Capítulo VIII Luke

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Eu não podia acreditar que até mesmo ali no hospital, depois de todos aqueles anos os fantasmas do meu passado ainda vinham me perseguir, como um lembrete de quem eu era.

- Nem acredito que é você querido! - ela se curvou sobre mim plantando um beijo em meus lábios, me lembrando que para ela ainda era o mesmo garoto com quem ela pagava para ter sexo.

- Quanto tempo, parece até que faz uma eternidade. - falei me afastando dela, querendo me ver livre daquelas mãos.

- Faz muito tempo mesmo, você sumiu da noite, as pessoas não sabem nem dizer onde você está. - ela respondeu me tocando a todo instante, como se eu fosse sua propriedade ou algo público que poderia ser tocado e cutucado como lhe desse vontade.

- Eu não trabalho mais com isso, sou mecânico agora. - respondi curto e grosso, tirando a mão dele do meu rosto pela segunda vez me esquivando das unhas afiadas.

Eu tinha acabado de insinuar a Monalisa que podíamos ir pra casa e fazer algo, porque eu não conseguia tirar da mente aquela mulher se masturbando e gemendo meu nome.

Mas Jane ter aparecido ali foi um lembrete do universo de quem eu era e de que não deveria chegar perto daquela garota.

- Mecânico? Até mesmo isso você faz ser sexy Luke, seria ótimo poder te ver como nos velho tempos. Podíamos sair o que acha?

Eu olhei para a mão dela, avistando a aliança dourada junto a um solitário, me dizendo que ela era casada e ainda sim frequentava a XXL, saindo com todos os caras que a rica carteira dela podia pagar.

Mas eu não era mais um garoto de programa, não era o adolescente desesperado por dinheiro que recebeu dinheiro para ir para a cama com ela.

- Infelizmente eu não faço mais isso, estou preso nessa cadeira de rodas e não posso nem mesmo dançar como antes. - ouvi Monalisa resmungar, provavelmente querendo me corrigir que voltaria a andar um dia, mas agarrei a mão dela a impedindo de dizer qualquer coisa. - Agora se me der licença, precisamos ir.

- Oh eu sinto muito... - ela começou a falar estendendo a mão para perto de mim, mas por sorte Monalisa entendeu meu desconforto e empurrou a cadeira nos tirando dali.

- Quem era aquela mulher? - foi a primeira coisa que ela perguntou quando alcançamos a parte de fora do hospital.

Mas eu não a respondi, deixei que me levasse até o carro e começasse a dirigir enquanto eu ficava em silêncio, não queria falar sobre Jane ou sobre meu passado.

Eu tinha dezesseis anos e ela já ia a casa há muito tempo, recebia danças minhas assim como os de outros caras e já tinha me oferecido muito dinheiro para ir pra cama com ela.

Até que eu venci Bela pelo cansaço e a convenci a me deixar fazer programas, afinal eu já tinha dezoito anos.

Jane foi minha primeira cliente, foi a mulher com quem perdi minha virgindade, mas não foi apenas isso, ela foi quem me ensinou tudo sobre esse mundo, ela me treinou me ajudando a ficar ainda melhor para as outras mulheres.

Eu estava com dezoito e ela trinta e cinco, não era uma coisa vista com bons olhos por ninguém, mas isso não era novidade para mim, naquela época eu não me importava em ser um boneco nas mãos dela, um brinquedinho de uma madame rica. Eu estava sendo pago para fazer o que a maioria dos adolescentes sofre para conseguir.

Mas hoje em dia tudo era diferente, eu não era mais um garoto desesperado para pagar as contas e colocar comida na mesa. Eu não era mais uma pessoa que ela podia pagar e levar para a cama, mas para ela eu continuaria sendo esse o mesmo garoto de programa morto de fome, para todos eu ainda era um pobre garoto de programa que não merecia nada além de pena.

Seduzindo O Paciente - Retirada 14/12Onde histórias criam vida. Descubra agora