Vidas opostas

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O alarme no meu celular começa a apitar incessantemente, lembrando-me de colocá-lo em um volume mais baixo na próxima vez. Desligo aquele som irritante e me levanto da cama. Está fazendo um pouquinho de frio, portanto eu precisarei usar algo que me aqueça. Entro debaixo do chuveiro e deixo a água quente esquentar o meu corpo. Hoje era sexta-feira e eu estava planejando ficar com a Marina. Devido aos nossos horários, quase não sobra tempo para ficarmos juntos. E como eu pretendia pedi-la em casamento em breve, deveríamos experimentar ficar mais perto.

A Marina apesar de ter um gênio difícil e muitas das vezes ser extremamente mimada, era uma boa mulher. Eu realmente gosto muito dela e quero ser um bom marido à ela. Ela sempre esteve acostumada com uma vida estável, portanto eu não poderia oferecê-la menos do que ela estava acostumada. E não é atoa que eu trabalho tanto e me esforço. Mas apesar disso, ela nunca gostou muito do meu trabalho.
As palavras de Zoe me vêem em mente instantaneamente, fazendo-me recordar do porquê eu estou tentando atender as expectativas dos outros.
Eu gosto do meu trabalho, gosto de tentar fazer um pouco de justiça e ajudar as pessoas. E só.

Saio do banheiro e pego as minhas peças, observando que a minha camisa está totalmente amassada. Visto a calça e pego o meu casaco de frio, chamando a Miranda, em seguida. Ouço passos se aproximarem mas pela leveza, eu acredito ser a Zoe.

_O que deseja senhor Josh? - Pergunta - A Miranda está um pouco ocupada.

_Sem problemas. - Me viro para ela - Você poderia passar essa camisa, Zoe?

Instantaneamente ela muda a expressão e desvia o olhar envergonhada.

_É... - Gagueja - Sim senhor.

Ela caminha lentamente até a camisa e eu percebo que as suas mãos estão trêmulas.

_Eu vou ficar chateado com você, Zoe. - Me sento na cama - Eu já pedi para você não me chamar de senhor.

_Desculpe-me. É a força do hábito.

_Eu pensei que nós fôssemos amigos. Você já está aqui há duas semanas...

_Me desculpe, eu vou tentar mas por favor não fique chateado comigo.

Ela começa a passar a camisa, sequer olhando para mim. Eu sentia muita curiosidade em relação à ela, porquê tudo me parece um mistério.
Uma menina, sem família, sem documentos, sem amigos e sem rumo.
A Zoe escondia algum segredo ou talvez um passado obscuro e eu iria descobrir.

_Como foi a sua noite? - Pergunto interessado

_Foi muito boa. O quarto é realmente muito confortável.

_Eu fico feliz que se sinta bem.

_Eu nunca estive tão bem como agora.

Nessas duas semanas, a gente sempre se encontrava no jardim. Poucas vezes eu deixei de ir, às vezes por cansaço ou pelo horário tarde que eu chego em casa. Mas infelizmente, eu não havia conseguido nenhuma informação dela. Eu estava sendo paciente, conquistando a sua amizade e eu percebo que ela têm gostado. Eu acho que ela ainda não se sente segura pra me falar, mas tudo bem. Eu iria aguardar e ajudá-la, pois aparentemente ela precisa da minha ajuda. Assim como a própria têm me ajudado indiretamente. Eu gostava de tê-la como amiga, ela realmente gostava de me ouvir e me entendia. Era bastante terapêutico estar perto da Zoe.

_Obrigada por me ajudar a ler. - Agradece - Eu tenho aprendido muito.

_Eu vejo o quanto você é esforçada, Zoe. Por isso aprende tão rápido.

_E isso é graças à você também.

_Eu gostaria de poder ajudá-la mais, mas infelizmente o meu tempo é corrido.

Sublime AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora