Capítulo XXXIX - Luke

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Sai para correr cedo, quase desisti quando vi Lise dormindo em um sono profundo, não me surpreendia que ela estivesse cansada assim depois da noite de ontem, por isso decidi não incomodá-la, na volta eu compraria os doces que ela mais gosta no café.
A noite de ontem tinha sido mais perfeita do que imaginei que seria, só de pensar no show que demos na XXL meu pau criava vida na calça. Não sei se o fato de nós termos passado tanto tempo longe um do outro, ou se foi o lugar e a situação nos fez pegar ainda mais fogo do que o normal.
Sem falar que era mil vezes melhor transar olhando nos olhos dela, vendo cada mudança em seu rosto, assim como era muito mais intenso estar com uma pessoa que amamos, quem diz que não tem diferença está mentindo, porque eu posso dizer pela minha vasta experiência que faz muita diferença!
— Sorrindo sozinho, senhor. — o segurança do condomínio falou me pegando desprevenido quando eu chegava perto de casa e ele fazia sua ronda.
— Apenas pensando em algo bom Frank, algo muito bom.
— Isso é ótimo, uma pena que não viu sua mãe, tenho certeza que te deixaria mais feliz. — me virei para ele recuando alguns passos para ver se tinha entendido corretamente. — Ela veio fazer uma visita bem rápida hoje cedo.
— Ela veio aqui? Minha mãe entrou no condomínio? — questionei já sentindo meu sangue congelar nas veias assim como meus músculos enrijecendo.
— Sim, ela entrou com a chave da sua irmã, sua mãe, seu pai e mais um homem. Não demoraram muito não, foi coisa de vinte minutos...
Eu não esperei que ele terminasse de falar e corri em direção a nossa casa, as batidas do meu coração estavam descompassadas da mesma forma que meus pés contra o chão, tudo a minha volta parecida ter parado no tempo enquanto eu pedia ao universo para elas estarem bem.
Ava nunca deixaria Karen entrar, muito menos daria uma chave a ela. Alguma coisa estava muito errada nessa história e assim que cheguei na porta de casa tive a certeza.
A porta estava destrancada, nunca deixávamos a porta aberta assim.
— Amor? Lisa? — gritei já correndo para o andar de cima, mas entrei nosso quarto e só encontrei a cama vazia com os lençóis bagunçados, sem nenhum sinal dela no banheiro. — Ava? Lisa? — voltei para o andar de baixo começando a procurar por elas, mesmo sabendo que seria inútil porque a essa altura já teriam escutado meus gritos.
Na sala tinham alguns livros largados e uma xícara derramada no tapete, corri para a cozinha e apenas encontrei uma gaveta aberta e uma fita largada no balcão.
Respirar se tornou difícil enquanto eu imaginava o pior, aquele desgraçado do Ethan com certeza tinha vindo com a cobra da minha mãe, e ainda trouxeram outro homem. As lembranças do que aconteceu com Magie e Ale invadiram minha mente me fazendo pensar em como as coisas poderiam ficar ainda piores.
— Se concentra Luke! Se concentra porra! — gritei comigo mesmo enfiando a mão no bolso e pegando meu celular.
Tinha uma pessoa que podia me ajudar, liguei para Ale desesperado contando tudo e ele me garantiu que não demoraria a chegar com ajuda. Mas as palavras de Kevin vieram a minha mente, ele tinha dito que não precisava de uma arma para matar alguém e mesmo que eu não fizesse ideia do que esse lado sombrio dele significava, talvez pudesse ser útil agora.
— Luke? O que aconteceu? — a voz dele estava ofegante e eu nem queria imaginar o que tinha acabado de interromper.
— Karen apareceu com aquele verme e outro homem, eles levaram a Ava e a Lisa cara, levaram as duas e meu filho enquanto eu não estava em casa porra! — rosnei sentindo a culpa começar a se espalhar em meu peito.
— Calma cara, estou indo para aí! — ouvi o som de algo como algemas ou correntes batendo e ele abafou o som enquanto falava algo. — Já estou a caminho, agora me conta tudo o que sabe, todos os detalhes!
E eu fiz o que ele pediu, contei tudo o que sabia enquanto ele dirigia para cá. Pareceu passar uma eternidade enquanto eu continuava sozinho ali na nossa casa, que tinha o cheiro dela e o toque das duas por todo o lugar.
— Vai dar tudo certo irmão! — ele me garantiu enquanto colocava as coisas que tinha trazido na mesa da cozinha, abrindo dois notebooks e deixando outra maleta no chão.
— Só quero encontrá-las de uma vez. — resmunguei sentindo pânico me tomar enquanto conferia meu celular mais uma vez.
— Elas vão estar em segurança mais rápido do que você pensa. — franzi o cenho ao ouvir Kevin dizer isso e o encarei enquanto ele começava a digitar freneticamente.
— E o que um engenheiro sabe sobre sequestros? — o questionei, mesmo que sentisse que não gostaria em nada da resposta dele.
