Minha cabeça latejava e eu ouvia vozes misturadas, sons estranhos a minha volta. Fiz um esforço colossal para abrir os olhos minimamente e a primeira coisa que vi, foi Ava a minha frente.
A imagem dela estava embaçada, mas eu a reconheci mesmo assim e consegui identificar as mãos atadas pela fita, assim como os pés. Meus olhos arderam e eu tentei me mexer no lugar, sentindo algo apertado restringindo meus movimentos.
Nem isso atraiu a atenção de Ava, que não parecia nem ter percebido que eu estava acordada já que estava focada no homem que se movia em sua direção.
— Ava! — gritei chamando a atenção dos dois, o homem se virou na minha direção e eu precisei respirar fundo.
O cheiro azedo e podre invadiu minhas narinas, fazendo meu estomago embrulhar. Não sabia se sentia mais nojo pelo homem na minha frente ou pelo cheiro a minha volta.
As lembranças do que tinha acontecido voltaram com força total, tínhamos sido sequestradas por Ethan, eles invadiram nossa casa amarraram Ava até eu aparecer e me levaram também, isso explicava a dor na minha cabeça, me atingiram para me apagar.
— Até que enfim a vadia grávida resolveu acordar! — Ethan falou abrindo um sorriso asqueroso, fazendo um arrepio gelado subir por minha coluna.
— Lisa, você está bem? Está sentindo alguma coisa?
— É claro que ela está bem. — ele tomou a frente, respondendo antes mesmo que eu pudesse abrir a boca. — Não fizemos nada com ela, ao menos não ainda. — o nojento lambeu os lábios encarando meu corpo.
Respirei fundo pelo nariz mais uma vez, querendo controlar a ânsia de vômito, mas o cheiro dominou meus pulmões e fez exatamente o oposto. Só tive tempo de virar minha cabeça para o lado antes de colocar todo o conteúdo do meu estomago para fora.
— Lisa! — Ava gritou enquanto meu corpo continuava a forçar a comida para fora. — Ela precisa de ajuda! Precisa de água seu verme!
— Cale a boca garota! Vou chamar sua mãe e ela que resolva com vocês. — ele saiu do cubículo resmungando e a lona preta tampou nossa visão do lado de fora.
— Lisa vem aqui, deixa eu te tirar do meio dessa sujeira. — Ava pediu se esticando o máximo que conseguiu e me estendeu as mãos, mesmo com os punhos amarrados pela fita ela agarrou minha mão e me puxou enquanto eu me arrastava até estar do lado dela. — Você está bem? O que está sentindo? Ficou tanto tempo desacordada que eu já estava com medo de que algo pior pudesse ter acontecido.
Ver o desespero dela e o espanto nos olhos doces me deixou mal, depois de tudo o que ela tinha passado nos últimos meses, isso era a última coisa que ela precisava agora.
— Eu estou bem, não se preocupe. Foi só o enjoou com esse cheiro e ter de olhar na cara daquele verme. — tentei tranquilizá-la enquanto tentava ver melhor o corpo dela. — Mas como você está? Fizeram alguma coisa com você?
— Estou bem, eles só... nos jogaram aqui.
— Sabe onde estamos? Viu o caminho que eles fizeram para nos trazer até aqui? — perguntei analisando as paredes imundas a nossa volta, tentando identificar algo, mas não dava para ver nada ali só as paredes escuras cobertas de sujeira assim como o chão.
— Não vi o caminho, mas sei que estamos em um estacionamento no centro, é um lugar abandonado cheio de viciados e pessoas barras pesadas, não me surpreende que aquela mulher conheça o lugar tão bem, levando em conta quem ela é deve ter formado esse lugar. — ela abriu a boca contando tudo de uma vez. — Karen, Ethan e outro babaca grandão nos tiraram de casa. Pelo que ouvi eles querem dinheiro, até o fim do dia Luke tem que arranjar cem mil ou eles vão nos matar.
— Luke? Você falou com ele?
— Não, não me deixaram falar com ele, Karen foi quem ligou para ele e Ethan fez as exigências, o outro brutamonte só fica vigiando mantendo aqueles olhos nojentos em nós duas.
Eu não conseguia nem imaginar o quanto Luke deveria estar enlouquecendo nesse momento, chegar em casa e não nos encontrar e depois receber uma ligação exigindo uma quantia de dinheiro que ele não tinha. A aflição e medo, o desespero, eu só podia torcer para que ele não começasse a se sentir culpado como sempre fazia, colocando todo o peso do mundo sobre seus ombros, e que não tentasse me afastar novamente jurando que seria para o meu próprio bem, eu não aguentaria isso de novo.
