Entro em minha casa, sentindo o vazio se apossar de mim. Esse silêncio ensurdecedor, causado pela ausência da Zoe estava insuportável. Depois de incontáveis horas sem vê-la e extremamente preocupado com notícias suas, a única coisa que eu queria era desafogar as minhas preocupações com ela. Eu queria sentir o seu cheiro novamente e abraçá-la como nunca fiz antes. Eu queria ter a certeza de sua presença e trazê-la para a nossa casa. Para cuidar de suas feridas e sentir-me mais próximo. Mas nenhuma das minhas vontades foram realizadas.
Desde que eu a encontrei, nós não tivemos nenhum tipo de contato. Eu estava evitando encostar, porquê ela estava muito machucada e poderia ser ruim. Mas em momento algum seus olhos me procuraram. Ela evitava qualquer tipo de contato visual e até mesmo os toques mais leves. Era como se ela quisesse me afastar.
Mas eu fiquei ainda mais surpreso por ouví-la dizer que queria ir para a casa do pai. Eu não posso negar que fiquei muito entristecido, mas talvez seja melhor à ela. Eles tem mais condições e tempo para cuidar dela. Sem contar que essa aproximação seria bom para eles, diferentemente da distância entre nós.Me sento no jardim e lembro-me das noites em claro em que conversávamos aqui. Eu estava sentindo falta disso. Estava sentindo falta de tudo. Talvez seja um pensamento estúpido meu, mas ela parecia estar escapando dos meus dedos, pouco a pouco. Ou talvez seja somente impressão minha. Ela estava se recuperando, e precisa descansar. Mas nada que uma ligação não resolva. Pego o meu celular e ligo para a residência, visto que o seu celular estava estragado. A chamada é atendida no segundo toque e eu peço à moça que passe para a Zoe. Mas após alguns segundos ela diz que a própria está dormindo. Agradeço e solto um suspiro de frustração.
É coisa da sua cabeça...
Tento dizer a mim mesmo repetidas vezes. Volto ao meu trabalho e encontro a delegacia cheia de repórteres querendo saber mais do sequestro. Eu não estava com cabeça para ouvir nada e muito menos falar, portanto ignoro cada um deles e entro na minha sala. As reportagens estavam em todos os canais, jornais e na internet. Todos estavam curiosos em conhecer o salvador da herdeira Williams. Mas eu não me importava com essa idiotice. Além de ser o meu trabalho, eu estava salvando o amor da minha vida. Portanto eu não deveria ser tratado como um herói e muito menos receber medalha de ouro por isso. Todos na equipe ajudaram, era mérito de todo mundo.
Guardo o arquivo da investigação, para enviar ao juiz quando a Lilian fosse condenada e ouço leves batidas na porta. Autorizo a entrada e me surpreendo ao ver a face do meu pai. Ele está cabisbaixo, envergonhado e sequer consegue me encarar. Com certeza deveria saber que a esposa que ele tanto idealizou era uma mentirosa sem escrúpulos.
_Com licença. - Ele entra na sala - Eu posso conversar com você?
_Sim. Sente-se. - Ele o faz - O que o senhor deseja?
_Eu estou muito surpreso com as notícias que estão repercutindo sobre a minha esposa.
_É difícil dizer, mas é verdade. E ela irá à júri por seus crimes.
_Eu não consigo acreditar que eu vivi tantos anos com um monstro ao meu lado.
_Você estava cego, pai. A sua paixão por ela o impediu de enxergar o ser inescrupuloso que ela sempre foi.
_Eu sinto tanta vergonha e culpa. Eu não acreditei em você e até mesmo fiquei do lado dela, contra o meu próprio filho.
_Isso são águas passadas. Você não precisa se martirizar por não ter acreditado em mim.
_Mas eu preciso me desculpar. Eu deveria saber que independentemente de qualquer coisa, você é o meu filho e me quer bem.
_Sim, pai. - Afirmo - Apesar de sua alienação paternal quando a mamãe morreu, eu nunca nutri nenhum sentimento odioso por você. Eu fiquei com raiva no começo, mas todos nós erramos.

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Sublime Amor
RomanceA vida sempre foi bastante injusta com Zoe Benhama. Abandonada recém-nascida, cresceu em um orfanato sofrendo diversas agressões físicas e psicológicas devido à sua condição. Josh Wander está vivendo o ápice que qualquer um almejaria. Delegado reno...