— Eu não sou um engenheiro irmão, estou mais para faxineiro do estado. — ele respondeu sem me olhar enquanto apertava mais algumas teclas. — Ok, consegui a placa do carro, mas ele foi abandonado há pelo menos meia hora, ao menos isso diminui nosso raio de busca.
— Que tipo de faxina você faz? E como já encontrou a placa do carro?
— Do tipo que você nunca mais vai ter que lidar com o problema novamente. A segunda pergunta, foi fácil invadir o sistema de câmeras do condomínio e encontrei, peguei também uma foto do rosto de um dos homens que estava com ela, estou rodando em um programa de reconhecimento facial, nossa mãe também foi fácil encontrar, os dois tem uma longa ficha criminal. — ele respondeu como se não fosse nada de mais e virou a tela para podermos dar uma olhada. — Tem mais perguntas para fazer ou posso seguir com meu trabalho?
Mas antes que ele pudesse seguir Ale se juntou a nós, com Patrick e Cris junto com ele. Era bom poder ver os dois ali toda a ajuda seria bem-vinda, especialmente a de Cris, que eu sabia ser acostumado a esse tipo de coisa.
— Nós vamos encontrar as duas, Luke. — Ale me garantia enquanto me dava tapinhas no ombro.
Ele melhor ninguém sabia como era estar na minha situação, com uma mulher grávida e sequestrada, no meu caso ainda adicionava minha irmã nas mãos dos filhos da puta.
Ergui minhas mãos rendido e me afastei deixando que Kevin cuidasse de tudo, mesmo que minha mente fervilhasse com um milhão de perguntas, começando com: como ele se envolveu com isso?
Kevin era o orgulho da família, pois foi o primeiro de nós a conseguir entrar na faculdade, ele nunca voltou para casa mesmo após ter se formado, entrou em uma firma e começou a viajar trabalhando em vários lugares, agora eu tinha quase certeza de que nada daquilo era verdade.
Mas eu tinha outras coisas para me preocupar agora, parte da minha família estava desaparecida e isso era o que me importava.
— Pelo menos dessa vez não precisaremos chamar a polícia ou os mafiosos, já que estão todos aqui. — Patrick falou tentando aliviar o clima, mas pela expressão debochada de Kevin ele também não era da polícia.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa meu celular tocou, um número desconhecido preenchia a tela. Kevin foi rápido em arrancar o aparelho da minha mão e conectar ao seu notebook antes mesmo de atender.
No terceiro toque ele aceitou a chamada, colocando no viva voz para poder ouvir também. Os sons de gritos invadiram a linha e meu corpo inteiro travou.
— Lisa? Ava? — gritei me desesperando enquanto o som ficava longe. — Amor?
— Não é ela querido, mas você costumava me chamar assim quando era criança. — a voz da mulher que me deu à luz soou do outro lado. — Você costumava gostar de mim Luke, ao menos até o dia em que me enxotou da sua casa.
— Eu faço o que você quiser, te dou qualquer coisa, por favor, só não faz nada com elas!
— Que bom te ouvir implorando fedelho. — foi Ethan que respondeu, eu não esqueceria aquela voz nunca. Não me importava em implorar, faria isso de joelhos pelo bem-estar delas. — É bom saber que acertamos em cheio pegando às duas... quer dizer três! A barriga dela pode estar pequena, mas já da pra ver.
— O que você quer? Só fale e eu faço! — pedi e ouvi uma gargalhada no fundo da chamada.
— Cem mil reais em dinheiro! E não diga que não tem, porque seus amigos são ricos, sua irmã namorando aquele dono de empresa é a prova disso! — ele gritou não deixando que eu dissesse nada. — Você tem até o fim da tarde para conseguir isso, se não vamos te enviar os pedaços delas e te assistir brincar com o quebra cabeça.
A ligação caiu e eu soltei o ar sentindo meu peito ainda mais apertado, estava pronto para ligar para Stella, quando meu irmão me impediu.
— Consegui localizar a ligação, eles estão em um estacionamento abandonado no centro da cidade, lá é conhecido por viver cheio de moradores de ruas e usuários de drogas. — Kevin me informou mostrando na tela a localização. — Só precisamos tirá-los de perto das duas para conseguir capturá-las sem nenhum problema.
— E eu tenho a distração certa, vamos fingir que temos o dinheiro e marcar o encontro. — Eu concordei com ele mesmo que meus pensamentos só estivessem nas duas enfiadas naquele buraco.
— Não precisamos fingir que temos esse dinheiro, vamos levá-lo de verdade e atrair esses desgraçados até nossa armadilha! — Patrick afirmou me surpreendendo.
— Antes disso temos que pensar um pouco, não faz sentido sua mãe pedir essa quantia de dinheiro sabendo que você não é rico. — foi a primeira coisa que Cris falou, enquanto olhava as telas junto ao meu irmão.
— Ele tem razão, ela pode ser uma vadia burra, mas não a ponto de pedir um resgate absurdo, se eles queriam envolver o Benjamin e o dinheiro dele com certeza teriam sequestrado o Nik ou até mesmo a Stella. — Kevin complementou o pensamento dele.
— Tem mais coisa por trás disso, algo que não estamos vendo.