— Vamos ficar calmas e confiantes, seu irmão já deve ter conseguido o dinheiro. — tentei passar confiança a ela e segurei a cabeça dela contra o meu ombro da melhor forma que consegui com as mãos amarradas.
A verdade é que Luke daria um jeito, eu confiava cegamente nele e em seu instinto protetor, estava na natureza dele proteger todos os que amava e agora não seria diferente, ele roubaria um banco se fosse preciso para conseguir o dinheiro do resgate.
Não demorou para que Karen aparecesse com a expressão de poucos amigos, a testa franzida e os olhos semicerrados.
— Então a vadia acordou já causando bagunça. — ela resmungou olhando para a poça de vômito a minha frente. — Deveria ter te matado de uma só vez, teria me poupado todo esse trabalho e eu já poderia estar bem longe daqui!
— Luke vai conseguir o dinheiro Karen, deixe Lisa em paz! — Ava correu em minha defesa antes mesmo que eu pudesse abrir a boca.
— Pro bem dela é bom que ele consiga, estamos dando essa chance a ele só por causa do bebê. — ela falou com uma firmeza que gelou meu corpo e me fez prestar atenção ainda mais nas palavras dela. — Se não estivesse grávida coisinha eu teria aceitado a outra proposta e acabado com você, Deus sabe que você não merece Luke depois de ter se jogado em cima meu homem, mas não poderia matar meu neto.
Precisei engolir as palavras que queria jogar na cara daquela maluca e precisei segurar Ava mais firme, quando ela se sacudiu ao meu lado após ouvir como eu era a vadia querendo o homem dela. Brigar com Karen não iria nos ajudar, precisávamos fazê-la falar.
— Entendo que queira me matar e vai me poupar pelo seu neto. Mas vai matar sua própria filha? O que acha que isso fará com Luke e com seus outros filhos?
Não sei o que nas minhas palavras pode tê-la irritado, mas a mulher marchou em minha direção e acertou um tapa em meu rosto que fez minha cabeça virar para o lado.
— Não fale dos meus filhos! Não aja como se você uma mãe perfeita e eu a bruxa má aqui! — ela gritou me encarando por um instante antes de desviar os olhos para Ava. — Eu sempre amei meus bebês, por isso os deixava porque sabia que não era boa para eles.
— Você nunca amou ninguém além de si mesma e das drogas! — Ava gritou erguendo o queixo e encarando a mãe. — Sempre nos abandonou, trazia os babacas com quem transava para dentro de casa, assim como as suas merdas! Acha que nenhum de nós te viu usando drogas? Ou trepando pela casa? Luke e Stella tinham que manter os olhos em todos nós para não acabar vendo o pior, enquanto eles aguentavam tudo.
— Não grite comigo mocinha, você não tem esse direito! Não sabe o que eu passei nessa vida, tudo o que sofri! — ela gritou de volta, parecendo soltar dardos pelos olhos, mas Ava não se intimidou.
— Eu não tenho que saber o que você sofreu, tudo o que eu preciso saber é que meus irmãos nos criaram e deram amor, educação, tudo o que eles não tiveram. E ainda te amaram apesar de tudo, te internaram várias vezes e tentaram de tudo para te ajudar até você desaparecer há dez anos!
Ava finalmente pareceu atingir o ponto com ela, Karen deu alguns passos para trás como se tivesse sido atingida por um soco no estômago.
— Vamos embora! Já chega dessa merda de mãe e filha. — Ethan reclamou e a agarrou pelo braço, a sacudindo e parecendo trazê-la de volta a vida. — Bata na fedelha e vamos agora!
— Você só está aqui por culpa dela! — Karen afirmou apontando o dedo para mim. — Encomendaram a morte dessa vadia, não era para você estar naquela casa, ela era o alvo e não você, então antes de tratá-la como uma saiba que ela é a culpada!
— Cala a boca mulher, você já falou de mais! — Ethan a puxou para fora antes que ela conseguisse falar mais alguma coisa.
Mas eu fiquei ali tentando encontrar um motivo para terem encomendado a minha morte. O que eu podia ter feito de tão errado para provocar alguém a esse nível?
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Seduzindo O Paciente - Retirada 14/12
RomanceMonalisa sempre batalhou por tudo na vida, desde que perdeu os seus pais bem cedo ela cuida do irmão com a ajuda da Nona e faz de tudo para não lhe faltar nada. É por isso que ela aceita sem pensar o novo trabalho, mas não esperava que seria enferme...