Capítulo 36 - Loiro escarlate

61 4 0
                                    

BELLDAM STIRLING
POINT OF VIEW;

Reconheci seu rosto palido e gélido na pintura, de olhos fechados, em posição fetal, sangue escorria de seu nariz, boca e até ouvidos, chorei como uma criança quando perde a mãe no supermercado, a diferença é que eu não cheguei a perder a minha porque eu nunca a encontrei.

Eu nunca vou entender por que ele fez isso, nunca

ㅡ Mãe... ㅡ chamei o seu nome, mais uma vez, por mais que ela nao escutasse ou estivesse aqui para responder.

Abracei o quadro, com toda a força que eu conseguia, tentei conter os flashes do assassinato da minha mãe, mas foi impossível, me lembro perfeitamente de ver através de um sonho, meu progenitor a espancando até a morte com um taco de basebol, enquanto eu estava ali do lado no berço, fui brutalmente acordada do meu sono de bebê por aqueles gritos e gemidos de dor que a minha mãe soltava, eu me lembro até hoje, de ve-lá no chão, em seus últimos suspiros de vida, implorando a si mesma para resistir, sua mão se esticou em direção ao berço, mas eu já não estava mais lá, ele também me mataria mas felizmente me tiraram de lá antes.

Eu chorava de soluçar, me sentia a pessoa mais fraca do mundo, uma covarde, por mais que eu não tenha feito nada, além de ter nascido, meu corpo cansado agora tremia sem parar, me perguntei onde estava aquela Belldam forte de sempre, mas ela não estava aqui, justamente quando eu preciso ela não está, naquele momento eu era só uma garotinha órfã, Sentia o ar faltar dentro dos meus pulmões, juntei forças nas pernas e tentei me levantar mas foi em vão, cai sentada no chão.

Caiu em meu colo algumas cartas, com receio abri uma delas e tirei delicadamente o conteúdo de dentro do
pacote, me derreti em desespero ao ver aquelas fotos, minha mãe morta no chão, desfigurada, como no quadro ela estava deitada com a placenta no chão, pisada e esmagada como o seu rosto é seu crânio, oque era ao contrário do sonho que tive e do quadro.

Chorei, chorei o máximo que eu conseguia, senti que em 21 anos estava finalmente pondo tudo para fora, nunca fui tão humilhada em minha vida, estar sentada no chão no território do monstro, vendo as fotos da sua mãe morta e o assasino é o seu pai,

Eu estava fraca, no meu pior momento, com fome, sem energia, sem o jeon, era um conjunto de coisas que me faria perder a guerra, me sentia tão mal por estar sozinha, me humilhando desta forma, chorando sem parar no chão, no território do meu pai, provavelmente ele está assistindo essa merda em algumas das câmeras.

Eu não me reconhecia mais, este lugar é como um purgatório, a magia circula na intenção de te deixar louco, eu estava me autosabotando no chão, talvez se eu tivesse nascido um homem eu seria o orgulho de todos hoje, inclusive do meu progenitor, minha amada mãe estaria viva, tudo seria diferente da forma com quem eu sempre sonhei.

Mas eu sou uma Apocalipse, sou algo indecifrável que se quer consigo decifrar, não sei ao certo se sou a vilã, rebelde, mocinha, insana, depravada.

joguei longe as fotos do cadáver da minha mãe, com toda a certeza se eu visse o resto choraria mais, mas pela minha infelicidade as fotos caíram todas alinhadas, olhei de relance o corpo da minha mãe aberto, seu coração já não batia mais e seu estômago cheio de coágulo de sangue,

Indicando que ela havia tido hemorragia interna, seus cabelos louros, agora sujos e vermelhos devido ao sangue jorrando no chão de mármore branco, mordi os lábios em negação para aquilo que estava vendo, joguei o quadro por cima das fotos, era uma obra de arte de qualquer jeito, infelizmente uma obra de arte trágica, como a maioria.

𝐎 𝐂𝐋𝐔𝐁𝐄 𝐃𝐎𝐒 𝐅𝐄𝐈𝐓𝐈𝐂𝐄𝐈𝐑𝐎𝐒; JEON JUNGKOOK Onde histórias criam vida. Descubra agora