— O que poderia ser? Quem poderia ter algo contra mim ou contra Lisa? Nos odiando a esse ponto?
Tentei pensar em todos os motivos plausíveis, pessoas do nosso passado, nada fazia sentido, ninguém se encaixava. E aquilo só fez o tempo passar enquanto quebrávamos a cabeça tentando decifrar o motivo do sequestro.
Eu andava de um lado para o outro na sala de casa, Patrick tinha ido arrumar o dinheiro. Cris estava explicando o plano aos seus homens o plano de resgate, quando Kevin se aproximou me entregando o celular.
— É Mia, ela quer falar com você. — ele avisou diante da minha empolgação em atender o celular. — E Stella está vindo para cá, temos que ficar juntos nesse momento.
Respirei fundo sabendo que ele estava certo, mesmo que essa fosse a última coisa que eu faria naquela situação, preferia evitar estressar a todos e causar ainda mais pânico, mas como Lisa mesmo dizia, eu precisava dividir a carga.
— Oi Mia, como você está? — tentei soar o mais tranquilo possível, mesmo que não me sentisse assim.
— Luke! Como você está? Queria poder estar aí com vocês, se ainda não tivesse provas para essa semana tentaria adiantar minhas férias...
— Está tudo bem por aqui Mia, tente se acalmar e não se preocupe com mais nada, não vai demorar para que elas estejam de volta. — passei para ela a mesma confiança que estava tentando enfiar dentro de mim nas últimas horas. — Essa noite estaremos todos reunidos e ligaremos para você, te prometo.
— Tenho certeza que sim. — ela murmurou baixinho e eu pude ouvir o fungar do outro lado da linha. — Eu te amo, amo todos vocês. — antes que eu pudesse responder ela já tinha desligado.
Encarei o celular do meu irmão, vendo o contato aberto que me dizia que ele havia ligado para ela, provavelmente não querendo deixá-la de fora das notícias. E levando em conta o quão unidas ela e Ava são, isso era o melhor a fazer.
— Vai dar tudo certo, Luke. Eles não vão ganhar essa, sei disso porque já encarei vários sequestros e salvar reféns também faz parte do trabalho.
— Queria saber que trabalho é esse, quando você mudou de engenheiro promissor para assassino, espião, ou sabe se lá o que. — murmurei sem forças para continuar questionando ele, mas, ao mesmo tempo agradecia pela distração.
— É uma longa história, prometo que quando tudo isso acabar conto para você. Como você mesmo disse logo estaremos todos reunidos!
Stella não demorou a chegar com Benjamin e Nik, eu tinha ligado e chamado Nona e Brian, mesmo sabendo que seria difícil conter a todos com aquela notícia ruim, mas estar reunido com eles, me dando apoio, me ajudou muito a manter a sanidade enquanto esperávamos por contato.
— Eu não entendo porque ela faria isso, da última vez que vi nossa mãe perguntei se ela queria ir para a reabilitação e até de morar conosco. — Stella balançava a cabeça inconformada enquanto conversávamos.
— Mas você lembra o que ela disse? Que eles já tinham um plano de futuro e que uma antiga namorada de Luke iria ajudá-la. — Benjamin a lembrou.
— Que antiga namorada? Eu nunca namorei na vida, Lisa é a única mulher que mantive ao meu lado por mais de uma noite. — aquilo poderia fazer sentido na cabeça doente de Karen, mas não fazia o menor sentido para mim. — Só pode ser mais uma das mentiras dela!
— Pensei Luke, pense em todas as mulheres que já demonstraram um interesse grande em você, que se mantiveram na sua vida. — Nona pediu apertando as mãos uma contra a outra enquanto me encarava om os olhos cheios de lágrimas. — Uma mulher que goste de você.
— Alguém obcecada por você e que tenha dinheiro. — Kevin entrou na ideia dela. — Se soubermos quem está por trás da nossa mãe poderemos acabar com isso de uma vez, não podemos deixar a solta quem quer mal a nossa família. Então tente buscar na sua memória, uma mulher do seu passado, que ainda quer algo com você.
Sacudi a cabeça em negação porque não vinha ninguém a minha mente, ninguém em quem eu conseguisse pensar. Meu cérebro funcionava em uma velocidade absurda enquanto eu me forçava a lembrar de todas as mulheres com quem tive contato nos últimos meses. Então um rosto passou por minha mente.
— Só tem uma pessoa, mas não pode ser, ao menos não faria nenhum sentido mesmo que ela seja do meu passado e tenha dinheiro suficiente para enrolar nossa mãe... — respirei fundo quando a lembrança da insistência dela para transarmos novamente passou em minha mente. — E ela quis algo comigo quando nos encontramos recentemente.
— Então a mulher se encaixa em tudo. Eu só preciso de um nome, Luke. Um nome e vamos acabar com essa merda!

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Oiê pessoal, desculpem o sumiço. Vou colocar a história toda de Luke e Monalisa aqui, também já está completa na Amazon ❤️❤️

Seduzindo O Paciente - Retirada 14/12Onde histórias criam vida. Descubra agora