Sublime Amor

Morde e assopra

O caminho até a joalheria parecia ser ainda mais longo. A minha cabeça estava encostada no vidro do carro, enquanto a minha mente não conseguia parar de pensar por um segundo sequer nas minhas atitudes.
Eu sou uma idiota.
Eu desconfiei da única pessoa que esteve comigo todo esse tempo. Eu estava arrependida, estava me sentindo muito culpada e eu não posso julgá-lo por ter sido rude. Aquela era a primeira vez que ele me tratava assim e foi muito doloroso pra mim.
Eu o amo. Mas como poderia amá-lo se não confiei em suas palavras?
A minha cabeça está tão confusa, eu não sei mais o que fazer ou em quem acreditar. Mas eu deveria saber que nele eu poderia.

Eu errei. Eu feri os seus sentimentos. Eu duvidei das suas palavras e eu preciso lidar com esse erro.
Aparentemente ele se chateou muito, e com razão. Ele até mesmo me chamou pelo meu nome verdadeiro.
E ele nunca fazia isso.
Eu senti uma imensa vontade de chorar e tentar consertar esse erro, mas de nada iria adiantar. Ele estava muito magoado e não iria me ouvir.
Eu magoei a única pessoa que sempre demonstrou me amar, mesmo antes de todo esse reboliço.
Eu sou horrível!
Por que eu fiz isso?
Por que a minha vida de repente se transformou em um redemoinho?
Eu não sei mais o que fazer ou como agir. Eu não sei mais quem eu sou e quem eu era.

O carro estaciona e nós descemos. A entrada da joalheria estava repleta de jornalistas e seguranças. A minha mente estava tão deslocada que eu sequer percebi quando entramos. O lugar em si era perfeito. Várias pessoas muito elegantes, mostrando as joias para os clientes. E as joias eram extremamente lindas. Cada colar, brincos e anéis incrivelmente delicados e caros. A joalheria possuía vários andares acima, e possuía dois elevadores para facilitar. Eu senti um pouco de medo ao entrar nele, pois era possível ver tudo e todos ao nosso redor, por ser transparente. Quando alcançamos o último andar, ele começa a me mostrar as salas. A de reuniões e a da presidência.

_Filha... - Chama a minha atenção - Por que você está assim? Não está se sentindo bem?

_Não é isso. - Omito - Eu estou apenas deslumbrada com tanta beleza.

Eu não queria conversar com o Paul sobre esse assunto, porquê não me sentia a vontade sobre alguns assuntos.

_É realmente muito lindo. Toda a estrutura foi pensada e arquitetada pelos meus avós. E após alguns anos, nós decidimos aprimorar.

_É incrível.

_Eu pedi para reunir os funcionários. Daqui a pouco iremos vê-los. - Ele se aproxima - Eu quero apresentá-la a eles e mostrar-lhes a futura sucessora.

_Eu não acho que eu conseguiria levar essa empresa a diante. Eu não entendo nada de negócios.

_Você terá pessoas para ajudá-la, minha filha. Você nunca estará sozinha.

Então porque eu me sinto tão sozinha agora?

_Você terá à mim, o seu tio, o seu primo e os outros acionistas. E quando nós partirmos, você estará apta para comandar a empresa.

_Isso tudo é novo pra mim. Eu tenho medo de falhar.

_Você não deseja assumir os negócios da família?

_Eu acho que não.

_Tudo bem então. Você poderia trabalhar em outra área que se identifique mais.

_Você aceitaria tão facilmente assim?

_Eu não sou um monstro, Ágata. Eu sou o seu pai e quero vê-la feliz. É óbvio que seria maravilhoso vê-la nesta joalheria, mas eu não posso forçá-la a nada.

O Paul se esforçava para agir como um bom pai e estava indo bem. Eu não posso negar que começava a sentir um afeto especial por ele.

_Decida-se sobre a sua faculdade e depois falamos sobre isso.