Capítulo I - Monalisa

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Era isso, eu estava completamente lascada, tinha chegado no fundo do poço e não sabia como ia sair. Minha demissão seria o meu fim, mas aquele velho desgraçado tinha que arrumar uma desculpa para me colocar para fora do hospital, só porque não aceitei suas cantadas nojentas.

Eu não era a pura e recatada, mas quando eu disser não é não e ponto final. Não me interessa se ele é o rei da porra do mundo, o dono do hospital ou do inferno, nenhum homem me tocaria contra a minha vontade.

Mas agora tudo o que passava na minha mente é que eu não podia ficar sem emprego, com a casa hipotecada, um adolescente, uma senhora de idade, o carro quebrado, sem falar nas contas do dia a dia. Meu irmão e Nona contavam comigo, eu não podia decepcioná-los.

— E agora, o que eu vou fazer, Kate? — reclamei com minha amiga enquanto juntava todas as minhas tralhas que estavam jogadas pelo hospital. — Ai meu Deus, vou enlouquecer assim! Vou ter que vender meu corpo pra pagar as contas desse jeito.

— Sabe que posso te indicar para o amigo do John. — ela disse abrindo um sorriso diabólico.

— Ahh claro, o velho maluco que grita com todo mundo e manda todas as enfermeiras embora em dois dias? — apontei os fatos, pelo menos cinco enfermeiras já tinham tentado ficar com esse trabalho, mas o homem simplesmente torna impossível. — Fala sério Kate, preciso de uma solução de verdade.

— Mas eu estou falando sério, Mona. O pagamento é ótimo, você vai ficar na casa dele o dia inteiro, ajudar nas sessões de fisioterapia, garantir que ele coma, saia da cama, tome um sol. — ela deu de ombros como se não fosse nada. — Não é tão difícil assim, o homem está em uma cadeira de rodas, que trabalho ele vai te dar?

— Quer mesmo que eu diga? Ele colocou cinco garotas aqui do hospital para correr.

— Isso faz parte amiga, chefes escrotos tem em todo lugar. — ela se levantou da cadeira e me estendeu o celular mostrando o contato. — Você só precisa escolher qual vai ser, um que você pode ignorar as grosserias e deixar trancado em um quarto, ou o que vai te perseguir pelo hospital e te demitir na primeira chance.

Olhei para a cara da minha amiga, o sorriso presunçoso com aquele sorriso perfeitamente alinhado e branco, contrastando com a pele negra. Kate era um tremendo de um mulherão e sabia muito bem disso, por isso não se abateu com minha expressão de desgosto, apenas continuou com o celular estendido.

— Ok! Está bem, eu vou tentar. — me dei por vencida e anotei o número. — Mas se esse cara chutar minha bunda eu juro que vai sobrar pra você!

— Tenho certeza que você vai descobrir como dobrar o Luke. — Kate se sentou com um sorriso esquisito, como se estivesse tramando algo.

Mas eu não tinha tempo para isso agora, precisava ir embora e falar o mais rápido com esse tal de John, que aparentemente era o responsável pelo velho ranzinza.
Ainda tinha que dar a má notícia a Nona, mas se tudo desse certo ainda hoje eu teria um novo emprego.

Sai do hospital direto para o ponto de ônibus carregando a sacola enorme com tudo o que costumava deixar ali no hospital, o lugar onde trabalhei desde que me formei, onde dei meu sangue para fazer uma carreira e ser reconhecida, minha segunda casa.

Mas bastou mudarem o chefe para que meus problemas começassem. Para ele eu era nova de mais, burra de mais, bonita de mais. Tudo em mim era um problema para ele, até que o babaca começou a jogar cantadas nojentas sobre como eu estaria melhor na cama dele, como seria um ótimo médico e mediria minha pressão de todas as formas, como eu melhoraria de ficasse um tempo em baixo dele, entre outras coisas de revirar o estômago.

Infelizmente não consegui me livrar dele, mesmo denunciando para a direção do hospital por assédio. A resposta que tive foi que era apenas piadas entre amigos e nada mais.

Seduzindo O Paciente - Retirada 14/12Onde histórias criam vida. Descubra agora