Dias de um futuro esquecido

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Após passarmos algumas horas conversando em minha casa, a minha irmã me convida para irmos passear. O fim de tarde está formado e daqui a pouco o Paul chegará do trabalho, por isso optamos por não irmos muito longe. Principalmente também por causa da gravidez. Eu não poderia correr riscos porquê queria muito que a minha filha nascesse saudável.
Dirijo tranquilamente até a praça e sinto o olhar de Lili em mim. Ela não diz uma palavra, apenas me observa cautelosamente e eu estanho aquela atitude.

_O seu bebê é para quando? - Pergunta

_Daqui a dois meses.

_É Ágata, né?!

_Sim. Foi o Paul quem escolheu o nome.

_Ele tem um bom gosto. Exceto em relação à mulheres.

_O quê? - Pergunto confusa

_Eu não sei como o Paul pôde ter escolhido ficar com você. Ele tinha tantas opções melhores mas escolheu justamente você.

_Lili! - Chamo abismada - Por que está falando isso?

_Eu estou cansada! - Se altera - Estou farta de ter que aguentar a sua felicidade. De ter que ouvir o quanto você é feliz e realizada.

Era a primeira vez que eu ouvia a Lili falar dessa forma, ou talvez ela já tivesse dito algo semelhante mas eu apenas ignorava.

_Desde que você apareceu a minha vida se tornou um inferno e tudo por culpa sua.

_Eu nunca fiz nada à você.

_Você roubou tudo de mim! - Seu descontrole é evidente - Você roubou os meus pais, você roubou o Paul e até mesmo a minha faculdade.

_Eu não roubei nada de você, Lili.

_Pare de me chamar assim. Eu odeio esse apelido idiota.

_Os seus pais me adotaram. E você não frequentava as aulas porquê era uma irresponsável.

_Eles deveriam ter te deixado morrer naquela caixa de papelão, no frio e ao relento. Eu tive que dividir tudo com você, até mesmo o amor dos meus pais.

_Eu... - Me interrompe

_Eu tentei te desmerecer de todas as formas e ainda assim o Paul se interessou por você. Ele deveria gostar de mim. O Paul deveria ser meu marido, aquela casa deveria ser minha e esse bebê deveria ser meu.

As palavras da Lilian saem carregadas de ódio e finalmente eu compreendo o porquê do Paul não gostar dela. Ela nunca foi uma irmã ou uma amiga, ela era a minha pior inimiga.

_Você é uma estúpida, com essa doença horrorosa. Eu não sei como o Paul consegue olhar para você e até mesmo sentir desejo.

_Porque ele me ama. E você não sabe o que é isso.

_Eu não preciso de amor. Eu só precisava de um marido bem sucedido para me tirar daquela pobreza em que eu vivo.

_Eu sempre te ofereci ajuda.

_Eu não vou viver na sua sombra. Colhendo as migalhas que você joga enquanto eu sou obrigada a aturar a sua felicidade. Você até me convidou para ser madrinha dessa aberração, mas pra quê? Me humilhar novamente?

_Não fale assim da minha filha! - Sinto pontadas na barriga

_Você não sabe o quanto eu te odeio, Samila. Desde que eu te vi pela primeira vez, eu odeio você. Odeio a sua cara de sonsa, a sua generosidade e odeio ainda mais o fato de você ser sempre melhor do que eu. Sempre a mais inteligente, a mais estudiosa, a mais querida.

_Você não me odeia, Lilian Evans. Você sente inveja, na verdade sempre sentiu.

_Eu sou muito mais bonita que você. Então porque o Paul não me escolheu? Por que eu não tive a vida dos meus sonhos?

Sublime AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora