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Aidan Gallagher

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Aidan Gallagher

             Amanhã, Eleanor se muda para minha casa. Ainda me soa estranho pensar nisso, mas não há outra escolha. Ela não tem outra escolha. A verdade é que minha noiva não passa de um peão em um jogo que nem sequer deveria estar jogando. Ela aceitou esse casamento para salvar o pai, e ele, como se nada tivesse acontecido, continua se afundando em dívidas de jogo. Isso me revolta mais do que deveria.

             — Que ótimo que ela aceitou. Assim, seu pai para de te pressionar — meu tio comenta, com um sorriso quase satisfeito. — Peço que trate bem a Eleanor, tá? Ela é uma ótima garota.

              — É impressão minha ou você quer cuidar dela?

Meu tio hesita por um segundo, um lampejo de dúvida passando pelo seu olhar antes de se recompor.

            — Não quero "cuidar" dela — ele faz aspas no ar —, mas confesso que tenho um carinho especial.

            — Carinho especial? O que isso significa? — Ele está prestes a responder quando a porta se abre e meu pai entra na sala. O ambiente se torna instantaneamente mais pesado. — Oi, pai.

          — Que animação, Aidan. Só vim avisar que já estou indo para o hotel. Até amanhã.

           — Até amanhã — digo, e observo enquanto ele sai sem ao menos esperar por uma resposta minha. Minha mandíbula se contrai. Solto um suspiro e encaro meu tio. — Viu só? Por isso me recuso a voltar para o Canadá.

Ele apenas balança a cabeça, como se já esperasse essa reação.
          Minha relação com meu pai nunca foi de afeto. Nunca houve demonstrações de carinho, conversas casuais ou momentos de proximidade. Só cobrança. Desde pequeno, ele me ensinou que sucesso vinha antes de qualquer coisa. Antes da família. Antes de sentimentos. Antes de mim. Quando aceitei seguir carreira na empresa, achei — tolo que sou — que isso nos aproximaria. Que finalmente teríamos algo para compartilhar. Mas nada mudou. E agora, morando longe, percebo que talvez nunca vá mudar.

           — Seu pai sempre foi assim — meu tio murmura.

Sorrio, mas é um sorriso seco, vazio.

         — Desde sempre — confirmo, pegando minhas coisas e me levantando. — Tenho que ir. Vou pedir para Marie preparar o quarto de Eleanor.

           — Sua noiva, Aidan. Vocês deveriam dormir juntos. — Ele ri, divertindo-se com minha impaciência.

            — Haha. Muito engraçado. — Reviro os olhos e aperto sua mão. — Boa noite, tio.

           — Boa noite, filho.

           No estacionamento, entro no carro e sigo para casa. Mas a frase dele ainda ecoa na minha cabeça. "Tenho um carinho especial." O que ele quis dizer com isso? Meu tio nunca se envolve em nada sem um propósito. Esse cuidado com Eleanor… Parece mais do que apenas empatia pela situação dela.
         Mais 10 minutos dirigindo e já estou no meu apartamento, assim que entro em casa me jogo no sofá respirando fundo, hoje terei que ficar acordado até mais tarde para continuar meu projeto que está indo muito bem por sinal, mesmo eu tendo a impressão que falta algo.

     — Boa noite, senhor Gallagher. — Diz Marie minha empregada. — O senhor quer comer alguma coisa?

    — Não, obrigado. Marie, limpe o quarto de hóspedes, dê uma organizada. Amanhã teremos uma nova moradora aqui.

    — Sua noiva? — Assinto — Por que o quarto de hóspedes?

    — Ela é do tipo que leva a sério "só depois do casamento".

---

Dia seguinte

           O som do despertador explode no escritório, me arrancando de um sono inquieto. Abro os olhos lentamente e percebo que dormi sobre meus papéis outra vez. Minha coluna dói, meu pescoço está travado e meu corpo inteiro protesta quando me mexo. Resmungo e passo a mão pelo rosto, tentando afastar o torpor. Preciso tomar um banho. A água gelada me desperta, mas não afasta a sensação incômoda no fundo da minha mente. Hoje, Eleanor se muda para cá. Ela não quer estar aqui. Eu também não queria que isso fosse necessário. Mas é.
        A campainha toca.
      Respiro fundo terminando de né vestir antes de descer as escadas. No hall de entrada, encontro Eleanor e Ariel conversando com Marie.

             — Bom dia — digo, minha voz ainda um pouco rouca pelo sono.

            — Bom dia. Chegamos cedo demais? — Eleanor pergunta, hesitante.

          — Não, até melhor que já estão aqui. — Viro-me para Marie. — O quarto de hóspedes está pronto?

          — Sim, senhor. — Ela assente e, em seguida, lança um olhar curioso para Eleanor. — Com licença, tenho serviço na cozinha.

Assim que ela sai, me volto para Eleanor e Ariel. Seu nervosismo é evidente. Ela veste uma calça preta e uma camisa de manga longa azul, combinada com o típico tênis branco que parece ser sua marca registrada. Mas o que mais me chama a atenção são suas mãos — os dedos apertam a alça da mala como se fosse um escudo.

          — Trouxe três malas — ela diz baixinho. — Duas de roupas e essa pequena com minhas outras coisas.

       — Venham, eu mostro onde fica o quarto.

       — Na verdade, eu já tô de saída. — Explicou Ariel. — Tenho grupo de estudos, preciso ir. Se cuida, amiga.

Ela e Eleanor se abraçam se despedindo, abro a porta para Ariel que antes de sair me lança um olhar ameaçador. Enfim, volto minha atenção a minha noiva. Dou um passo à frente, tentando suavizar a tensão entre nós.

          — Relaxa, tá? Sei que pode ser estranho, mas quero que se sinta bem aqui. — Seguro seu olhar. — Farei o possível para que fique confortável nesse apartamento.

Ela desvia o olhar por um instante, respirando fundo antes de soltar:

          — Eu só… morar com alguém que não seja meu pai é muito estranho. E me incomoda um pouco.

Seus olhos não mentem. O desconforto está ali, claro como o dia. Mas há algo mais. Medo, talvez?
       E é nesse momento que percebo. Ela não está apenas desconfortável com a ideia de morar comigo. Ela está desconfortável com o que isso representa. Estar longe de casa. Longe do pai. E, por mais que eu saiba que isso é o melhor para ela, parte de mim entende esse conflito.

          — Me desculpa por te fazer passar por isso — murmuro. — Posso?

Ela hesita por um segundo, mas então assente.
       Quando a envolvo em um abraço, sinto seu corpo tenso contra o meu. Mas, pouco a pouco, ela relaxa. Suspirando baixinho, como se estivesse deixando um peso para trás. Não digo nada, apenas deixo um beijo leve em seu ombro. Um gesto quase instintivo. Algo que não planejei, mas que me parece certo.

Ela não recua, pelo contrário, ela aperta o abraço.

Pela primeira vez, Eleanor se permite ceder um pouco.

Faltam 23 dias.

Faltam 23 dias

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