as pernas da loira, e enquanto ela procurava algo pra assistir me fazia um leve cafuné.
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Salva-me
Fiksi PenggemarNão existe mulher que gosta de apanhar. •Existe mulher com medo de denunciar. •Existe mulher sem dinheiro para ir embora. •Existe mulher humilhada e desacreditada. •Existe mulher machucada, frágil, sem vida.