Um novo rumo

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_Este júri declara a ré Lilian Wander como culpada do assassinato de Jackson Parker e Samila Williams. A sua sentença é de trinta anos, em regime fechado. Por homicídio, manipulação de autópsia e sequestro à mão armada. - Bate o martelo - Esta seção está encerrada.

Ouvir a sentença recebida pela Lilian deixou-me um pouco mais aliviado. Ela iria pagar por seus crimes e se tudo der certo, nunca mais irá sair da cadeia. O Matthew também havia sido condenado, mas a sua pena era menor. Quinze anos, com direito a trabalho comunitário para a diminuição da pena. Poderia ser até muito pouco a sua condenação, mas de certa forma era um alívio considerável saber que de alguma forma os seus crimes serão pagos. Eu jamais me perdoaria se eles ficassem impunes.

O tribunal está praticamente vazio. Quase ninguém quis vir, mesmo para depor contra a Lilian. Mas também não seria muito necessário, visto que as provas eram contundentes o suficiente. Vários repórteres acompanham o caso, do lado de fora. Todos estão afoitos com a repercussão, principalmente por ser alguém tão importante como a família Williams. Acompanho quando ambos são levados e apesar de sua condenação, a Lilian ainda possuía aquele olhar altivo.
Ela nunca iria mudar...
O Matthew passa na minha frente e eu sinto vontade de agredi-lo. As palavras da Zoe me vêm em mente, lembrando-me da covardia que ele havia feito. Mas eu me controlo.

Ninguém havia saído impune. As superiores do orfanato, o médico legista e até mesmo a Marina. Cada um havia recebido a sua sentença. Umas mais leves, outras mais pesadas. Mas o importante é que a justiça estava se cumprindo. Como eu a prometi.
Eu fiz tantas promessas, mas nunca imaginei que seria tão difícil cumprir algumas. Eu estava tentando respeitar a sua decisão, mantendo a distância entre nós, mas a cada dia estava sendo ainda mais torturante. Eu não poderia obrigá-la e não faria isso. Mas eu gostaria de mostrá-la como eu a amo e quero ficar com ela, mas ela me impede. Há um mês ela ignora as minhas ligações, recados e sequer me recebe em sua casa. Ela não me dava nenhuma brecha e talvez ela realmente queira ficar longe de mim.

Será que ela não está sofrendo como eu?
Porque não há um dia sequer que eu não chore, ou me lamente de tristeza, sem ela. Eu não conseguiria mais suportar a dor deste sentimento reprimido. Eu não sei mais o que fazer, ou como me aproximar.
Mas talvez eu devesse mesmo fazer o que ela quer e desistir. Eu a amo, mas não posso ir contra a sua vontade, por mais que isso quase me faça sangrar por dentro. Caminho até a saída do tribunal e como previsto, sou bombardeado por jornalistas. Ignoro cada um deles e dirijo até uma cafeteria mais próxima. Faço o meu pedido e me sento, tentando reorganizar os meus pensamentos.

_Delegado Joshua? - Uma voz me tira dos meus devaneios

_Sim. - Arqueei a sobrancelha

_Eu sou Katherine Forbes, jornalista e repórter da cidade.

_Muito prazer, senhorita.

Ela sorri gentilmente e pede autorização para sentar-se a mesa. Mesmo a contra gosto, eu permito. Ela provavelmente deveria estar fazendo o seu trabalho.

_Não se preocupe, eu não estou atrás de uma entrevista.

_Eu realmente agradeço à você.

_Eu sei que o senhor odeia falar com a imprensa. Todavia nos ignora.

_Digamos que eu prefira o anonimato.

_Então jamais deveria ter se relacionado com uma Williams.

_Por que eu tenho a impressão que não foi por acaso que você apareceu aqui?

_Desculpe-me, eu não resisto. A curiosidade sempre fala mais alto. Sem contar que eu seria muito elogiada e recompensada se conseguisse uma entrevista de primeira mão com você.

Sublime AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora